CAPÍTULO 07

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— Ainda prefere o Barão Louco à minha companhia?

Aquela pergunta fora a gota d'água para Amelia. Toda a raiva e indignação que guardara dentro de si desde aquela fatídica noite vieram à tona. Noah não havia interferido, não havia argumentado, não havia feito absolutamente nada! Mesmo que fosse necessário calar a Sra. Beatherington de forma drástica, ele deveria ter tomado alguma atitude!

— Pelo menos ele não faz as coisas por obrigação! — retrucou ela, a voz carregada de ressentimento.

Noah franziu o cenho, a paciência se esgotando. — Não estou sendo obrigado a nada! — respondeu, elevando o tom.

Amelia soltou uma risada amarga. — Fala sério! Um duque como você, que pode se casar com a mulher mais bela de Londres e ainda ter todas as amantes que desejar, de repente olha para mim, uma mulher praticamente invisível e tão diferente das damas com quem está acostumado a se envolver, e se apaixona perdidamente? Me poupe!

Os olhos de Noah se estreitaram. — Primeiro de tudo, eu tive culpa daquele acidente. Não deveria ter permanecido atrás de você, tampouco ficado sozinho em um lugar onde não poderíamos ser vistos. Segundo, o que exatamente você queria que eu fizesse? Mandasse matar a maior fofoqueira de Londres? E terceiro e último, como uma dama como você sabe dessas coisas que acabou de mencionar? — a raiva em sua voz era evidente, e ele a fitava com uma intensidade de tirar o fôlego.

Ela cruzou os braços, implacável. — Conhecimento é poder, meu caro duque. É por isso que leio meus livros! Além disso, as fofocas sobre sua reputação de libertino correm soltas por toda a cidade. Apenas lhe peço uma coisa: quando nos casarmos, seja discreto ao sair com suas amantes. Não quero ser alvo de chacota novamente.

Noah a encarou, sentindo uma faísca de algo desconhecido dentro de si. — Para seu conhecimento, rompi com Claire esta manhã, pouco antes de ir à sua casa. Jamais manteria uma amante estando casado. Não quero causar essa dor à minha esposa, seja ela quem for!

Amelia piscou, surpresa, mas rapidamente recobrou a pose. — Eu não sou sua querida! E que maravilha saber que preferiu ver sua amante antes de me visitar. Isso realmente me alegra. — O sarcasmo escorria de cada palavra. — E sim, você deveria ter feito algo naquela noite, nem que fosse estrangular a Sra. Beatherington!

O riso de Noah ecoou alto e despreocupado. Algo nele lhe dizia que seria fascinante ser casado com a senhorita Campbell. Acabara de descobrir um novo passatempo: provocá-la.

— Só você mesmo, minha querida Mel, para sugerir algo tão audacioso!

— Já disse que não sou sua querida! Seu libertino palerma!

Noah sorriu, desafiador. — Me chame assim novamente e veremos se não a beijo aqui mesmo.

— Eu não... para que eu iria querer beijar um libertino babaca como voc...

Ela não teve tempo de terminar a frase. De repente, sentiu os lábios macios de Noah pressionarem os seus. O choque inicial fez com que seu corpo congelasse, mas logo cedeu, permitindo que ele aprofundasse o beijo. Sua língua explorou sua boca de forma delirante, e antes que percebesse, suas mãos se enroscaram na nuca dele, puxando-o para mais perto. Noah segurou sua cintura, aproximando-a com firmeza e, quando rompeu o beijo, ainda mordiscou levemente seu lábio inferior.

— Nunca duvide de minhas palavras, senhorita. — A voz dele estava rouca, carregada de uma promessa não dita. — Acho melhor irmos. Minha mãe e minha irmã desejam muito conhecê-la.

Ainda tentando recuperar o fôlego e processar o que havia acabado de acontecer, Amelia aceitou a mão que ele lhe oferecia e subiu na carruagem. Um novo temor se instalou em seu peito: conhecer sua futura sogra e cunhada. Ela sequer percebeu quando Noah lhe informou que haviam chegado ao destino.

Distinta FaíscaOnde histórias criam vida. Descubra agora