CAPÍTULO SETE

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Meu dia estava cheio, duas vezes na semana visito as fêmeas e machos enfermos para tratar das suas feridas e saúde.
Tenho uma lista de pacientes que visito rotineiramente. Não posso deixá-los, amo meu dom e faço de tudo para ajudar.
É uma boa distração sem o Finn por perto não tenho com quem conversar. Minhas irmãs há séculos têm suas vidas formadas e suas próprias obrigações. Não posso importuná-las com meus problemas.
A verdadeira chateação é as fofocas no vilarejo, todos estão falando da minha suposta ligação com filho do Rei. Afinal, Midna é a melhor amiga da Pauline que está espalhando minha “traição” para todos os moradores do Vilarejo.
Alguns pacientes aconselham-me, pedindo sutilmente para agir com paciência e com cautela. Não posso aborrecer o Rei, dizem que Morfeu é seu filho mais querido. No entanto, porque o príncipe está planejando um golpe para acabar com o Reinado do Pai?
Morfeu tem uma cabeça perturbada, pensamentos confusos e sem nexo. Ele ficou mais sombrio com a morte da Fêmea que amou intensamente, ela lutou grávida na grande Guerra e morreu. Ele tem sete séculos de vida, duas escolhidas e porque não tem filhos? Essa é uma das perguntas que não deixam minha cabeça, queria ter a oportunidade de conversar, de conhecê-lo. Porém, não posso… Meu coração ama outro macho e por mais que minha ligação com o Morfeu possa ser intensa e forte, eu não quero abandonar o Finn. Podemos ter uma família feliz, só preciso me manter distante do príncipe.
Depois de visitar meu último paciente voltei para casa, tirando minhas luvas e meu avental de trabalho. Que dia cansativo e pesado, acho que vou preparar um ritual de purificação. Cada dia à doenças chegando no mundo imortal, era comum doenças fatais nos humanos. Mas o mundo está mudando dia após dia e as doenças estão alastrando-se no mundo imortal também.
Tirei o meu vestido, fico usando apenas uma simples anágua. Na cozinha procuro todos os preparos para meu ritual de purificação, preciso limpar qualquer vírus ou energia que venha causar algum mal para meu bebê.

— Bela como Sol; — uma voz grossa sussurrou dentro meu apartamento, meu corpo estremeceu. — Preciosa como uma esmeralda.

— Quem é você? — Gritei, pegando uma faca para me proteger.

— Você foi negociada; — era um macho, que conseguia disfarçar o seu cheiro com magia. — Não tem como fugir, minhas senhoras aguardam a sua presença.

— Negociada? — um nó formou-se na minha garganta.

— Sim, muuuito bem. — rosnou. — Você terá que vir comigo.

— Eu não vou a lugar nenhum com você! — olhei para porta, calculando a distância. Pense em um feitiço, pense em alguma coisa... Nada para legítima defesa chegava na minha cabeça, só feitiços de cura. Minha única alternativa era correr, mas antes que pudesse chegar a porta um ser horrendo materializou-se no meio da minha sala.
Ele tinha aparência de um troll, os dentes pontiagudos e uma boca larga que seguiam de encontro com as orelhas longas. Um nariz achatado e dele escorria uma gosma esverdeada. A pele era coberta por feridas, bernes e escamas. O cabelo cacheado e muito comprido, tinha uma estatura alta e braços fortes. Os dedos finos e as garras brilhavam como uma navalha.
Merda, era um Caortha, um demônio que alimenta-se dos vícios humanos. O demônio usava uma armadura negra, com um machado preso na lateral do corpo.

— Não vou matá-la, mas vou me divertir com você! Só precisamos da sua juventude, da sua vitalidade.

O ataque foi muito rápido, eu não consegui desviar do golpe que me acertou em cheio no rosto. Gritei por ajuda, implorando que alguém me salvasse. O demônio gargalhava com meu desespero, arrastava meu corpo no chão. Tentando fugir de alguma maneira, mas o macho segurou com força no meu cabelo, erguendo-me com facilidade.

— Tão inútil; — sinto uma dor lancinante quando o demônio golpeou meu estômago com um soco. — Uma fêmea fraca, que não consegue se defender sozinha. — Eu não podia me mover, os olhos negros do demônio analisaram meu perfil. — Eu acho que quebrei o seu maxilar. — gargalhou, acertando-me outro soco no estômago. Gritei, as lágrimas embaçaram minha visão.
— Por favor, Morfeu… — gemi, sentindo todo meu corpo arder impiedosamente.

Morfeu - O Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora