CAPÍTULO TRINTA E QUATRO - MORFEU

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"Um grito de socorro, eu estou caindo. Você consegue ouvir o grito da minha angústia? O desespero do meu medo? Fique comigo, continue caminhando do meu lado".

Eu me tornei o próprio pesadelo.
Eu me tornei a dor.
Matava todos que surgiam no meu caminho, enterrando as minhas garras e usando minha espada para decapitar Lobisomens sem treinamento e impacientes.
Minhas costas eram protegidas pelas asas, espadas quebravam-se quando tentavam atingi-las. Meu rosto era demoníaco, não queria que minha família me visse em tal forma. Mas minha raiva aumentava meu poder, meu ódio aumentavam a minha força.
Eu só queria encontrá-la.
Só queria meu filho. Nunca ouse roubar meu mundo, nunca encoste um dedo no meu filho.
Todos os guerreiros dos Clãs que aproximavam das minhas garras, presas e espada morriam, caiam dilacerados. Não eram muitos, eram famílias e um grupo pequeno de mil guerreiros. O Rei do Norte navegava de encontro com os outros Clãs que estão invadindo as nossas Ilhas aliadas.
Toda essa matança poderia ser evitada. Toda essa dor poderia ser impedida. Nossas escolhas nos levam para caminhos que às vezes não tem volta ou salvação.
Lutei com força, deixando meu ódio me cegar. Até um Senhor humano, entrar na minha frente ajoelhando-se, com mãos trêmulas ele tentava impedir um golpe fatal em um guerreiro.

— Meu Filho… — disse o Senhor. — Não buscamos guerra. Não buscamos dor.

Tombei a cabeça para o lado, pensando em qual maneira matá-lo. Um único golpe pode causar uma morte digna, mas ele era o grande Líder dos Brennus. Uma morte lenta e com ossos quebrados será mais honesta com meus sentimentos e ações neste momento.

— Eu só buscava um novo mundo.

— Quero minha esposa e meu filho; — Digo, segurando o homem para não fugir. — Eles são o meu mundo.

O Senhor sorriu, com a tristeza marejada no olhar.

— Mate-me de uma maneira digna. Mate-me e encontre meu filho. Ele causou toda essa guerra inútil e fria. O nome dele é Renlyn.

Nunca lhe daria uma morte digna, então, comecei com os olhos. Furando os olhos do idoso com uma adaga, depois para calar seus gritos arranco sua língua com um único movimento, rasgando a sua boca minhas garras. O deixei caído no chão, agonizando de dor e caminhei até Renlyn, buscando minha vingança.
O macho estava segurando meu filho quando o encontrei, uma fêmea mais bela que própria deusa Morrigan estava parada próxima de Renlyn com uma expressão entediada, mas seus olhos estão presos no meu filho que está com a mão esquerda ensanguentada. O cheiro de sangue de Dian enfureceu até mesmo a minha alma.

— Mais um passo aberração e vou matá-lo. — percorre a espada no pescoço do meu filho. — Um vampiro na sua forma bestial, que incrível; — gargalhou. — As lendas são verdadeiras.

— Sempre existirá verdades nas Lendas. — Respondo, observando cada detalhe da instalação que estávamos. Era um imenso salão de madeira, feito para banquetes e festas. O Clã de Brennus estava trabalhando bastante nos últimos meses para construir uma instalação digna de um Líder.

— Diga-me, onde está o Sino de Ferro. Aquele que levanta os Mortos.

A fêmea enrubesceu, encarando-me com um semblante assustado.

— O Sino de Ferro está perdido a milênios; — Diz a Fêmea receosa. — Como o encontrou?

— Um presente de um amigo. — Falei com um riso debochado. — De Merlin.

— Merlin? — Renlyn gargalhou, estremecendo. — Um Bruxo lendário?

— Na verdade, ele é um mago. — Respondeu Dian, ofegante, seu rosto estava pálido.

Filho, olhei para cima.

Ele assentiu, olhando para o lustre.

Preciso que você atravesse para o outro lado do salão.

"Eu não consigo, pai. Eu não sei me teletransportar"

Rosnei, controlando-me para não atacar sem raciocinar. Um lustre não vai segurá-lo, principalmente um mestiço. Mas posso ganhar tempo para afastar Dian e conseguir atacá-lo.

