Capítulo 56

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Me abrir para a Bárbara foi libertador, eu trago essa dor em meu peito a muito tempo e hoje eu pude dividir um pouquinho com ela. Não tirei totalmente o peso dos meus ombros, mas pelo menos sei que se eu não aguentar terá alguém para me ajudar.

Não é fácil se abrir, mesmo que seja para sua melhor amiga, tem coisas que aprendemos a carregar por tanto tempo que ás vezes até esquecemos o quão pesada ela pode ser. E é quando tomamos coragem e abrimos um pouco essa bagagem que lembramos que é necessário parar para respirar um pouco antes de continuar seguindo.

Está parecendo papo de maluco, talvez até seja, mas para quem carrega por tantos anos algo vai entender o que estou dizendo. Tem sentimentos que pesam mais do as bolsas pesadas do mercado, existem dores internas que doem mais do que aquelas causadas por cortes ou fraturas.

Aprendemos desde bem pequenos que nossa família deve ser a nossa base, que devemos respeitar e amar acima de qualquer coisa nessa terra, mas quantas pessoas realmente seguem esse ensinamento? Eu não sou a única a me questionar e nem serei a última, infelizmente.

Como posso construir uma família se a minha base não existe? Será que também viverei sonhos feitos sobre um castelo de areia? Não, isso jamais. Eu não sou como a minha mãe e o Lorenzo nunca será como o meu pai, graças a Deus por isso.

Esses pensamentos me levam para além de onde estou, na realidade estou começando a me sentir sufocada e presa dentro dessa sala. Pego minha coisas, aviso a minha assistente para cancelar e remarcar todos os compromissos e saio sem rumo pelas ruas.

Acabei sentando em um cantinho em uma calçada e ali fiquei por longos minutos, deixei minha mente esvaziar e  passei apenas a observar as pessoas indo e vindo. Desliguei de mim mesma por um tempo, gastei bastante tempo pensando em nada, vaguei sem destino dentro da minha própria mente.

-Desculpa a senhorita está se sentindo bem? -um senhor me pergunta.

-Sim, estou.

-Me perdoe a indelicadeza, mas é que vi uma moça tão bonita e jovem sentada assim na rua que me preocupei.

-Tudo bem, eu agradeço a preocupação.

-Sabe ás vezes ficamos presos em nosso próprio mundo que esquecemos que existem milhares de outros mundos para visitarmos, somos como o vento mas vivemos como as rochas. Não seja tão dura consigo mesma, não se culpe ou cobre por aquilo que está além de você, tenha fé e nunca perca a esperança, os ventos vão mas sempre voltam. -ele diz e se vai, exatamente como o vento.

Eu não tive tempo nem mesmo de agradecer, "somos como o vento, mas vivemos como as rochas", quão profundo isso foi para mim. Na realidade tudo o que ele falou foi profundo, foi além do que o meu corpo foi capaz de segurar, tocou na minha alma.

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