Capítulo XXXVI

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Capítulo XXXVI

Depois de quatro horas de viagem, eles finalmente chegaram a casa de Valentina. Havia sido uma péssima semana e, os últimos três dias tinham sido os piores para Valentina.

Assim que chegaram à sua casa, ela foi diretamente para o banho, pois necessitava relaxar e descansar. Não seria fácil a partir daquele momento. Porque ela teria que cuidar da transferência do seu irmão e, cuidar dele sem ajuda dos seus pais. Parecia uma tarefa difícil e muita responsabilidade.

Enterrar o seu pai foi doloroso para ela. Mas com a sua mãe foi pior. Ela sentia culpa por aquilo ter acontecido. Se não tivesse se envolvido com o Lucas, Kesabel não teria se vingado dela da pior maneira. Mesmo sendo consolada, ela não sabia como agir depois de perder os seus pais e, ficar com uma responsabilidade tão pesada, como a de cuidar do seu irmão de catorze anos, sozinha.

Mas por ser a única responsável por ele, necessitava mostrar força e muita maturidade para que o irmão também encontrasse conforto depois de tudo.

─ Lucas – chamou Maurício. – você acha que a minha irmã vai ficar bem?

─ Ela é forte, assim como o vosso pai ensinou. – ele o abraçou e, depois se sentaram no sofá. – Rui queria que vocês fossem corajosos e destemidos. Principalmente você. Sabe o porquê disso?

─ Não!

─ Seu pai sabia que coisas ruins aconteceriam. Por isso, queria que você, sendo o homem da casa, cuidasse da sua mãe e irmã. E agora, você precisará ser corajoso e forte para cuidar de Valentina.

─ Você estava mesmo presente quando éramos pequenos? É mesmo o anjo da minha irmã?

─ Sim. Eu era anjo, mas continuo sendo o guardião de Valentina, mas na forma humana.

Jéssica e Azazyel foram à cozinha e, prepararam um lanche para todos. O momento era de muita tristeza, visto que nada podia ser feito para reverter a situação. Nem mesmo o Lucas podia fazer algo, porém, Maurício entendia que, certas coisas más aconteciam para ensinar alguma coisa. Embora fosse complicado entender ou aceitar.

Mas Valentina não aceitava. Perder seu pai tinha sido o suficiente para fazê-la amadurecer, se era essa a lição que precisava aprender com a morte dele.

Após o banho, Valentina se vestiu e ficou deitada na cama. Pretendia passar a tarde chorando sem ser vista pelo irmão, porque dessa forma, ela não podia ficar frágil diante dele. Depois de fingir coragem na cerimónia inteira, ela sentia-se merecedora de alguns minutos, ou horas de choro pela sua perda.

─ Me desculpe pai. – disse chorando abraçada ao travesseiro. – Mas eu terei que me vingar disso.

Ao longo da sua infância e adolescência, tinha feito tudo que seu pai ensinara a ela. Mas depois de tudo que Kesabel fez, ela desejou fazer alguma coisa para fazê-la pagar. Tudo aquilo era injusto demais, pois as pessoas faziam-lhe mal e, ela simplesmente ignorava e perdoava. Mas a morte da sua mãe era imperdoável.

─ Preciso fazer alguma coisa. – falou limpando as lágrimas com a mão. – Depois eu chorarei por toda a dor que esse demônio me causou até agora.

Segundos depois, alguém bateu na porta do seu quarto e, ela deu permissão para que entrasse. Era o seu irmão. Ele foi até a cama e viu os olhos vermelhos da irmã e sentou-se com ela. Deu um abraço nela para que achasse consolo na sua demonstração de afago.

─ Eu estou aqui por você maninha. – disse o irmão. – Prometo cuidar de você sempre. – Valentina sorriu de tão orgulhosa que estava.

─ Eu te amo. – foram as únicas palavras que conseguiu dizer.

Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].  Onde histórias criam vida. Descubra agora