Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].

Capítulo XX

Capítulo XX

─ Por enquanto a única forma de deter a Kesabel é através do seu grimório. – disse Azazyel. Após a noite anterior ele não conseguia mais encarar Jéssica por medo de confundi-la com Isadora. A vibração que sentiu ao beijá-la foi incomparável, mas talvez fosse igualmente destruidora. – Porém temos que esperar ela agir. No momento não podemos fazer nada, nem mesmo eu posso.

─ Eu tenho guardado o grimório, mas ele não me pertence.

Desde a aparição de Azazyel, Cristian não voltou a procurar por Jéssica, nem ela foi atrás dele. Tinha medo de acabar se envolvendo num negócio que o levaria a morte, pois sabia que não era inteligente um ser humano confiar num demônio. Mas Jéssica não media as consequências disso, por amor as suas amigas mostrou ser capaz de tudo e um pouco mais.

A aliança entre os dois significava uma ameaça para Kesabel e Samuel, principalmente pela presença física de Lucas. Por inveja, Kesabel usou humanos para matarem Isadora, não aceitava o fato de Azazyel ter encontrado o amor recíproco. Antes de tudo, ela tentou convencer Lucas a ficar com ela, mas por sua lealdade ele a rejeitou, contudo por Valentina ele foi capaz de seguir as linhas do seu destino, e isso significava uma afronta a obsessão que ela tinha por Lucas.

Samuel estava no seu escritório quando Kesabel apareceu em sua frente, assustou-se porque não esperava por ela naquele lugar.

─ Quer me matar é?

─ Você precisa se aproximar de Jéssica e ficar com o maldito livro! – gritou revoltada.

─ Calma meu amor, minha secretária pode escutar você. – falou baixinho para que ninguém os escutasse. – Como farei para levar o livro? Ela me odeia.

─ Organize algo e que seja na casa dela.

─ Pode deixar! Posso esperar por você essa noite?

─ Só quando me entregar o livro Samuel. – Kesabel falou tocando no rosto dele e sumiu da mesma forma que apareceu.

Saiu da sua cadeira e caminhou de um lado para o outro, nervoso e ansioso. Tudo aquilo era demasiado para ele, em certos momentos amaldiçoava o dia em que se deixou levar pelo desejo e entregou-se aquela mulher, que de mulher não tinha nada. Era um demônio que carregava um ódio profundo por uma mulher inocente. Samuel serviu uma bebida forte para relaxar, e procurou entender os motivos de Kesabel.

─ Ela diz me amar, mas no fundo sei que ama aquele idiota perfeito. – resmunga e vira todo líquido do copo. Voltou a servir o álcool e caminhou até a janela do seu escritório levando o copo na mão.

Observou as nuvens no céu que denunciavam outra chuva. Depois da tempestade do outro dia, a cidade estava um caus, havia árvores caídas que dificultavam o movimento, folhas espalhadas por toda a parte e muita água nas estradas. Ficar com Valentina naquela noite fria e chuvosa o ajudou a perceber o erro que estava prestes a cometer, ela dizia amá-lo e nunca antes uma mulher tinha sido tão doce e amável com ele como sua namorada. Bebeu todo o álcool e suspirou frustrado com sua nova vida. Não sabia se estava a fazer a coisa certa, mas sua paixão doentia por Kesabel o obrigava a fazer a sua vontade.

─ Valentina não merece o que lhe espera, mas não posso fazer nada para evitar o pior. – diz pegando o celular no bolso da calça e digita uma mensagem para ela.

No final do dia, Valentina preparou-se para as suas aulas mais cedo. Nos últimos dias ela se atrasava, o que preocupava os colegas já que sempre foi uma das primeiras a chegar à sala. Recebeu uma mensagem de Samuel e sorriu encantada com o seu gesto.

Suas aulas decorreram normalmente, e assim que elas terminaram, ela procurou por companhia para voltar a sua casa. Eram aproximadamente onze horas da noite e a única que seguia o mesmo caminho que ela acabava de ter um bebê e Samuel não podia levá-la. Era complicado estudar no período de noite, pois o caminho que ela usava era escuro e o lugar perfeito para bandidos se esconderem. Ela amava usar atalhos, mas fazê-lo sozinha no meio da noite parecia perigoso, mas estava cansada e desejava chegar a casa e se banhar por longos minutos com água quente.