Capítulo XXXIV

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Capítulo XXXIV

A viagem levou cerca de três horas. Ele não sabia ao certo para onde ir, mas de qualquer forma, a consciência pesada fez com ele seguisse em diante.

Suas mãos no volante estavam suadas e, as batidas do coração aceleradas. Não parava de pensar na ameaça de Kesabel e, precisava fazer algo antes que pessoas inocentes se ferissem.

Se o meu plano não resultar, irei atrás da família dela para fazê-la sofrer.

Essas palavras não paravam de perturbar sua mente. Porém, embora tenha compactuado com os planos sujos dela, o seu lado humano se ativou e precisou tomar atitude. Kesabel era vingativa e, não iria deixar Valentina escapar dessa sem sofrer.

─ Me desculpa por não ter feito nada para impedir sua morte. – disse arrependido. – Mas não deixarei sua mãe e irmão se machucarem.

A ansiedade estava pelos altos, mas assim que viu a placa de boas vindas à vila onde Valentina nasceu ele suspirou aliviado. Quase todos se conheciam, por isso perguntava a qualquer um que encontrava na rua a localização da casa dela.

Um grupo de jovens uniformizados estava parado do lado de fora de uma escola e, Samuel parou e chamou por um deles que se aproximou com receio.

─ Bom dia! – disse ele.

─ Bom dia.

─ Você conhece uma senhora chamada Rosa Miguel? Ela tem dois filhos, a mais velha é Valentina e o mais novo Maurício.

O rapaz se virou para os amigos e depois voltou a olha-lo.

─ O que quer com eles?

─ Sou o namorado da Valentina, ela está doente e preciso falar com a família.

Samuel tremia enquanto falava por isso, o rapaz suspeitou dele. Mas mentir foi a única forma de fazer o menino falar, pois ele parecia saber de algo.

Ele voltou a olhar os amigos e gritou chamando por Maurício. Samuel espreitou e viu um adolescente se aproximar. Tinha alguns traços semelhantes aos de Valentina, tais como a boca e o nariz e, Samuel simplesmente concluiu se tratar do irmão.

─ Esse senhor disse ser o namorado da sua irmã. – assim que ele falou se retirou e voltou para o grupo.

─ Meu nome é Samuel.

─ Eu sei. – respondeu procurando no carro se a irmã estava lá. – E a minha irmã?

─ Entra no carro, vamos ter com a sua mãe antes.

Diferente da Valentina, a Rosa não teve a oportunidade de concluir com os estudos, mas sempre fez de tudo para fazer os filhos alcançarem tudo que ela não teve a chance de realizar. Nasceu numa família humilde e, apenas Rui, seu marido fez a faculdade. Por isso, com a sua morte, vários problemas surgiram e Rosa teve de aproveitar o clima da região para aplicar a agricultura.

Era a única forma de ajudar sua filha a fazer faculdade, principalmente sendo ela viúva e desempregada.

Com ajuda de alguns trabalhadores seus, ela construiu um negócio e pagou o primeiro ano de faculdade da filha. Até que, Valentina decidiu trabalhar para ajudá-la.

Por isso, havia dois sítios prováveis de encontrá-la. Na sua machamba ou em casa.

─ Me leva para lá. – disse Samuel depois de o menino entrar no carro e, explicar a ele onde a mãe gostava de estar.

Eles saíram de carro até a machamba de Rosa e, em apenas vinte minutos chegaram ao local.

Normalmente o lugar nunca ficava vazio, mesmo de noite havia pelo menos um segurança por lá. Mas naquela hora, assim que Samuel e Maurício chegaram ninguém estava lá. Os empregados que regavam os cultivos e colhiam, não estavam mais lá.

Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].  Onde histórias criam vida. Descubra agora