Imagine-se no outro lado da sala, foque seu poder em um lugar específico. Até sentir seu corpo mover-se com sua magia, deixe que ela guie você. Sinta sua magia, sinta o seu poder, guiando seu corpo, fluindo até a sua alma.

Meu filho concordou sutilmente com a cabeça, fechando os olhos. O garoto respirou fundo. Concentrando-se.
A fêmea incrivelmente bela e com um cheiro da própria morte, encarava Dian com esperança e certo encantamento. Como se soubesse o que o garoto estava prestes a fazer. E meu filho transforma-se em névoa negra e pura, sumindo dos braços do mestiço. O macho disparou um palavrão quando ataquei.

***

Yasmine estava caída no chão, com as pernas quebradas com fraturas expostas. Dian estava sentado do lado da mãe que lutava contra a dor, meu coração quebrou quando vejo o estado que está minha Escolhida de Alma. Renlyn teria um final esperado, primeiro precisava cuidar da minha família.
Dian se teletransportou para a câmara que a mãe estava sendo mantida, uma boa escolha, consegui encontrá-los rapidamente com sua orientação e cheiro. Do lado do filho Yasmine mantinha uma expressão calma apesar das dores. Eu não queria presenciar aquela cena por muito tempo, meu coração não estava preparado. Eu não estava preparado, Yasmine não se assustou quando abriu os olhos e presenciou um demônio de asas na sua frente, ela apenas sorriu.
Minha fêmea corajosa.
Meu amor mais poderoso.
Yasmine era a curandeira mais preparada da minha Corte e suas lesões levaram semanas para curar-se totalmente. Ela ficou desacordada por três dias, Dian não precisou de um cuidado extenso na mão. Ele queimou meu filho, ele quebrou as pernas da minha esposa e escolhida. O macho terá um fim que estava ansiando a cada minuto.
Renlyn estava preso na prisão do Castelo. Meu Reino não autorizava métodos de tortura, mas não foi difícil achar alguns instrumentos. Principalmente quando as suas cunhadas, Bruxas de sangue quente desejavam vingança.
A tortura do Renlyn foi lenta.
Louise sentiu prazer em separar os ossos da Carne. Rebeca queimou seus pés até o fogo derreter os nervos, Midna decidiu quebrar cada osso dos braços e não ficou satisfeita, até arrancar as unhas de cada dedo.
As gêmeas, essas foram mais ousadas quando introduziram objetos espinhosos no macho. Renlyn sentiu a dor de todas as maneiras possíveis, até falecer nas mãos das irmãs da minha esposa.
Nunca machuque as irmãs de uma Bruxa, esse foi um dos conselhos de Merlin quando o conheci.
Yasmine não tinha força nas pernas, minha escolhida tinha dificuldade para andar e cada tratamento das curandeiras mesmo com sua orientação era doloroso e difícil.
Encontrei meu filho sentado no Jardim do Castelo, encarando a mão esquerda com raiva.

— Filho, cicatrizes são uma prova da nossa força. — Digo, sentando-me do seu lado.

— Eu fui fraco, pai.

— Não, pelos deuses. Você foi muito corajoso; — beijo o topo da sua cabeça. — Eu estou muito orgulhoso.

Seus olhos enchem-se de lágrimas.

— Ela vai conseguir andar de novo? Por favor, diga que ela vai conseguir andar.

— Yasmine Brayan não desiste, ela não desistiu um único minuto. É claro que ela vai andar de novo.

Mesmo com as dificuldades e com as dores, ela vai continuar tentando. Não vai desistir, ainda é muito cedo para garantir uma melhora. Temos que manter paciência e persistir. Um dia de cada vez, uma cura de cada vez e vamos conseguir nos reerguer novamente depois desses ataques.

— Eu vou matá-la!

Encarei meu filho um pouco surpreso.

— Quem?

— A fêmea que tinha um cheiro de bolo de laranja.

Gargalhei, bolo de laranja? Dian Brayan, você é mesmo uma luz na minha vida.

— É sério pai, vou matá-la. Quando estiver forte e adulto.

Eu não faço ideia de quem é essa fêmea que perturba os pensamentos de um garotinho de 8 anos, Dian é apenas uma criança para pensar em vingança. Acredito que seu pensamento mudará com o passar dos anos e décadas. E a fêmea com cheiro de bolo de laranja será esquecida.

Morfeu - O Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora