Morfeu - O Príncipe Sombrio

CAPÍTULO QUINZE

Finn foi meu segundo amor, eu acho que já amei uma vez. Mas era muito nova para diferenciar e entender esse sentimento.
Bom, quando morei na Ilha Norte eu conheci um humano. O nome dele era Stefan, ele tinha 26 anos e trabalhava como ferreiro.
A sua mãe tinha uma loja de sapatos e seu pai ajudava Stefan a criar belas espadas, lanças e machados. Eu passava horas com ele, observando o metal ser aquecido a mais de 700 graus e depois prensado, dobrado, martelado e mergulhado em água para poder ser moldado conforme foi solicitado pelos clientes.
Stefan acompanhava meus estudos, ele sempre foi um ótimo incentivador. Ajudava-me com meus livros e anotações, passávamos todos os dias juntos, eu não pensava no nosso futuro. Lembro-me que não gostava de imaginar ou planejar uma vida juntos. Eu, uma jovem Bruxa Imortal e Stefan, um homem humano que tinha o dom de confeccionar espadas imensamente afiadas. Um dia poderia perdê-lo para o tempo, infelizmente foi o que aconteceu… Stefan morreu com 27 anos, no começo do verão. Quando estamos celebrando a época das boas vendas e colheitas, é a estação que os poetas chamam de “a estação mais bela”, mas foi carregada de tristezas para mim.
Stefan e Finn, um mestiço e um homem humano.
Dois amores que passaram voando como um beija-flor na minha vida.
Dois ensinamentos: Às vezes o amor pode maltratar, dilacerar o seu coração. Pode trazer momentos difíceis para enfrentar. Mas, você vai encontrar pessoas queridas e amáveis no seu caminho.  
Existe o amor falso, que na maioria das vezes é expressado com presentes, falas traiçoeiras. E tem o amor singelo, que fica do seu lado enquanto você passa horas lendo um livro na biblioteca. Sem dizer uma única palavra, só lhe admirando.
Morfeu, é um príncipe forte, bonito e inteligente. No entanto, quando o seu coração estava repleto de ódio, amargura e rancor. Ele pensou no meu bem estar, pensou nos meus sentimentos e como me sentiria. Ele não matou o Finn porque sabia que a morte dele me causaria mais danos, ele sabia que meu coração não aceitaria essa morte. Eu sei o quanto é errado, mas sou uma curandeira que ama o milagre da vida.
Eu luto pelas vidas, eu amo curar e cuidar. Eu nasci para ser a presença da Deusa Airmid nesta terra. Não nasci para trazer morte e dor, eu nasci para transmitir luz e cura.

O vampiro ficou encarando-me atento e com certo receio. Levanto-me, espanando minha anágua.

— Há quanto tempo você está aqui? — Perguntei-lhe.

— Não faz muito tempo, você começou a gritar!

Fiquei inerte por um momento, será que é seguro sair do círculo? Morfeu estava com os olhos vermelhos, que indicam perigo.

— Eu estava gritando? — O macho afirma com a cabeça. — O quê?

— Você estava xingando o mestiço… — Morfeu passa as mãos pelo cabelo desgrenhado, o príncipe está usando apenas uma calça de malha. Como ele pode ser tudo que desejo? Tão Altruísta e Leal. — Yasmine, você quase me matou, eu não conseguia invadir o círculo…

— É um círculo mágico, protegido pelos quatros elementos. Ninguém consegue invadi-lo. — Interrompi, movendo-me em sua direção.

— É uma cerimônia de invocação? — gesticula na direção do círculo.

— Exatamente, eu estava invocando minha protetora. A deusa Airmid.

O macho suspirou profundamente.

— Você pediu para rever o Finn? — Morfeu não me encarou, na verdade, ele virou-se na direção oposta.

— Não, está errado! Eu queria saber sobre você; — o corpo rígido do macho relaxou, Morfeu fechou os olhos por alguns segundos. — Minha protetora me enviou para o passado! — dou mais alguns passos reduzindo os centímetros que nos separam. — Morfeu; — encara-me com tamanha cobiça que sinto meu ventre latejar de desejo. — Obrigada por tudo!