Intended to Relieve

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Magnus permaneceu sentado no chão, a cabeça de Ragnor apoiado em seu colo… os olhos fechados. Seu amigo estava frio, então porquê parecia que ele apenas estava dormindo?

Ele verificou. Verificou mais de uma vez, todas as quatro vezes tendo esperança que seu amigo estivesse apenas brincando consigo… uma brincadeira de muito mal gosto, mas estaria vivo. No entanto, nenhum pulso. E o sangue ainda manchava as vestes e o corte no pescoço do feiticeiro e a magia não se mostrava presente.

Magnus fechou cerrou os olhos com força, mais lágrimas querendo se derramarem. Mas ele não podia deixar derramar… havia coisas a fazer… ele tinha que limpar seu amigo, se livrar do sangue… cuidar…

—Amigo.—Magnus sussurrou, abatido, acariciando o rosto do feiticeiro em seu colo, a epiderme fria sob seus dedos. O frio da morte.

Sua magia trabalhou cólera, o azul royal das chamas estavam deprimente opacas, reconhecendo os sentimentos de seu usuário. Magnus sentia um bolo de choro entalado em sua garganta quando o sangue sumiu, mas o corte não pôde ser fechado. Ele se pôs de pé, ignorando a própria magia e passando as mãos por baixo das pernas de Ragnor  assim como dos ombros, o carregando até onde ele sabia que ficava o quarto principal.

As roupas ensanguentadas foram trocadas, agora por uma cheio de floreios, roxo e verde esmeralda… como realeza e marrom para o lenço do pescoço.

Magnus teve que se sentar na cama por um momento, se sentindo fraco… mesmo que a sua magia pulsasse em suas veias, as suas pernas tremiam para lhe sustentar. Era preciso se acalmar, mas como é que isso era possível? Ele experimentou a morte de muitos entes durante seus longos quatrocentos anos… mas nenhuma foi Ragnor.

Não até então.

Seus dedos estalaram e uma folha de papel foi convocada, conseguindo uma caneta tinteiro.

Sua caligrafia saiu um pouco trêmula, mas continuava floral… fluindo e fluindo… quando ele dobrou a folha ele se questionou como nenhuma lágrima tinha caído na folha. Magnus jogou a folha no ar, chamas em tons pálidos de azuis queimando o papel antes do mesmo sumir de sua vista.

Meio minuto. Esse foi o tempo que levou para que a resposta viesse em uma caligrafia rebuscada e com o selo do conselho dos bruxos. Ele leu as duas linhas de tinta negra antes de transformar o conteúdo em cinzas e fazê-lo sumir no espaço.

—E-Eu...—Magnus respirou fundo, sua voz saiu mais fracamente do que esperava, olhando uma última vez para o amigo, deitado na mesma posição em que deixou. —… Eu não… posso ficar aqui.

A runa de destinados em sua costela pulsava com pequenas correntes elétricas por todo o seu corpo. Alexander estava preocupado consigo… Mas Magnus não queria ser visto por ninguém, não devastado do jeito que ele se sentia

Magnus simplesmente queria se enfiar embaixo de seu cobertores e sonhar que toda aquele dia não tivesse acontecido… acordar nos braços de Alexander e saber que seu amigo ainda estava vivo e que ele estava atrasado para uma reunião no instituto e encontrar o par de shadowhunter idiotas emburrados um com o outro.

Ele teria que ligar para Catarina, a enfermeira também tinha o direito de saber o que aconteceu… Ragnor era tão amigo dela quando ele era seu… eles eram um trio, amigos, irmãos...

Em casa, ele precisava chegar em casa.

Um pouco vacilante ele mexeu os braços, criando um arco no ar, que logo se expandiu e se tornou uma grande figura oval e brilhante, fundida na parede ao lado do guarda roupa. Ele deu um último olhar para o corpo antes de escutar o som de outros portais se abrindo. Magnus deveria ficar e dar o seu depoimento, dizer o que havia acontecido e esclarecer tudo… mas sentia que não iria conseguir continuar na casa, quando sabia que Ragnor não iria mais abrir os olhos e dizer o quanto Magnus parecia horrível.

Intended (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora