Capítulo 20: "Achei que não fosse acordar..."

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Eu ainda conseguia sentir o calor da mata quando despertei, meus ouvidos aos poucos despertando e o som do mar ficando para trás. O sonho sumiu, e eu senti o cheiro de hospital, o leve frio de Londres que penetrava o quarto.

Abri os olhos, logo me arrependendo ao notar como a luz estava forte. Pisquei, tentando me ajustar a claridade. Conforme eu recobrava a consciência, começava a ter conhecimento do meu corpo, e das dores por ele. Parecia que um trator tinha passado por cima de mim.

Virei o rosto, vendo Chris em um poltrona, com o rosto na beirada dela, dormindo.

— Olha quem acordou — disse um médico entrando no quarto. — Bem vinda de volta. — Veio até mim, checando os aparelhos. — Como se sente?

— Dolorida... E com sede.

— Vou pedir para trazerem algo para você. — Ele abaixou sua prancheta e me olhou.

— O que aconteceu? — perguntei.

— Bom, você teve uma hemorragia, e tivemos que te levar para a sala de cirurgia.

— Cadê meu filho? — Olhei para os lados.

— Ele tá na incubadora agora. Nasceu pré-maturo, vai ficar por um período lá. Mas já peço para trazerem ele para você. — Após tirar uma agulha do meu braço, ele a guardou.

— Por quanto tempo eu apaguei?

— Um dia e meio.

Arregalei os olhos.

— Tudo isso?

O médico riu.

— Você estava muito fraca, precisava descansar. E perdeu muito sangue.

— Isso é o que eu mais ouço... — resmunguei.

— Bom, vou pedir para trazerem algo para você. — E se retirou do quarto.

Virei o rosto, vendo Chris acordando. Ele piscou, enquanto se arrumava na poltrona. Quando me viu acordada, se assustou.

— Você acordou — falou, se levantando e vindo até a cama.

Soltei uma risada.

— Bem, sim.

— Achei que não fosse acordar... — confessou, escondendo as mãos no bolso da calça.

Franzi a testa. Isso era algo estranho para se dizer... Antes que eu pudesse responder algo uma enfermeira entrou no quarto, com um embrulho nos braços.

Chris sorriu, tirando as mãos do bolso e estendo os braços para pegar o filho. Sentei-me na cama com a ajuda da enfermeira, e Chris entregou o bebê para mim.

Ele era tão pequeno, enrolado em um cobertor azul. Estava com os olhos fechados, dormindo.

— É loiro... — falei, passando o dedo por sua cabeça e os poucos fios de cabelo que tinha. Levantei o rosto para Chris. — Ele já abriu os olhos?

— Aham — respondeu sorrindo. — São azuis.

Encarei a criança em meu colo, sentindo tanto amor e felicidade que eu achei que não caberia em mim.

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