CAPITULO VINTE E SEIS

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—Penélope —

— Naquela tarde...

WQHT HOT 97. FM: — Então Lucas, qual é a grande notícia que você tem, que partirá o coração das garotas hoje?

Lucas: — Estou noivo... — O QUE?! — Enfio o pé no freio de uma vez, no cruzamento, e um carro bate na traseira do Comet.

— Tinha que ser mulher dirigindo mesmo! Você é maluca? — O cara sai do carro e vem até mim.

— Me desculpe. Eu passei mal no volante. — Minto. — Me dá seu telefone. Leva teu carro no conserto que eu pago. — Não sei com que dinheiro, mas pago. Sorrio para ele sem jeito, esfregando a mão na testa.

— Não, moça. Tudo bem, você passou mal, não foi culpa sua. — Um policial de trânsito nos aborda pergunta se está tudo bem, digo que passei mal, ele me libera e eu volto para o Manhattan Glam, com minha lanterna traseira quebrada.

Eu não acredito! Ele... Ele... URGH! Eu te odeio! Inferno!

Quando entro na cobertura, estou nervosa e estressada. Se ele queria me afetar, ele conseguiu. Eu achei que cinco anos o tivessem mudado, mas não, ele continua o mesmo babaca infantil, que toma decisões baseadas no que está sentindo no momento. Ótimo! Por que estou tão nervosa, afinal de contas? Ele me odeia, não é? E eu estou com Ryan. Do qual quando eu contei sobre que havia acontecido comigo, e ao invés dele me dizer absurdos e me chamar de vadia egoísta, ele me entendeu. E disse que passar tudo o que eu passei e ainda estar de pé, mostra o quão forte eu sou. Foi baseado no que ele me disse, que eu dei aquela entrevista para a Marie Claire. Foi a primeira vez que eu fui capa de revista, o ensaio foi bem bacana. Eu adorei, foi o que colocou para cima, e me fez ter vontade de agarrar o mundo com tudo o que tenho. Ryan é o cara certo. Aquele que quer que você esteja sempre à frente de tudo. Ele é um amor, maluquinho como a irmã, e um tremendo gato. Mas, não sei se ele está comigo por quem eu sou, ou pela atenção que tenho ganhado da mídia. Porque ele é produtor musical e músico, já produziu gente muito bacana, e gravou música com muita gente. Ele é conhecido, tem um fã clube. E eu não gosto dessa atenção toda. Não gosto de ir numa sorveteria, e ter paparazzi do TVZ, tirando fotos minhas de mãos dadas com Luna, e espelhando boatos de que eu sou lésbica! E se eu por acaso fosse, o problema seria meu, e de mais ninguém!

Não tinha ninguém em casa, a não ser, Romeu. Graças a Deus! Coloquei minhas chaves, carteira e celular em cima da cama do meu quarto, e voltei ao corredor indo ao banheiro. Banho! Um banho morno frio acalmaria meus ânimos.

Em maio havia saído a lista dos indicados ao MTVM&TVA, e Vampiros no Texas estava concorrendo em 10 categorias. Incluindo melhor roteiro de série para TV. A premiação vai acontecer no próximo fim de semana, e eu já estou com os nervos à flor da pele. Um, porque esse foi o último ano de VNT, e iria rever as pessoas com quem trabalhei por cinco anos, e estava com saudades. Dois, porque Lucas estava concorrendo todas as categorias, incluindo a de melhor direção. Se ele ganhar do Tarantino, eu nem sei o que eu faço. Aquela droga de filme, como ele ousa usar nossa história como roteiro para um filme água com açúcar? Expondo para o mundo todo como a nossa história parecia um conto de fadas da vida real, mas de um jeito brando. Quando nada na nossa história foi brando. Todas as mentiras, a toxicidade emocional que fizemos um ao outro passar, as promessas vazias que ficaram no passado. O quanto ele fez parecer que eu era extraordinária para mundo. Ou tanto que fez parecer que no fim de tudo, nós sempre acabaríamos juntos porque estávamos destinados a envelhecer juntos! Era tudo mentira! Ele mentiu para mim, e para o universo! Ele me destruiu! E não só uma, duas vezes, e novamente eu não sei o que fazer da minha vida.

Sob o céu de Manhattan: Para sempre minha andorinha || LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora