CAPITULO VINTE E TRES

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—Lucas —

Quando cheguei no chalé, passava um pouco da meia noite. Abri a porta, e Romeu apareceu por ali, dando as costas em seguida, como todo gato faz, tipo, "ah, é só você, humano", a luz do abajur do cômodo embaixo da escada do meu quarto estava acesa, e no sofá, Cher estava dormindo segurando uma espécie de caderno nas mãos, — provavelmente dormiu escrevendo —, subo até meu quarto, coloco meu case do violão na cama, e minha mochila, e desço as escadas novamente, entrando sala em baixo do meu quarto. Cher continuava na mesma posição, me agachei pegando seu caderno, e vi que era um diário. Mas não li, diários são coisas muito pessoais, eu tenho os meus, e me sentiria exposto se alguém os lesse sem minha permissão. Coloco seu diário no bolso de trás da minha calça, me agacho e pego-a no colo, levando-a para seu quarto. Deito ela na cama, e ligo o abajur, para ver melhor as cicatrizes do seu rosto, tinha um curativo, com três pontos branco na testa, que estava um pouco roxo, e parte de cima da sua bochecha estava ralada, pouca coisa, mas estava. Balanço a cabeça. — Mas de quem foi a idéia de andar de esqui? Você mal fica em pé em patins numa pista de gelo, imagina num esqui? — Me inclino e beijo sua testa. Ela aperta os olhos, e os abre devagar.

— Você chegou... — Sua voz estava cheia de sono.

— Durma, anjo. — Tiro uma mecha cabelo de seu rosto. — Conversamos, amanhã. — Seguro a mão dela, beijo e me levanto.

Estou me preparando para soltar sua mão, e ela segura a minha.

— Fica... — Prendo a respiração. — Só um pouco, não precisa dormir aqui se não quiser... apenas fique um pouco.

— Tem certeza? — Ela coça o olho sonolenta, e concorda com a cabeça. — Eu fico então. — Tiro meu tênis, e coloco seu diário em cima da escrivaninha, e deito ao lado dela na cama, ela deita sua cabeça em meu peito, e eu beijo seus cabelos. — Está tudo bem? Você está bem?

— Está sim. Está tudo bem. Estou bem. — Ela limpa sua garganta. — Como foi em LA? Deu tudo certo? Conseguiu evitar que Tom desse algum spoiler? — Nós rimos.

— Correu tudo bem. E, Holland se comportou muito bem na entrevista, não deu qualquer informação que prejudicasse as gravações. — Faço círculos com meus dedos em suas costas. — E você se divertiu com as meninas? Falaram mal de mim? — Beijo seus cabelos de novo.

— Me diverti sim. Foi bem bacana. No sábado, nós almoçamos aqui, fizemos burritos e tomamos cerveja. Foi bem bacana. E não, ninguém falou mal de você. — Ela ri.

Finjo estar em choque.

— Estou chocado. Ninguém falando mal de mim, ainda mais aquelas cinco, me sinto lisonjeado. — Dou risada. — E você? Está com dor ainda? Por causa da queda? Matt disse que Hails ficou bem desesperada. Foi uma queda feia.

— Ah, nem foi. Hails é exagerada. — Ela ri. — Só estou assim porque bati a cara, numa parte rochosa do chão da montanha. Não foi nada demais.

— Se precisou dar ponto, é porque foi demais sim. — Reviro os olhos. — De quem foi essa idéia, hein? — Ela se encolhe.

Minha. Eu queria fazer algo diferente. — Solto o ar pelo nariz.

— Você poderia assistir um documentário na Netflix sobre esportes no gelo. Não precisava inventar moda. Senhorita tenho-dois-pés-esquerdos!

— Cala a boca. — Ela morde meu peito.

!!! — Ela ri. — Me sento na cama e levanto a camisa. — Cher, isso vai ficar marcado.

— Desculpa. Não pretendia morder com força.

— E agora? E se alguém ver isso?

— É só você não tirar a camisa. E caso alguém veja, você pode dizer que foi seu gato.

Sob o céu de Manhattan: Para sempre minha andorinha || LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora