Um recomeço

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Pietra P.O.V

  Acordei com uma dor nas costas e um cansaço enorme, eu passei a noite inteira no trabalho e só pude ter  três horas de sono. Me levantei e espreguicei, antes de olhar o relógio e notei: eu tinha perdido mais da metade do café da manhã.
  Corri ao banheiro e me arrumei, peguei um bolo que fiz ontem e fui comendo enquanto procurava meus livros. Apesar da correria eu cheguei na hora exata da aula. Embora eu sentisse que esqueci algo, fui direto à aula. Os alunos me olhavam torto e comecei a discretamente arrumar o cabelo, com suspeita de que estava bagunçado.
  Então a mão de Lilá Brown levantou:

— Pois não? — me virei a ela.

— Erh...Não está muito relacionado com a matéria, mas... o que há de errado com sua boca?

  Minha boca? Olhei para meu reflexo na janela e vi a palidez da minha boca. Eu tinha esquecido de passar batom, e ninguém exceto Severo, sabe de minha condição.

— N-não tem nada de errado, é assim mesmo. — Disse trêmula, engolindo seco

  Voltei a dar aula, mas escutei umas risadas e cochichos, não me importei até perder a paciência. Já me sentia humilhada, agora vão me interromper?

—  Posso saber o motivo das risadas?

  Me movimentei para a carteira de Parvatil Patil e vi vários pedaços de pergaminho.

— Bilhetes?!? — Exclamei pegando todos da mesa da Parvatil e Lilá — Vocês simplesmente desperdiçam o ensino dessa forma? Pelo menos poderiam fingir que estavam prestando atenção, é menos rude.  — Do que lia os termos "sem-lábios" e similares se destacavam —Justo neste momento em que a defesa é tão importante! Onde está a noção de vocês? Suas famílias não dizem dos perigos? Não dizem o que está acontecendo? Que pessoas estão morrendo?

  O último bilhete estava escrito "deve ser por isso que ela é solteira, quem iria querer namorar alguém sem-lábios e viciada no trabalho? Tão perdedora".

- Não, vocês não tem noção de nada,acham que está tudo tranquilo. Menos 50 pontos.

  Joguei, violentamente, os pergaminhos fora me virei. Todos estavam surpresos e se encolheram, a sineta tocou.

— Tarefa: diferencie Inferi de um fantasma. Estão dispensados.

  Essa era a última aula do dia, então entrei no meu escritório e sentei em minha cadeira. Abracei a mim mesma e deitei a cabeça. Minha garganta ardia e meus olhos estavam alagados e me rendi fazendo cada lágrima descer.

Snape P.O.V

  Estava indo visitar Pietra para ver como estava, cada dia eu estava mais preocupado com ela. Quando cheguei na sala os alunos saiam, escutei comentários : "você viu o jeito que ela falou?"," ela estava chorando,viram?" e "tadinha dela".

  Bati na porta do escritório e entrei. Ela estava lá, chorando, seus olhos inchados, ela toda encolhida e sua boca sangrando bastante.

— Pietra, o que aconteceu? — sentei ao lado dela pegando minha varinha, acabei vendo ela esconder algo afiado atrás da almofada.

— Severo, vai embora...

— Episkey — curei o machucado dela e peguei um pano, ela deu um tapa na minha mão — Pietra! 

— Eu disse para ir embora! — sua voz enfraqueceu e ela voltou a chorar.

— Não sairei daqui. — cuidadosamente limpei ela — O que aconteceu?

— O que sempre acontece. — ela virou a cabeça para o lixo e fui lá olhar, eram pergaminhos, falando mal de Pietra.

— Estas crianças são cabeças ocas, não devem ser levadas a sério.

— Estas crianças falaram a verdade. Eu sou feia, não tenho lábios.

— Pietra, isso não é verdade, você é a mulher mais linda de todas. — Mechi na almofada dela e tirei uma faca — Por que fez isso?

— Preciso explicar?! — ela gritou furiosa e concordei, sentando do lado dela e acariciando sua bochecha — Os lábios de todo mundo são rosados e bonitos, eu nunca pude ter tal luxuria.

— Pietra, a cor da sua boca não diz nada — o jeito que ela olhou para mim foi como se fosse me xingar — Você é esperta, esforçada, forte, linda... Você foi a irmã mais velha de sete crianças e cuidou sozinha...

— Por causa de uma mãe abusiva. Severo, sei que está tentando provar que sou demais, mas a verdade é que sou uma perdedora.

— Não é verdade, você é especial.

— Para quem, Severo?!

— Para mim.

  Ela abriu a boca indignada e fechou. Ela desviou os olhos e limpou as lágrimas.

— É verdade, Severo?

— É, é mesmo.

  Ela controlou sua respiração e depois soltou uma risada nervosa.

— O quão especial eu sou para você? — sentei seu toque na minha mão e minha barriga deu uma cambalhota.

— Muito. — nossos dedos foram se entrelaçando e me aproximei dela.

— Muito quanto? — nossos narizes quase se encostaram e nossos olhares não saiam dos nossos olhos. O cheiro de seu perfume de Jasmin dominava minhas narinas.

— O bastante para dizer que eu te amo. — soprei antes de beija-la.

  Coloquei minhas mãos em seus cabelos macios e os puxei lentamente. Ela me puxou mais para ela, colando nossos corpos e colocou suas mãos em meu pescoço, intensificando o beijo. Era algo lento, apaixonado e molhado, que me provocavam choques na espinha. Dava para escutar alguns sons do corredor, mas nada chamativo e importante. E o gosto dela é doce e viciante.
  Nos separamos, pois precisávamos de ar. Suas bochechas estavam vermelhas e ela olhou para mim.

— Fiquei doida ou acabamos de nos beijar? — ela perguntou.

— É acabamos de nos beijar. — sorri envergonhado.

— E você disse que me ama?

— Sim.

— Eu também te amo. Aí que loucura...

— Somos professores!

— E acabamos de nos beijar!

— Já que estamos no meio de tanta loucura, quer namorar comigo? — perguntei suavemente.

— Eu adoraria — encostamos nossas testas.

— Teremos de manter em segredo, sabe né?

— Tudo bem. Eu vou ter você.

  Voltamos a nos beijar e a partir dali nada mais importou, tínhamos o outro.

Pietra P.O.V

  Acordei bem cedo, achei que eu tivesse um sonho então vi Severo do meu lado, dormindo na minha cama. Depois do nosso beijo queríamos tanto a companhia do outro, que ele foi dormir comigo e sendo sincera, dormi como um bebê.

  Levantei e me arrumei, era fim de semana, então posso fazer tudo na calma. Me aproximei de Snape e dei um beijo na bochecha.

- Bom dia. Hora de acordar. — Disse cantarolando.

- Desde quanto você canta de manhã? — Disse Snape com um sorriso.

- Vamos logo, seu bobo.

    Eu sei as consequências de um namoro no trabalho, mas amo Severo e ele me ama. Agora vai ser a hora de um grande recomeço, como namorados.

Amor Venenoso- Severus Snape Onde histórias criam vida. Descubra agora