Sombras do passado

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Pietra P.O.V

  Dumbledore voltou de umas daquelas viagens e decidi dizer minhas preocupações. Fui até seu escritório e disse tudo e no final ele só falou:

— Obrigado,por se preocupar comigo Linns, mas estou bem. As viagens tem um propósito bem importante, e estou tendo o máximo de cuidado possível. Mas o fato de você ter imaginado que eu seria um dos possíveis destinatários me chamou muito a atenção.

— Acredito que tenha sido muito óbvio, não?

— Sim, sim.

— Aliás...Ah eu não sei se o senhor aprovaria. — brinquei com alguns fios de meu cabelo.

— Pode falar,Linns.

— Bom, os alunos devem estar tensos devido a situação atual e devido a segurança de Hogwarts, muitos pais, vão querer que seus filhos fiquem no Natal...

— Ah,sim. — Interrompeu Dumbledore — Você está sugerindo em realizar uma festa de Natal. Entendo, sabe você não seria minha primeira opção para professora de DCAT. Primeiramente, estava imaginando em Horácio para dar poções, assim Severo ficaria com o seu cargo. Fiquei bem chateado quando ele não aceitou o cargo, imaginei que Potter poderia dar um empurrãozinho. Mas seria algo que Horácio faria, por isso vou aprovar sua ideia.

  Ele olhou para o relógio, que estava quase em meia noite.

— Está bem tarde, Linns, recomendo que você durma.

— Obrigada, Dumbledore,por aceitar minha proposta. Boa noite, e senhor,toma cuidado.

— Tomarei.

     Abri a porta e fui descendo até às masmorras. Meus músculos estavam tensos e meus olhos pesados, estava desejando deitar na minha cama.
   Além do som baixo dos meus sapatos batendo no chão a cada passo, nada mais emitia som, e cada vez mais o silêncio dominava. Conforme fui descendo, a iluminação da lua sumiu e as velas estavam fracas, deixando tudo meio escuro.

— Pietra? — Uma voz de um menino ecoou no corredor.

  Virei para trás procurando a origem da voz.

— Você sabe muito bem que alunos não podem andar nós corredores a esta hora. — argumentei impaciente — Apareça, por favor. Quanto mais rápido for, menos pontos terei de tirar.

— Pietra, vem ficar comigo — a voz ecoou de novo — estou tão sozinho.

  Uma ventania surgiu, apagando todas as velas, escurecendo o local de uma vez por todas.

— Lumus — levantei minha varinha, que foi acendendo o ambiente.

  Olhei de um lado e do outro e não vi nada. Quem será que está fazendo essa pegadinha sem graça?
  Olhei para baixo e na minha frente tinha um garoto ruivo com olhos completamente brancos e vazios.

— Put- — cai para trás e recuei um pouco, pude sentir meu coração palpitar.

  A criança tinha sumido. Pisquei algumas vezes, olhei ao meu redor e me levantei. Bati minhas roupas, tirando a poeira e segui em frente.

— Não tem ninguém aqui, Pietra. — Falei antes de continuar indo — Você está apenas com sono. Agora vai para seu. quarto dormir.

  Minha varinha estava luminando e fui andando para frente com calmaria.

— Pietra! Estou sentindo sua falta! — escutei a voz de novo.

— Isso não é real — acelerei meus passos.

— Pietra!

  Começou a ficar difícil para andar. Meus joelhos ficaram como borracha e meu corpo tremia todo. Meu coração já estava saindo da minha boca, pois além de palpitar muito, minha garganta estava fechando, dificultando respirar.

— Não me deixe, Pietra!

  Me virei, olhando para cada canto, não tinha ninguém na região luminada. Eu tentava estender a minha varinha para ver além de onde estava e mesma assim, não achei nada.

— Pietra, Pietra, Pietra, Pietra…

  Já não conseguia mais respirar. Eu ofegava pesadamente e rapidamente. Minha mão suou tanto que já estava nojenta de pegar. Tentei correr e corri, corri e corri. Meu corpo me traia, tornando tudo difícil de se mexer.

— Só estou cansada. — murmurei para mim mesma — Nada disso é real, nada disso é real.

  Então uma gargalhada infantil invadiu meus ouvidos.

— Você me largou, me largou, me largou — a voz infantil foi engrossando — me largou, me largou.

  Continuei sem olhar para trás, é só chegar no seu quarto, não está muito longe dali.

— Não precisa ter medo de brincar comigo…

  Um vento passou atrás de mim e senti uma mão gelada e áspera lentamente pegando o meu ombro direito.

— Eu não mordo — senti um sussuro no meu ouvido.

  Eu senti tonta e fechei os olhos, sentindo uma leveza em meus pés.

— Pietra?

  Abri os olhos rapidamente.
Estava deitada em uma maca desconfortável e pude sentir o sol da manhã tocando o meu rosto. Vi Severo ao meu lado segurando minha mão com cuidado.

— O que aconteceu? — pisquei

- Você disse que iria falar algo com Dumbledore. Percebi que demorava pra voltar, então fui procurar por você. Quando vi, você estava desmaiada no meio do corredor. Está tudo bem?

— A-acho que sim… não lembro de muita coisa.

— Deve ser o estresse. Nunca para de trabalhar, já disse que precisa descansar.

— Você está certo. Eu preciso de um descanso. Vou para o meu quarto. — me levantei.

— Vou com você. — Disse Snape de forma protetora.

— Consigo ir sozinha, obrigada. — sorri para ele — e preciso me arrumar para a aula.

      Sai da ala hospitalar e comecei a andar pelas masmorras até o meu quarto. Estava muito indignada, o garoto parecia com… não, não tem como.

— Pietra! Te achei! — Escutei uma risada alegre.

      Eu congelei de medo. Não consegui andar,comecei a tremer e minha respiração travou. Virei para trás e lá estava: um garoto de 7 anos, tinha cabelos curtos e ruivo alaranjados e olhos redondos e azuis. O menino segurava uma pelúcia e vestia um pijama simples.
        
- Foi culpa minha. - Confessei em um sussurro - Quer que eu pague as consequências? Então faça agora.

       A criança foi lentamente foi sumindo.

— Senti sua falta, irmãzona. — o garoto riu.

         Um clarão forte veio e depois tudo sumiu. Balancei minha cabeça, afastando o sentimento de irrealidade. Abri a porta do meu quarto e vi oito corpos de crianças queimadas largadas pelo cômodo. A queimadura era tão feia que nem dava para reconhecer quem era quem.
  Cai contra a parede e levei minha mão contra a boca, deixando algumas lágrimas caírem.

— Por que tudo isso? — perguntei em choro.

Vi na parede, letras misteriosamente começando a serem escritas com sangue. No final foi formado a frase:
“Revele as sombras de seu passado”

Amor Venenoso- Severus Snape Onde histórias criam vida. Descubra agora