CAPITULO DOZE

76 13 9
                                    

— Lucas —

Enquanto dirigia pelas ruas de Nova York, e tentava com muito esforço manter meus olhos na estrada, porque a mulher que eu nunca parei de amar um dia se quer na minha vida, estava ao meu lado, com os braços estendidos, enquanto o vento lambia seus cabelos castanhos soltos, e ela sorria apreciando o momento. Um milhão de coisas rondavam minha mente, a primeira delas, foi o que aconteceu no começo da noite, eu tinha decidido passar na cobertura para vê-la com o pretexto de ter ficado confuso com algo no roteiro, mas no momento em que o elevador se abriu, e a vi na beirada da piscina, ela não pulou na água, ela apenas soltou seu corpo nela, como se tivesse caindo. E meu primeiro instinto foi tirar o celular do bolso e correr na direção dela e pular na água para salva-la. Ela não sabe o quanto me assustou, eu não sei se ela passou mal, e eu quero acreditar que foi isso, apesar do meu subconsciente dizer que não, que foi outra coisa, e essa outra coisa eu não quero aceitar. A vida é algo muito preciosa, e eu não sei se suportaria saber que a magoei num nível tão profundo que ela talvez tenha pensado em desistir, essa não é a Cher que eu conheço, porque a Cher que eu conheço, jamais desistiria de viver, por ninguém. Eu não sei se consigo viver me sentindo culpado por algo assim, é pesado demais. Como é que você acorda e olha para aquela pessoa sem pensar todos os dias que, "teve uma vez que você desistiu de viver por minha causa", é egoísta. Desistir, é egoísmo, é procurar uma solução fácil para coisas. Eu não entendo o suicídio, por tudo que eu sofri esses 5 anos, uma coisa que eu não fiz, foi pensar em desistir...da minha vida. É tudo o que eu tenho. Como eu poderia? Eu não posso julgar, eu sei disso, cada pessoa lida com a dor da maneira que consegue, mas, eu... Eu não consigo. Eu não consigo aceitar o suicídio. É isso. Uma saída fácil para quem comete, e dolorosa para quem fica. Não. Desculpa, mas não consigo aceitar isso.

— Você está calado, o que foi? — Cher me tira de meus pensamentos.

Balanço a cabeça. — Nada... não foi nada. — Sorrio entrando na 55th Street. — E então?

— Então o quê? — Ela diz bocejando.

— Você vai deixar eu ser seu amigo? — Ela revira os olhos. — Ah, Cher, qual é! Você se divertiu essa noite, não? Eu dirigi para você. Deixei você na sua bolha. Eu fui um puta amigato.

Amigato? — Ela pergunta. — Você poderia ser mais narcisista?

— Não vem com Chandler para cima de mim. — Eu brinco. — Eu sou lindo. Você não cansava de dizer isso.

— É. No passado. O Matt é mais bonito que você agora. — Ela dá de ombros moleca, e ri.

— Sai do carro. Garotas atrevidas não merecem carona. — Digo no momento em que estaciono em frente ao Manhattan Glam.

— E garotos narcisistas não merecem minha amizade. — Ela me mostra a língua e sai do carro. Eu saio do carro e entrego as chaves ao chofer, para que ele o guarde. Corro para alcança-la no elevador, que ela aperta para fechar as portas no momento em que entra nele, mas eu consigo entrar a tempo.

— Então você vai deixar eu ser seu amigo. — Eu digo.

— Eu não disse isso, disse? — Ela arqueia uma sobrancelha.

Dou risada e balanço a cabeça.

— É o seguinte. — Ela começa. — Não estou dizendo que vou ser sua amiga, mas que vou tentar ser. E nós vamos fazer coisas que amigos fazem. Sem você ficar flertando comigo ou tentar me beijar, usando essa coisa que você faz com os olhos e o sorriso.

— Que coisa com os olhos e o sorriso? — Olho para ela de baixo para cima, e dou um sorriso maroto.

Sob o céu de Manhattan: Para sempre minha andorinha || LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora