Capítulo 13: "Princesa ou princeso."

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Chris e eu mal voltamos para a festa e Lana já nos arrastou para a mesa do bolo. De mãos dadas, nós fomos até lá. Ao fundo, tocava Reggaeton Lento, e Chris ficou muito envergonhado. Parei atrás da mesa, com ele ao meu lado. O olhei, minha mão em seu peito e a sua em minha cintura.

Ele sorria, seus olhos brilhando de orgulho e felicidade. Eu queria muito poder tirar uma foto dele agora. Mas apenas o encarei, desejando guardar aquele instante na memória.

— Tá pronta? — Me olhou. — Para saber se vamos ter uma princesa ou um princeso — falou, me fazendo rir.

— To pronta.

Todos estavam nos encarando, e nós viramos de costas para eles, olhando a roda gigante, e todos acompanharam nosso olhar. A música mudou, e Primera Cita começou a tocar, em uma versão acústica apenas com a voz de Chris. Era a música que ele cantava para mim toda noite... Meu coração se apertou de amor.

Meu Deus, como eu amava aquele garoto, com todas as células do meu corpo.

Primeiro encontro... Sim, nossa história começou em nosso primeiro encontro.

Uma de minhas mãos também estava na cintura de Chris, e eu apertei o cox da sua calça, enquanto meu peito se apertava. Levantei o rosto, encarando a roda gigante...

Pétalas começaram a cair, e enquanto a cor delas se tornava nítida, a própria roda gigante mudava de cor.

O céu se tornou o mais puro azul, com as pétalas caindo e voando com o vento.

Era menino.

Olhei para Chris, que encarava tudo encantado, sorrindo.

Acho que eu nunca amei tanto alguém como ele naquele momento.

— Vamos ter um menino — falou, virando o rosto e me olhando.

— É um princeso.

Ele riu.

— Sim, é um princeso.

— Então, já temos um nome? — Levantei a sobrancelha.

— Ah, nós temos.

Nos viramos, bem quando o parabéns foi puxado. Chris ia sair do meu lado, mas eu o mantive ali.

— Tem que me ajudar a fazer um pedido — falei, segurando meu cabelo para atrás.

Quando os parabéns acabaram, Chris e eu nos inclinamos sobre as velas, as apagando juntas.

Eu não sabia o que pedir, apenas fechei os olhos por um segundo, e a imagem que veio a minha mente foi eu, Chris e uma criança em seu colo, sorrindo. Foi aquele o meu pedido.

— Será que deveria ter o com quem será? — perguntou Lana. — Eu diria que é comigo, claro. Não imagino ninguém mais perfeito.

Todos riram.

A festa continuou, e Chris e eu nos separamos por um tempo. Ele também tinha convidado seus amigos, apesar dos próprios garotos da banda não terem comparecido.

— Até quando vai ficar na cidade? — perguntei ao meu pai, enquanto sentávamos em um dos bancos, comendo o bolo.

— Só essa semana... Mas pretendo voltar quando o bebê nascer. Quando vai ser?

— Daqui quatro meses... — Soltei um suspiro. — Mas a médica acha que eu não vou aguentar até lá.

Ele ficou em silêncio, remexendo o bolo no prato. Eu sabia que ele queria dizer alguma coisa, mas só não tinha coragem. Após alguns minutos, finalmente falou:

— Falei com sua mãe...

Fechei a cara.

— Blair... Não acha que tá na hora de você também falar com ela? Contar que esta gravida. Ela iria gostar.

— Não me importo com o que ela gostaria.

Ele soltou um suspiro.

— Ela é sua mãe, Blair. Uma hora ou outra precisa perdoa-la.

Neguei com a cabeça.

— Não quero, pai. Não quero. Ela só me trás lembranças ruins, não preciso disso na minha vida agora.

Ele suspirou novamente, parecendo derrotado. Sabia que não podia levar aquela conversa a diante.

— Posso eu ao menos contar para ela que vai ser avó? — Me olhou.

— Faça o que quiser. Eu realmente não me importo.

Ele me olhou decepcionado, mas não surpreso. Por anos tentava me aproximar da minha mãe, mas eu já tinha deixado claro que isso não aconteceria.

A festa podia ter começado bem tranquila, com um digno clima de chá de revelação... Mas conforme a noite caia, luzes começavam a piscar e a música era extremamente alta.

Eu não tive ânimo para curtir, porque depois de tantas horas em pé e andando, meus pés começavam a doer. Fiquei sentada em um dos gigantes sofás, descalça, observando as pessoas.

— Quanta agitação... — falou Lana, vindo até mim e se sentando ao meu lado.

— To cansada — respondi, dando um sorriso fraco.

— Eu sei...

Ela estendeu a mão, e eu a peguei, entrelaçando nossos dedos. Tombei a cabeça para o lado, deitando-a em seu ombro.

— Obrigada pela festa.

— De nada.

Observamos a festa, com diversas pessoas pulando em um canto, outras rindo perto da roda gigante. Chris estava sendo arrastado pelos amigos para a cadeira gigante que dizia "papai do ano".

— Vai ser tudo diferente agora, não vai? — perguntou.

— Sim...

Mesmo sem ter falado nada com ela sobre eu estar pensando em me mudar, ela parecia já saber. Com o tempo, isso estava se tornando algo muito nítido.

A vontade de chorar subiu pela garganta, ao pensar em deixar Lana para trás. Levantei o rosto e a olhei.

— Vai ficar tudo bem... — falou, com os olhos brilhando em lágrimas. — Eu vou estar o tempo todo ao seu lado, e vai ser como se você nunca tivesse saído.

Balancei a cabeça, segurando o choro, mas logo falhando.

— Eu não tenho palavras para falar o quanto eu te amo, Lana. O quanto esses anos significaram para mim. Você é como uma parte minha, e te deixar vai ser a coisa mais difícil que eu vou ter que fazer.

— Mas é por uma boa causa. — Ela sorriu, com algumas lágrimas pingando. — Vai construir uma família, Blair.

— Você é minha família, Lana — falei, a abraçando. 

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