Isso é amor?

4.7K 377 118
                                    

Pietra P.O.V

  Nas semanas seguintes me esforcei ao máximo para dar as melhores aulas. Passei noites de pé, planejando a melhor aula para os alunos e estava morta. Tinha que ficar tomando café direto, o que é difícil para mim, já que sou uma pessoa de chá. 

  Eu não sei se é pelo cansaço ou por não termos conversarmos desde a minha crise, mas me pego pensando nele. As vezes é só uma imagem dele, outras vezes é a imagem acompanhada de sensações. Somos amigos, ele é legal e tudo mais, porém não tinha motivo para os pensamentos. Não é certo.

  Acho que estou precisando de uma folga, daqui cinco dias é o primeiro passeio para Hogsmeade. Vai ser ótimo para descansar a minha cabeça e relembrar de boas memórias como estudante de Hogwarts.

  Estava em meu escritório preparando algumas aulas, quando escutei batidas na porta.

— Pode entrar. — falei indiferente e a porta se abriu.

  Snape estava lá usando suas vestes negras, assim como seus cabelos oleosos. Em questão de segundos, corrigi minha postura e me inclinei para frente.

— Estou atrapalhando? — Perguntou.

— Não, não está. Sente-se. —  Apontei para a cadeira do outro do lado da mesa. Até que seus olhos negros tinham um certo brilho misterioso, como se estivesse tentando esconder algo. Eram chamativos e te prendiam. — Ah, aceita chá?

— Sim, por favor.

  Com o movimento da minha varinha estava uma bela chaleira de cerâmica azul céu com detalhes verde-lima. Foi minha primeira cerâmica, fiz quando era criança, mas ainda brilhava como se fosse nova e a argila não tinha nenhuma rachadura.

— Então, nós não conversamos desde aquele dia. — Ele comentou . — Como está indo?

— Trabalhando, sabe como é. Mas no passeio do fim de semana vamos ter um tempão para pôr as coisas em dia. — Sugeri.

— Não sou muito de passeios...

— Ah,vai ser legal! — dei uma cotovelada amigável nele —Não faz mal sair um pouco.

— Pietra...

— Por favor, só nós dois — fiz uma voz manhosa.

— Está bem. — Disse derrotado. — Mas será apenas uma vez.

— Sim, senhor.

   Fomos comendo e conversando e quando vi estávamos sentado no sofá com uma certa proximidade entre nós, chegando a poder ver os detalhes de seu rosto. O meu rádio bruxo, no qual fiz um feitiço para funcionar aqui, começou a tocar uma música calma das Esquisitonas.

— Ah, adora esta música — olhei para Severo e tive um desejo — Vai uma dança? — falei espontaneamente dando minha mão.

   Snape puxou minha mão para o meio do escritório, onde era espaçoso, coloquei minhas mãos em seus ombros enquanto ele colocou na minha cintura. Ele colou nossos corpos e os partes de meu corpo onde tínhamos contato estavam formigando. 

  Então começamos a dançar no ritmo da música, indo de um lado para o outro, apreciando o outro, na maior calmaria. A dança estava indo bem quando chegou o refrão, Snape me levantou e deu um giro.

Quando meus pés encostaram um chão, dei uma risada nervosa.

— Achei que ia dar ruim. — Comentei e acabei fazendo Snape rir.

— Pois saiba que sou um ótimo dançarino. — Após ele dizer isso rimos juntos, deitei a minha cabeça no peito dele e continuamos a dançar. Parecia que a música nunca ia acabar.

  De repente uma música mais animada começou, e já que pedia maiores habilidades de dança, algo que não tínhamos, sentamos no sofá. Minha cabeça estava sobre seu peito e nossas mãos estavam entrelaçadas. Fechei meus olhos e a outra mão de Snape acariciava meus cabelos.

Era relaxante e bom, me fazendo ficar sonolenta.

— Acho que já vou dormir. — Falei levantando do sofá.

— Sem jantar? 

— Estou sem fome. —  havia uma tremulação na minha barriga que tirava minha vontade de comer.

   Descemos até às masmorras e fomos até meu quarto. 

— Foi legal. — Comentou Snape — Poderíamos fazer mais vezes.

— É poderíamos. Boa noite.

— 'noite.

   Ele foi embora e deitei na cama. Me xinguei tentando entender qual foi todo esse contato que tivemos e porquê eu gostava de toca-lo. Ou melhor tentando entender de onde estão vindo todas essas coisa que sinto quando Severo está perto de mim, até mesmo longe.

  Nos próximos cinco dias, sempre nos olhavamos com sorrisos tímidos e olhares ternos. E o trabalho novamente tinha nos impedido de conversar, mas não liguei muito, já que íamos no passeio.

  Há tantos coisas que eu queria fazer. Ver a Zonk's, Dedos de Mel, Três Vassouras, Casas dos Gritos.

.. Aí, que nostalgia!

    Quando terminei o café da manhã, esperei Snape perto da entrada de Hogsmeade e ele apareceu. Estava com vestes mais modernas e ele ficou bonitinho. Senti minha pele ruborizar e desviei meu olhar sobre ele me xingando por sentir dessa forma.

— Demorei? — Perguntou.

— Não demorou não.

— Vamos? — Ele estendeu a mão.

   Concordei com a cabeça e peguei sua mão. Fomos andando até o Três Vassouras, pedimos cerveja amanteigada e sentamos em uma mesa.

— Nossa parece que faz séculos que não nos encontramos. E o que aconteceu com os outros? —Perguntei.

— Bom... Lúcio se casou com Narcisa...

— Sério?! Sempre suspeitei que tinham algo.

— Como você não sabia, você dá aula para o filho deles!

  Então rimos, bebemos e fomos conversando sobre várias coisas. Depois passeamos pela vila inteira comentando várias coisas, lembrando da nossa infância.

  No final do dia estávamos entrando em Hogwarts quando eu disse:

— Foi divertido.

— Isso não posso negar.

— Ohhh, então o senhor odeio passeios gostou de um?

— Aproveite enquanto pode, senhora sabe-tudo.

Dei uma cotovelada nele rindo dos apelidos. Após o jantar, me despedi dele e fui até meu quarto. 

Tudo muito estranho, o que sentia sobre ele era estranho. Eu me sinto leve e feliz com ele, confio nele, eu gosto de arrancar uma risada dele, gosto do contato físico com ele e gosto de conversar com ele.

O que seria isso?

 Seria...

Oh não, não pode ser.

Eu não acredito.

Ai meu Merlin.

Como eu não percebi?

Estou apaixonada por Severo Snape.

Eu estou mesmo apaixonada por ele.

  

  

Amor Venenoso- Severus Snape Onde histórias criam vida. Descubra agora