CAPÍTULO VINTE E NOVE

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Ela tinha sido invocada, uma princesa sombria, com um sorriso macabro. Uma princesa de um Reino temido e assombroso. Ela não queria dividir seus dons, não deveria dividir seus conhecimentos com seres inferiores e podres. Ela era Senhora da Penitência, ela comandava os Exércitos Escarmentais. Ela era filha de Thuam, Senhora da Corte Intraterrena. Não pode ser invocada e desejada por um mero bastardo sem títulos ou poder.

— Você morrerá, não quero explicações. Eu quero apenas a sua morte. — Disse disparando sua raiva em cada palavra. O macho forte e desprovido de inteligência continuou ajoelhado no chão, demonstrando respeito e submissão. — Ótimo, eu gosto de gatinhos adestrados. — Zombou, rindo com desdém.

— Permissão para falar Senhora do Outro Mundo?

— Bom; — ela espreitou ao redor do macho que não tremeu de medo. Um comportamento interessante, ela tinha o dom de causar repulsa nos machos. Não pela aparência, ela era a Senhora da Corte Intraterrena e futura Rainha do Mundo dos Mortos. Tinha uma beleza de mover montanhas, poderia conquistar o próprio Secullus, o Rei dos deuses. Mas não tinha um cheiro agradável para os machos que vivem neste mundo fraco e horrendo. — Você me invocou, atrapalhou meu treino e acabou com a minha diversão.

— Minha Senhora…

— NÃO SOU A SUA SENHORA, BASTARDO.

O Poder da Princesa tremeu o chão, quebrou as paredes e destruiu todos os móveis que estavam na pequena sala.

— Perdão, perdão. Eu não queria insultá-la. Só quero a sua ajuda!

— Minha ajuda? — A fêmea gargalhou até perder o fôlego. O bastardo achava que era digno da sua ajuda? Digno do seu poder? A princesa estala a língua, debochando da audácia do macho. — Eu sou a Senhora da Corte Intraterrena, eu sou filha de Thuam. Os seres deste mundo nunca serão dignos da minha ajuda.

— Sou um seguidor, sou um dos devotos que rezam e pedem a sua proteção.

Um devoto? A princesa não gostava dos seres deste mundo, mas deveria admirar a coragem do bastardo. Ninguém invoca seres do Mundo dos Mortos, principalmente os Senhores e Senhoras de cada Corte.

— Vou ouvi-lo, diga-me o que quer devoto da Senhora da Penitência.

— Meu Clã implora por ajuda. Vivemos tempos difíceis. Não temos comida e não temos água. Os Reis das quatro ilhas estão negando qualquer ajuda, estão negando alimento para nossos filhos e esposas, estão matando nossos machos sem remorso ou arrependimento.

— Conheço os quatros Reis, conheço cada um deles. — Diz ela, pensando na Grande Guerra, relembrando dos tormentos dos mortos. Guerras são assombrosas para os dois Mundos. Todos perdem, todos encontram o sofrimento. Principalmente o Mundo que está encarregado de guiar as almas dos Mortos.

— Uma negociação será feita; — sugere ela. — Traga de cada Reino uma Alma para negociação. Uma vida por terras e alimentos. Estarei presente em cada conciliação, os Reis serão justos e não haverá morte.

— Sim minha Senhora.

A Princesa sorriu, a submissão dos machos deste mundo é gratificante. Se todos os machos do Outro Mundo fossem submissos, ela até pensaria em gerar um futuro herdeiro.

— Quero melhor quarto, você me invocou agora pretendo ficar.

O macho a encarou assustado.

— Fi-ficar?

— Exatamente, avise a todos que a Filha de Thuam, Senhora do Outro Mundo está presente em suas Terras.

— Vou mandar um aviso, minha Senhora. — macho levanta-se do chão, fazendo uma reverência em seguida.

O macho saiu da sala de invocação sentindo os ossos tremer, sentia o ódio puro pulsando em suas veias, no seu coração. Ele invocou a Senhora do Mundo dos Mortos para trazer sangue, destruição e morte. Ele não poderia seguir as escolhas do pai, dos irmãos e principalmente da deusa que sempre adorou e pediu proteção. Ele imaginava uma Princesa sanguinária, que desejaria mais morte para o seu adorado mundo.
Ela pensa em negociação e reconciliações.
Ele pensa em morte e guerras, o macho não pode ignorar o seu destino. Ele é futuro líder dos Brennus, um Clã que busca justiça e vingança. Morfeu Brayan o Rei da Ilha Sul, matou a metade dos seus guerreiros. Tudo que ele deseja é arrancar a glória do Rei.
Agora precisa preocupar-se com uma Princesa assombrosa, que pensa em paz.

— Meu Lorde! — um servo faz uma leve reverência. — Tem boas notícias.

— Entrem no Reino de Chamber e tragam-me a Senhora da Corte, aquela que é mãe do primogênito.

— Senhor, desculpe a minha intromissão. Mas não deveria ser a futura Rainha?

O macho riu, um servo não entenderia a importância da fêmea. Ela gerou um primogênito, tem os mesmos direitos que uma Rainha. Ela é mãe do futuro Rei, do herdeiro de Chamber.

— Apenas tragam-me a mãe do primogênito.

Morfeu - O Príncipe SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora