I just haven't met you yet

9º Capítulo- Sorri, a noite ainda agora começou

Respirei fundo naquela tarde.

 Aquela expulsão não era suposto ter acontecido. Eu queria que parecesse real, mas não queria magoar Bill e achava que tinha deixado os meus sentimentos virem ao de cima durante uma gravação. Nunca podemos fazer isso.

Mas quando me recompus, procurei o mesmo com o olhar, e este encontrava-se a conversar com Mary alegremente. Afinal não lhe afetou… Um suspiro de alivio foi lançado pela minha pessoa enquanto senti duas pessoas a aproximarem-se de mim. Olhei para todo o lado, tentando pensar numa maneira de limpar o cenário mas acabei apenas por apanhar o telemóvel que se encontrava caído no chão e coloca-lo em cima da mesa de cabeceira, saindo de seguida do mesmo para encontrar os dois rapazes que tinham vindo na minha direcção a minha espera.

- Estás bem?- John perguntou.- Aquilo foi tudo muito intenso- Taylor apenas concordava com a cabeça.

- Sim, está tudo bem. Obrigada pela preocupação.

- Não tens de agradecer.- Taylor falou.- Nós estamos aqui para ti.

Recordo todo aquele dia como o começo de uma série que até agora tem sido um sucesso, e por isso, apesar de termos começado a relativamente pouco tempo, fomos convidados para uma cerimonia de prémios, nomeados para a categoria de “Série para ver”. Mary ligou-me a contar a noticia. Ultimamente, Bill insistia imenso para ir comigo a todas as gravações com o intuito de me apoiar se eu precisasse de algo. Fiquei bastante agradecida e pensei durante uns tempos, que esta era a sua maneira de se aproximar de mim e demonstrar arrependimento pelo que tinha feito mas mal chegava, após uma troca breve de palavras a sua atenção era dirigida, total e completamente a Mary. E nesses momentos, John e Taylor vinham ter comigo o que me deixava totalmente aliviada.

Havia momentos, escassos momentos, onde apenas me sentava na cama do meu quarto e pensava no quanto a minha vida tinha mudado. De um momento para o outro, deixara a minha cidade, deixara os meus amigos para trás( alguns que não tinham feito o mínimo esforço para manter o contacto), deixara tudo. Em busca de um sonho. Em busca da vida que queria viver. Em busca de algo incerto. Ou apenas estaria a fugir daquilo que poderia chamar a minha zona de conforto? Não… Eu estava decerto a fugir daquilo que para mim era monótono, e um monótono bastante mau. Aquele era um desses momentos.

Os meus pensamentos foram interrompidos pelo telemóvel a tocar, e sem qualquer pressa, atendi, nem dando ao trabalho de verificar quem era.

-Sophie- ouvi a voz do moreno e algum barulho de fundo.- Estás pronta?

- Pronta?- de algum modo, uma luz apareceu no fundo da minha mente e eu lembrei-me que a cerimónia era hoje.- Não, fogo, Taylor esqueci-me completamente.

- Eu sabia que ela se ia esquecer.- ouvi do fundo- Cala-te John, estamos aí em 1 hora pode ser?

- Claro, claro… hã? Uma hora… Okay Okay- ouvi risos do outro lado.

- Até já.- Desliguei e comecei a andar pelo quarto a pensar o que iria vestir. Abri o roupeiro, e tirei umas calças.

- Não.- atirei as para a cama e peguei num vestido florido- Nem pensar.- atirei o para trás e peguei num casaco preto- Nem vou comentar.- Começava a desesperar quando bateram a porta e eu gritei “entre”, talvez alto de mais para Sra. James que levou com uma camisola mesmo nos braços. Virei-me de rompante ao sentir a sua presença.

- Eu… Eu peço imensa desculpa! Peço mesmo muitas desculpas é só que hoje- respirei fundo- Hoje é uma noite muito importante e eu não tenho o que vestir sabe? Para a cerimónia de prémios- Eu tinha contado a amável senhora mal recebi a notícia dando-lhe um abraço de seguida.- Eu- sentei-me na cama- Apenas… Vou resolver isto.- Comecei a chorar, eu não queria faze-lo e limpei furiosamente a lágrima que saiu sem eu estar a espera.

- Não chores pequenina- pediu- Espera aqui um minuto- E assim, saiu, deixando me completamente sozinha e entregue aos meus pensamentos. Eu estava a desmoronar por dentro a cada segundo que passava ao lembrar-me da vida que tive. Ao lembrar-me que vim em busca de uma vida melhor completamente sozinha. Sozinha porque os meus pais recusaram-se a aceitar o meu sonho. Sozinha, sem qualquer estrutura emocional. Sozinha e completamente exausta, neste momento. Sra. James entrou minutos depois com uma caixa na mão, e após fechar a porta, sentou-se na minha cama. Mesmo a minha frente, com a caixa entre nós.

- O que se passa miúda? – Perguntou, e eu apenas abanei a cabeça, não conseguindo falar com as lágrimas a caírem a cada minuto que passava. Os meus pais. Os meus pais.- Bom… Não chores mais está bem? Hoje é uma noite especial…- Olhei para ela e limpei as lágrimas.- E requer uma roupa especial.

A caixa foi aberta dando visão para um vestido amarelo, e uma bolsa de mão preta. Estendi-o na cama e abracei Sra. James. Não fazia ideia de quando ela teria comprado este conjunto mas era sem dúvida lindo e eu não pude deixar de admirar as duas peças que pareciam combinar perfeitamente.

O som de um carro fez-me despedir da senhora amorosa, que tivera o privilegio de conhecer. Quem diria num milhão de anos, que iria encontrar alguém assim nos meus tempos mais confusos, tristes e de certo modo empolgantes?

Entrei na limusina, e todos os companheiros de elenco se encontravam perfeitamente instalados, saudei-os com uma taça de champanhe na mão.

- Brindamos a..?- perguntei, enquanto Mary me dava uma taça também.

- A uma noite inesquecível- Taylor propôs. E todos chocamos as taças com um desejo de que, sim, fosse uma noite inesquecível.

Apenas em uma semana, apercebi-me que as gravações eram sempre o momento em que nos conhecíamos melhor. As vezes era necessário uma tarde inteira para gravar um simples episódio e, por outro lado, havia cenas que se realizavam em simultâneo, todas no mesmo dia. Dias em que almoçávamos todos juntos no café da frente, e seguíamos novamente para as gravações. Uma vez faltou a luz no estúdio, e foi simplesmente ridículo a maneira como todos reagíamos, como se tivéssemos ganho a lotaria.

Era um trabalho gratificante para a alma e para o ser em si.

Todos se ajeitaram quando começaram a ouvir gritos e flashes. A porta foi aberta e John saiu primeiro, dando a mão a Mary para sair em seguida. Taylor seguiu o ritual e deu-me a mão ajudando me a sair. Eu apertei o seu braço com força, nervosa por toda aquela atenção dirigida para mim.

Sorri, embora sentisse os meus lábios a tremer e as minhas pernas a quererem ceder a qualquer momento, e deixei Taylor guiar-nos para um local de fotografias. Percebi que estávamos por “ casais” como na série.

A mão do moreno, viajou para a minha cintura, e eu coloquei a minha no seu ombro, sorrindo ,assim como todos de seguida. Senti também a mão de John nas minhas costas enquanto as esfregava ligeiramente.

Observei , um carro a parar mesmo atrás de nós, dando início a uma serie de gritos por parte das adolescentes.Quem será?