CAPÍTULO VINTE E SETE - MORFEU

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Meu filho vai chegar em uma noite fria e chuvosa, Yasmine está em trabalho de parto há mais de dez horas. Uma parteira que mora em uma fazenda próxima do Vilarejo tem ajudo, Savannah está saindo do quarto a todo momento em busca de água limpa.
Eu estou exausto.
Estou completamente derrotado.
Eu tenho 700 anos e só bastou três fêmeas para destruir com minha vida. Infelizmente, não sou mais o mesmo. Meu coração, minha essência, minha alma, tudo mudou. A renúncia delas me mostrou quando era fraco, o quanto dependia delas para viver. O quanto o amor delas era essencial na minha vida. Aprendi forçadamente a viver sem elas nesses últimos meses, agora não sei como vou me adaptar com a ideia de um mestiço.

— Beba; — ofereceu um cálice de sangue. — Você está péssimo.

Eu aceito, não é bom recusar uma boa quantidade de sangue. Principalmente em um momento que meus instintos estão descontrolados, a cada grito da minha escolhida de alma eu sinto uma vontade descontrolada de matar.

— Ela vai ficar bem, é uma fêmea forte. — disse Helled, com um olhar perdido.

— Você está livre!

— Estou livre, mas uniu nossas magias novamente. Por que?

— Porque você precisa do nosso vínculo, você não consegue viver sem ele. E quando eu quebrei a nossa ligação, você acabou definhando na frente de todos.

Os olhos dela encheram-se de lágrimas.

— Você não tinha esse direito, depois das escolhas erradas que tomou.

— É exatamente por esse motivo que estou a deixando livre. Viva com o humano se assim desejar. E seja feliz, Helled. — beijo o topo da sua cabeça e atravesso para fora do apartamento.

Os gritos da Yasmine estão me deixando agoniado, encontro meus soldados em um acampamento próximo da floresta e passo restante da noite afogando-me em bebidas, ficando bêbado e falando sobre histórias da Grande Guerra, faço o possível para cobrir esse vazio no meu peito. Inacreditável, como uma única decisão errada pode levá-lo a um caminho difícil e doloroso, eu aprendi a minha lição. No entanto, não vou conseguir seguir por muito tempo mantendo o meu autocontrole. Estou com medo, posso me tornar a qualquer momento o monstro que um dia só desejava sangue e desespero.

— Vamos acorde… — sinto leve tapinhas no meu rosto. — Que maravilha, um guerreiro lendário bêbado. Morfeu, vamos… Acorde! Você precisa conhecer o seu filho, ele é lindo!

Meu filho…
Cassandra? Mas ela morreu na guerra.

— Morfeu meu amor, acorde!

— Ele precisa de sangue, Savannah.

— E se ele renunciar? Eu tenho medo, Helled ele está tão perdido.

— Acho que temos uma grande porcentagem de culpa nesse comportamento, apenas corte o pulso de sangue a ele.

Acordo com um choro alto de um bebê, estava deitado em um sofá pequeno em uma sala muito decorada, com cores claras e flores. Sinto-me bem, sem uma sede de sangue constante, com minhas emoções controladas e principalmente meu poder.

— Que caralho; — estou sentindo uma dor da minha cabeça, que porcaria é essa? — Vampiros não sentem dores de cabeça.

— Realmente, não sentem. — Diz Helled, preparando alguma coisa cheirando a fritura na cozinha. — Mas você bebeu vários barris de cerveja e de vinho, acho que 5 ou 6 no total. Bebeu todos sozinho, como você conseguiu? — A fêmea riu. — Não faço a menor ideia, mas mandou todos os soldados ficarem longe enquanto tentava se matar com bebida alcoólica.

Um choro forte do bebê desperta-me, levanto-me imediatamente correndo até o quarto. O cheiro de sangue ainda era fresco, mas existia outro cheiro… Um cheiro, que pelos deuses, nunca conseguiria descrever. Era maravilhoso.
Yasmine estava amamentando nosso filho, a fêmea estava muito pálida e bastante abatida, mas a criança era perfeita.

Morfeu - O Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora