— Eu não acredito que você fez aquilo no carro dele! — fala Lana para Alissa, completamente chocada, enquanto voltávamos para o prédio da revista.
— Mas ele fez aquilo com a Blair. Foi o troco.
— Alissa! Não é assim que as coisas funcionam. Blair não tava com a cabeça no lugar, não deveria ter feito o que ela disse.
— Pode não se referir a mim como se eu não estivesse aqui? — pedi, andando na frente deles.
— Mas você não tava — argumentou, andando até chegar do meu lado. — Você melhor do que ninguém sabe que não se paga as coisas do mesmo lado da moeda. É totalmente contra isso.
— E eu deveria ter feito o que, hm? Ficado de braços cruzados?!
— Não sei... Mas aquilo foi...
— Chocante — completa Chris. Ele andava distraidamente atrás de Alissa, olhando perdido para a rua. Parecia realmente chocado.
— Você teria tacado fogo nele, Lana.
— De fato eu teria. E é exatamente isso, eu faço as coisas no impulso, você não. Qual o próximo passo? Cortar o cabelo?! — Me olhou assustada.
— Eu vou cortar o cabelo — contei, e ela arregalou os olhos.
Eu tinha cabelo grande desde os quinze anos, era realmente algo chocante eu dizer que iria cortar.
Depois disso, o silêncio reinou.
Até Alissa começar a pular de alegria.
— Meu Deus, foi muito emocionante fazer aquilo!
Não aguentei, soltando uma risada.
— Olha isso, você envenenou a menina. — Lana aponta para ela.
— Ah, e você não faz isso?! — Levantei a sobrancelha.
— Não sei do que tá falando... — murmurou, enrolando uma mecha do cabelo no dedo.
Eu ia responder, mas assim como na noite em que descobri que estava gravida, senti uma pontada aguda na nuca, minhas pernas fraquejaram e a última coisa que eu vi foram minhas mãos indo de encontro ao chão enquanto eu caia. Chris chamou pelo meu nome, e então eu apaguei.
Acordei horas depois, no hospital. Eu iria dizer que eles tinham exagerado ao me levar para lá, mas ao sentir como se uma faca tivesse atravessado minha barriga, achei melhor não reclamar.
E eu sabia qual era a sensação de algo pior que uma faca atravessando a barriga.
Chris estava sentado em uma poltrona, quase comendo as pontas dos dedos de nervosismo. Mas esse era o único sinal de emoção que demonstrava, o rosto estava incrivelmente sem expressão, rígido como uma pedra, com o maxilar travado.
A médica - que não era a Doutora Torres - chegou pouco depois que eu acordei, e me explicou o que tinha acontecido. Chris já sabia, e parecia muito desconfortável em ter que ouvir a explicação de novo.
Eu tive um inicio de aborto, gerado pelo estresse. A dor que eu senti, explicou, era devido a abertura da minha cicatriz. Doutora Torres tinha feito cálculos de simulação do quanto minha cicatriz abriria durante a gravidez, e disse que se passasse de certo tamanho, eu não conseguiria continuar até nove meses, e teria uma hemorragia interna, causando um aborto. Eu estava a pouco de atingir o limite.
Eu senti como se meu mundo tivesse desabando enquanto ela falava isso. Christopher não aguentou e saiu do quarto.
A médica disse que eu ficaria no hospital em observação, e que após receber alta teria que ficar de repouso por uns bons dias. Não prestei muita atenção no que ela falou, fiquei encarando a porta, esperando que Christopher voltasse. Ele não voltou.
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Consequences
FanfictionChristopher e Blair não estavam prontos para um relacionamento quando entraram em um, e muito menos para o que veio junto a ele: uma gravidez. Com um filho vindo, as coisas entre os dois ficam sérias mais rápido que o desejado. Enquanto Blair preci...