Naquela noite, Chris e eu dormimos no hotel.
Depois que eu deitei para dormir ele saiu e ficou fora até uma da manhã. Sem ele na cama eu não conseguia dormir. Além do desconforto que sentia com a barriga, a dor estava começando a voltar.
Quando Chris voltou para o quarto, entrou em silêncio, achando que eu estava dormindo, e foi para o banheiro. Eu me controlei muito para não levantar e ficar parada na frente da porta como uma assombração para assustar ele.
Ri, pensando em como isso seria maldoso.
— Do que você tá rindo? — pergunto, se ajoelhando na cama e passando o tronco por cima do meu, já que eu estava de costas para ele, beijando minha bochecha.
Eu nem tinha visto que ele já tinha terminado o banho. Seu cabelo molhado fazia cocegas em meu rosto.
— Onde você tava? — perguntei, me virando para ficar de frente para ele.
Saindo da cama e indo até a poltrona ao lado da porta, ele levantou uma sacola.
— Ai meu Deus! — falei, me ajoelhando. — Você comprou! — Dei pulos, vendo as embalagens de salgadinhos, doces e pipocas.
Eu estava há semanas comendo só coisas naturais, e isso que ele tinha trazido estava totalmente fora da minha alimentação. Na realidade, eu nunca tinha sido muito de comer esses tipos de lanches, mas ultimamente a boca salivava só de pensar.
— Tive que atravessar a cidade pra achar exatamente os que você gosta. A lista que a Lana mandou era incrivelmente exigente.
— Meu Deus, é um anjo mesmo! — Apertei sua cabeça contra meu peito e dei uma risada, beijando seu cabelo.
— O que a gente não faz por uma mulher gravida né... Mas só vai comer amanhã. Eu vi o pote daquela torta no lixo.
Dei uma risadinha, me balançando ajoelhada no colchão.
— Ops.
Chris sorriu, beijando meu nariz.
— Vamos dormir.
Ele foi apagar as luzes e então veio para a cama, se deitando ao meu lado. Ficou de bruços, o rosto virado para mim e a mão dentro da minha blusa, acariciando minha barriga. Sua pele quente aliviava a dor, e o bebê, que eu sentia estar inquieto, aos poucos se acalmou. Antes, ele tinha a mania de dormir com a mão no meu peito, mas agora era na barriga. Acho que ele nem notava a mudança de ato. Provavelmente nem notava antes o primeiro, quem dirá o segundo. Era algo muito automático.
— Tava falando com meu pai hoje... — comecei, olhando para o teto. — Ele acha que eu deveria me mudar.
— Se mudar?!
— É, mudar de casa.
— Ah... É... Acho que não vai caber um berço no seu quarto.
Por que todo mundo cita logo isso no começo?
— Pensei em trocar de quarto com a Lana, mas ela iria surtar em um quarto tão pequeno. E eu iria surtar sem minha janela.
— Então... Vai falar com ela para vocês se mudarem?
Respirei fundo, pensando nisso.
— Não sei se continuaríamos morando juntas. — Me virei na cama, ficando de frente para Chris e o olhei. — Já parou para pensar como vão ser as coisas daqui alguns meses? Você tem sua família no Equador, e durante os feriados você vai para lá. E se a gente continuar juntos, você vai querer passar o feriado com nosso filho, e eu vou junto. Mas eu também tenho a minha família aqui, e vou querer passar o feriado com eles. E nos aniversários? Nós vamos ao Equador, e deixamos os amigos que temos aqui de fora? Vamos fazer cada ano em um lugar?
Chris respirou fundo, fechando os olhos.
— Acha que não vamos continuar juntos? — perguntou, quando abriu os olhos.
Mordi a boca.
— É uma possibilidade, não é? — Cheguei o corpo para a frente. — Mas não vamos deixar ela acontecer, certo? — Passei meu rosto pelo seu, nossas bochechas encostadas.
— Certo.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, e eu achei que ele já tinha dormido, até se mexer embaixo de mim.
— Comprei algo para você — falou, se levantando da cama. Franzi a testa. — Já tem tempo, na verdade... Mas eu sempre esqueço de te dar. — Se ajoelhou em frente o criado mudo, abrindo a última gaveta. Fui ate a beirada da cama, curiosa. Ele pegou uma caixinha branca e voltou para a cama, se sentando na ponta. — É para você lembrar de mim... Sei que vou passar muito tempo fora, viajando para alguma parte do mundo, longe.
Ele me entregou a caixinha, e eu a abri. Dentro, no meio de um apoio de veludo, estava uma correntinha prata, com um pingente circular plano, preso em duas pontas. O circulo era de prata também, perfurado de forma a parecer o mapa mundi.
Segurando meu pulso e o virando, ele tirou a pulseira de dentro da caixa e a prendeu em meu braço.
— É um lembrete, de que mesmo estando longe, vou sempre voltar para vocês. — O olhei, enquanto ele levantava minha mão e beijava meu pulso.
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Consequences
FanfictionChristopher e Blair não estavam prontos para um relacionamento quando entraram em um, e muito menos para o que veio junto a ele: uma gravidez. Com um filho vindo, as coisas entre os dois ficam sérias mais rápido que o desejado. Enquanto Blair preci...