O vento da morte se aproxima

988 81 6
                                    

Pietra P.O.V

    Entrei em meu quarto e me despi de tudo. Abri um whisky e bebi tudo em um gole,direto da boca. Fui ao banheiro,onde liguei o chuveiro e fiquei totalmente embaixo da água. Cada gota quente batia contra a minha pele suada e gelada e meu cabelo ficava encharcado a medida que o tempo passava. Em um momento encostei minhas costas contra a parede e algumas lágrimas desceram. Escorreguei até o chão e sentei,esgotada com tudo.

Eu não quero morrer.
Não quando as coisas na minha vida tão indo bem.
Consegui o emprego dos sonhos.
Severo e eu namoramos.
Meu filho finalmente foi para a escola.
Harry quis ser meu afilhado.
Não quero morrer.

Abracei a mim mesma e tentei me recuperar,mas fracassei ao voltar a lacrimejar.
Sai do banho e enrolei a toalha em meu corpo. Abria uma garrafa de vinho e também bebi tudo.
Por que no meu quarto tem tanta bebida?
Suspirei e deitei na cama.
Bebendo e chorando,estou parecendo minha mãe.
Puxei a coberta e abracei um travesseiro.
- Pietra?
- Severo,agora nã...
- Agora sim - ele me cortou - Sabe que vamos encontrar uma maneira de evitar isso.
- Severo, você não entende. - levantei.
- Não, não entendo. Mas quero entender. Quero te ajudar. Quero que volte a se sentir melhor. - sua mão acariciou meu rosto e colocou meu cabelo para trás de minha orelha - Vá dar certo.
- Você sendo otimista,acho que vai chover hambúrguer - ri.
- O que? Eu visto de preto e viro pessimista?
- Você é um morcego na verdade, quando foi a última vez que andou no Sol? Já pensou em fazer bronzeamento? Ou abrir as cortinas? - brinquei.
Encostamos a ponta de nossos narizes e demos um selinho.
- Fica comigo, tá bom? - sussurei.
- Tá.

- Imaginei que essa bola - peguei uma bolinha verde na minha mesa - é um feitiço. Fiquem espertos! - joguei a bola aleatoriamente em um aluno,que rapidamente se defendeu com um feitiço real - Muito bem! Vocês vão fazer isso,em trios cada um vai ter uma bola. Lance e se defenda. Vamos! Se organizem!
Minha cabeça latejou e sentei.
- Professora, está bem? - perguntou a garota Weasley.
Senti uma tontura imensa e a dor de cabeça piorava.
- Estou bem... - tentei me levantar e senti um grande enjôo - Preciso ir ao banheiro. - murmurei.
  Quase caí,mas me seguraram. Quando me notei já estava na enfermaria.
   Corri ao banheiro e fiquei em frente a pia. Molhei meu rosto,para tirar o suor. O enjôo aumentou e vomitei...
Eu vomitei sangue.
- Pietra, está bem? - perguntou Severo abrindo a porta.
- Está piorando... - minhas pernas não tinham mais forças - está piorando muito.
  Severo me colocou cuidadosamente na maca. Me senti fraca.
- Severo... - murmurei - fica.
- Mãe! - escutei Endrew me chamar.
- Endrew - suspirei sorrindo e estendendo a mão.
  Ele segurou a minha mão.
- Pode ir - falou o menino - vou cuidar dela.
   Severo depositou um beijo em minha testa e se retirou. Endrew passou o dia comigo. Madame Pomfrey disse que o ideal era me internar no St. Mungus,mas recusei.
  Não quero ter um monte de médicos dizendo que minha hora se aproximava.

- Mãe, está escondendo algo de mim? - perguntou ele, quando senti melhor pra conversar - Tipo,por que Comensais invadiram nossa casa e por que você tá mal?
   Suspirei e olhei para ele.
- Estou sim ocultando algo de você. - afirmei.
- Já sou grande, não sou mais um bebê. Pode me contar.
- Sei que meu garoto é praticamente um adulto - afaguei seus cabelos - O problema que a verdade dói e não quero que passe por a dor desta verdade.
- Melhor viver com a dor do que na ilusão, não acha?
   Concordei. Peguei minha varinha e lancei  Abaffiato a nossa volta.
- Meu pai... - murmurei.
- Ele te deixou, certo?
- É mas,ele é... ele é... ele é. - tentava completar a frase,mas era como se tivesse uma força na minha garganta que impedia de terminar - ele é...
   Engoli seco,respirei fundo e soprei:
- Você-sabe-quem.
- O que tem ele? - me encarou e depois de pensar soltou um palavrão - ELE É O SEU PAI? - perguntou assustado.
- Bem vindo ao meu mundo.
   Ele deu voltas, murmurou algumas coisas,deu mais voltas e balbuciou outras palavras
- Mas e o que tem haver com você estar doente? - questionou
  Expliquei para ele, palavra por palavra da minha situação.
- Sei que perdeu a família,que não vai querer perder a mãe - falei - mas é o que está acontecendo.
   Ele me abraçou.
- Se eu poder ajudar,ajudarei - jurou ele - mas você não vai morrer aos 36 anos.
- Espero.

  Mais tarde, Endrew saiu dizendo que teria que estudar,mas que se precisasse dele poderia chamar.
  A noite foi bem complicada.  Vômitos,tontura, pressão baixa,enxaquecas,fraqueza,dores musculares,laringite e falta de apetite. Na manhã,eu não aguentava mais nada e só conseguia dormir. Recebi visitas,depois do almoço,de alguns alunos,eles lamentavam pelo meu mal-estar e mandavam cartas.

- Com licença,professora - pediu Draco.
- Achei que não viria. - falei.
- Eu não queria ser mais um incômodo. - murmurou.
- Que isso! Não se sinta tão pessimista.
  Tentei beber um copo d'água ao engolir minha garganta doeu.
- Professora,vai ficar melhor?
- Não tenho certeza.
   Ele ficou quieto. Sabia que ele estava tentando ser gentil, algo que não é costumado a ser.
- Seu filho é muito legal - elogiou ele - você deve ser uma ótima mãe.
- Obrigada.
  Ele voltou ao silêncio e dessa vez me pronunciei:
- Você também está mal. Pálido e magro. E posso ver que não dorme.
- Estou bem.
- Draco,eu sei o que está fazendo.
   Seus olhos se arregalaram.
- Sei que você foi o responsável pelo caso da Kátia e do veneno. - falei.
  Ele se levantou e tentou argumentar contra mim.
- Foi bem complicado tenho que dizer - continuei - é bem astuto.
- Você não tem provas! - gritou ele.
- Você não quer fazer isso. Você está com medo. Draco,olhe para mim - levantei seu rosto.
  Seus olhos lacrimejaram. Ele me encarou e por um momento hesitou.
- Eu sinto muito... - chorou - Mas ele está me obrigando,ele vai me matar...
- Não vai. - interrompi - Porque você tem a mim. Eu vou te proteger. Eu prometo.
  Draco me abraçou e desabou.
- Eu realmente sinto muito. Realmente sinto muito. Ele quer que eu...
- Shhh,agora relaxe - retribuí o abraço - depois vamos ver isso.
  
   Pobre garoto.

Amor Venenoso- Severus Snape Onde histórias criam vida. Descubra agora