Coisas que não dá para evitar

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Pietra P.O.V

  Eu sou filha de Voldemort.
Eu lembrei de tudo e estou... feliz? Por algum motivo eu estava feliz. Talvez seja porque sei que a morte deles não é minha culpa, eu não causei o incêndio.
Então quem causou? Algum comensal ou foi apenas um acidente?

  A primeira coisa que fiz na manhã foi lavar o meu rosto para me acordar. Acordar de meus pensamentos e do mundo que eles construíram.

  As aulas voltaram e minha rotina voltou ao normal. Eu gostava daquilo, me dava uma sensação de controle, tal sentimento eu não tinha quando pensava sobre meu "pai".
  As vezes, eu e Harry passávamos o café da tarde conversando, apenas comendo e conversando.

— É verdade que você era amiga do pessoal da Sonserina? — Perguntou Harry curioso.

— Pode parecer estranho, mas sim. Sempre me dei bem com eles, embora eles fossem uns babacas de vez em quando.  — Harry riu com o comentário.

   Será que isso acontece, pois sou herdeira de Salazar Slytherin?

— Tá tudo bem? — Perguntou ele.

- Sim. Tomei um pouco de chá.

— Você parece estar triste. Por que está triste?

  Apertei um pouco a asa da xícara e dei um suspiro tremido.

— Eu queria poder entender.

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  Eu estava cochilando no peitoral de Severo, enquanto ele acariciava meus cabelos. O conforto foi embora quando Severo delicadamente saiu dali e me ajeitou na cama.

— Aonde vai, querido? — Perguntei sonolenta.

— Os alunos vão ter aula de aparatação e os diretores das casas tem que estar lá.

— Hum, que chato. — voltei a descansar.

  Ele se aproximou e deu um selinho gostoso na minha testa.

— Vou voltar antes que fique com saudades.

— Já estou.

  Uns minutos depois, eu acordei e fui até o banheiro, onde tomei um relaxante banho. Depois passei alguns óleos medicinais, já que minha pele é muito frágil a luz solar. Em seguida coloquei uma vestimenta simples e comecei a trabalhar.
  Demorou até a porta se abrir e Severo entrar, me enchendo de beijos molhados no pescoço. Ele sentou ao meu lado e me deu um copo com bebida.

— Severo, por que está com uma garrafa de uísque?

— Para descontrair e também porque preciso te contar algo.

  Guardei as coisas do meu trabalho e me virei para ele, que estava bem tenso.

— Entendo se ficar brava e quiser ficar longe de mim. — ele começou — Qualquer um ficaria...

— Você me traiu?

— Não, não.Pietra, não pense nisso!

— Pelo jeito que você falou. — dei de ombros.

   Ele bebeu um o copo inteiro de uísque e confessou:

— É que eu... Eu fui responsável por incendiar sua casa.

   Soltei o copo da minha mão, que caiu no chão e quebrou em vários pedaços.

Flashback -- 1973
Severo P.O.V

  Estava andando pelos corredores, normalmente, quando encontrei Potter e Black usando um Levicorpus em uma garota de cabelos longos ruivos alaranjados e olhos azuis.

— O que você vai fazer "sem lábios"? — Perguntou Potter.

  Eu simplesmente iria virar, ele faz isso com todos, mas de repente senti uma sensação estranha e me fez querer ajudar.

— Parem vocês dois! — Rosnei lançando um estupefaça em Black, que bateu com tudo na parede, provavelmente o machucando bastante.

— É a sua namorada, Ranhoso? — Perguntou Potter — Faz sentido vocês dois ficarem juntos. São dois perdedores

- Se continuar fazendo isso também vou lançar um estupefaça em você!

  Ele encarou a garota e eu, vendo o que valia mais a pena. Então soltou a menina e levou Sirius para a ala hospitalar.

   A garota, que reparei ser da Corvinal, pegou seus livros e sua mochila que estavam largados no chão. Ela se levantou e disse bem tímida:

— Muito obrigada.

— Só não deixa esses babacas fazerem de novo.

   Observei e a primeira coisa que reparei foram sua boca, por algum motivo seus lábios são extremamente claros, dando a impressão de não possui-los. Ela corou quando percebeu que os encarava.

—  Sei que sou feia. — Murmurou.

— Não é isso. É que fiquei curioso, mas você não é feia.

  Ela deu um sorriso envergonhado e notando bem, nem era tão ruim assim. Seus lábios ficavam bonitos nela.

— Aliás meu nome é Pietra.

— Severo. Bom tenho que ir para a aula, tchau.

— Tchau.

Dia seguinte

  Fui descer para o Salão principal para comer o café da manhã. No meio do caminho senti alguém tocar meu ombro.

— Oi! — Pietra apareceu do meu lado — Tudo bem?

— Tudo. O que você está fazendo?

— Vim conversar. Sabe se eu não me engano nós fazemos Runas juntos!

— Legal. — Disse sem interesse.

— Depois do café vamos ter Runas, talvez devêssemos descer juntos.

— Tanto faz.

   E os próximos dias se resumiram com ela me seguindo e infernizando. Eu poderia estar em qualquer lugar, ela também estaria lá. E vivia falando no meu ouvido. Não se podia mais ter paz nessa terra?!
   E perdi a paciência no momento em que me deu um colar.

— O que é isso? — Li "melhores amigos" escrito no colar.

— Para provar que somos amigos! Fiz um para mim e outro para você,btoma!

   Lancei o colar para longe.

— Nunca fomos amigos e nunca seremos! Eu só te salvei naquele dia porque sim. Por mim eu te deixava lá! Você não tem nada de interessante. Sai da minha vida!

    Seus olhos lacrimejaram um pouco, ela balançou a cabeça e manteve sua postura.

— Tá bom. Não te incomodarei mais. — ela pegou os colares e saiu dali.
  

3 semanas depois

   Eu nunca mais vi ela. Pelo jeito ela sumiu mesmo. E eu sentia triste. Pietra não saia de minha mente. Seu belo sorriso, sua encantadora voz, seus olhos alegres, seu cabelo...
Meu coração disparava quando lembrava dela.
  E percebi que fiz uma besteira. Eu queria concertar, mas não achava ela, apenas nas aulas de Runas, porém ela nem olhava para mim e sumia muito rápido.
  O professor dessa mesma matéria pediu para juntarmos em duplas e eu reparei que ela ficou sozinha. Me aproximei dela, que desviou o olhar.

— Oi — cumprimentei e ela virou a cara - me desculpa, não deveria ter sido grosso com você, principalmente agora já que somos amigos.

— Você disse que não éramos amigos.

— Mas podemos ser, se você me perdoar.

  Ela ficou quieta e então virou-se para mim mantendo um olhar firme.

— Sim, podemos ser. — ela pegou seu pergaminho — Quer fazer o trabalho comigo?

— Claro.

   E naquele dia viramos amigos. E sinto que nossa amizade é uma daquelas coisas que não dá para evitar e fico feliz, pois gosto muito dela.

Amor Venenoso- Severus Snape Onde histórias criam vida. Descubra agora