Capítulo I

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Capítulo I

Faz algum tempo que os humanos perderam a essência do nome pelo qual são diferenciados dos outros animais. Eles matam-se entre si, e na maioria das vezes, por coisas fúteis, e que não fazem diferença alguma em suas vidas, apenas pelo desejo de sentirem-se superiores perante os outros.

Surgiram guerras ao longo da história da humanidade, cujo único objetivo era possuir muito mais do que o outro. Fazendo do ser humano o pior inimigo dele próprio.

Apensar de todos os humanos serem cruéis e frios uns com os outros, há uma pequena percentagem da sua personalidade que faz deles humanos. Por mais que matem ou desejem matar, em algum momento algo, ou alguém os faz desistir da ideia.

Cada um possui uma ideia diferente, mas certas pessoas afirmam que pode ser algo, ou alguém que frequentemente se encontra junto de nós. Não conseguimos ver, nem tocar, nem mesmo sentir sua presença. Trata-se do anjo da guarda.

Antes da sua morte, Rui instruiu Valentina para ser sempre bondosa com os outros, independente da sua origem, cor e crenças. Aprendeu a ter honestidade, humildade e generosidade, porque ele sempre acreditou que recebemos em troca tudo aquilo que damos aos outros. Embora alguns discordem da teoria isso não faz dela totalmente errada.

Ao longo dos seus dias de vida, Rui Miguel dedicou-se em moldar a melhor personalidade para cada filho seu. Valentina, sua filha mais velha cresceu acreditando que todos os homens eram como o pai, honestos e generosos. Aprendeu a perdoar e a dar uma nova oportunidade ás pessoas, mas há quem diga que isso fez dela uma pessoa muito ingênua, e fácil de manipular.

Aprendeu a orar com ele, e toda vez que sentia medo orava e pedia para o seu anjo da guarda orar junto, mesmo sem escutá-lo ela acreditava que ele a respondia.

Anos depois da morte do pai, Valentina aprendeu a se virar sozinha para ajudar a mãe e ao irmão mais novo. Ganhou uma bolsa de estudos numa das universidades de Moçambique e procurou um emprego numa cidade longe de casa.

Sua vida era monótona, porém tranquila e não saía com frequência durante a noite. Seu namorado se aproveitava disso, por sorte, ela tinha amigas bastante controladoras que não deixariam sua amiga sofrer por culpa de alguém que não valia a sua bondade.

─ Valentina, o quê pretende fazer amanhã à noite? – perguntou Lola sua colega de trabalho.

─Ver um filme qualquer de terror. – respondeu ela. Como sempre procurava uma forma de escapar das saídas noturnas que suas colegas faziam.

─ Amiga. Você precisa sair mais e se divertir. – disse Jéssica, sua outra colega.

Mais do que colegas de trabalho, Jéssica e Lola, eram suas melhores amigas, as primeiras amigas que teve longe de casa.

─ Vocês sabem que não gosto de sair durante a noite para consumir álcool. – insistiu na tentativa de convencê-las a desistirem.

─ Desse jeito até seu namorado te irá fugir. – brincou Lola. – Precisa ver se ele não fica por aí te traindo com outras. E, além disso, nós não bebemos toda vez que saímos. Só queremos passar um tempo com a nossa melhor amiga.

Elas sabiam que tipo de namorado a amiga tinha, ele a traia com qualquer mulher que lhe desejasse também. Com a sua rotina monótona, era muito fácil o Carlos enganá-la com outras. Mas dessa vez, suas amigas queriam pôr um final nisso, era doloroso ver a amiga sendo tratada como se fosse nada.

Dizer-lhe a verdade talvez fosse um caminho fácil, mas ela era cegamente apaixonada, não aceitaria com facilidade a ideia de que o namorado era um idiota.

Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].  Onde histórias criam vida. Descubra agora