Capítulo XXIV

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Capítulo XXIV

Quando finalmente acordou, ela abriu lentamente os olhos. Mas sentiu braços fortes, dando-lhe calor e proteção. Seu corpo reagiu de imediato, cada partícula que faz parte de si, arrepiou-se em questão de segundos. Ela tentou adivinhar de quem seriam aqueles braços, musculados e quentes. Todo o corpo do ser ao seu lado estava quente, ela sentiu-se segura e em paz. Não queria acabar com aquela sensação, deliciosa e acolhedora. Virou-se devagar sem deixar o ser ao seu lado perceber, e viu o seu rosto. Era lindo, ele estava com os olhos fechados e não viu Jéssica observando-o, com calma e paciência. Parecia estar decifrando ele. Como um ser tão orgulhoso e grosso como ele, podia ser tão lindo visto daquela forma. Virou-se por completo com os olhos fechados, não queria que ele visse que já estava acordada. Abriu devagar os olhos e o viu ainda com os olhos fechados.

Os seres sobrenaturais também dormem? – pensou.

Levantou sua mão com cuidado e tocou-lhe o rosto, era perigosamente lindo e seus braços fortes a fizeram soltar suspiros de admiração. Azazyel podia mudar de formas, podia ter qualquer rosto humano que quisesse, mas aquele que possuía era o seu rosto original, o que tinha antes de cair e se tornar maligno.

Após sua experiência com Isadora, ele decidiu nunca mais mudar de forma, a não ser para sua forma humana ou demoníaca.

Sem perceber, Jéssica sentiu-se mais segura com ele ao seu lado, na sua cama e protegendo-lhe sabe-se lá de o quê. Não se lembrava de nada do que havia ocorrido à tarde, ela não procurou pensar muito naquilo e concentrou-se apenas naquele momento. No momento em que se sentiu viva, segura e desumanamente atraída, pelo ser menos provável. Aquele ser, possuidor de uma arrogância que não caberia em humano algum, tão orgulhoso, tão prepotente.

─ Se fosse sempre assim, e fizesse um esforço para mudar, eu até faria isso que você quer. – Jéssica sussurrou olhando para o rosto lindo de Azazyel, e ele a escutou.

Azazyel não dormia de verdade, fechar os olhos foi apenas uma forma de se segurar para não ter que confundi-la com outra. Ele passara a tarde tocando seu rosto, desejando que aquela fosse sua mulher, Isadora. Era complicado estar diante de uma mulher, que se parecia fisicamente em tudo com a mulher que tanto amou. A mulher que tentou mudá-lo, e fez com que por algum tempo, se esquecesse do que ele realmente era.

─ Você é tão lindo Zael – sussurrou novamente e ele abriu seus olhos. Jéssica se assustou e tentou escapar de seus braços, mas um frio terrível se apoderou do seu corpo e Azazyel, voltou a abraçá-la.

Ele não falou nada, simplesmente voltou a deitar-se com ela em seus braços. Passou sua mão em seus cabelos e garantiu que, o frio voltasse a desaparecer, como fizera várias horas antes de ela acordar. Sua atitude assustou Jéssica, jamais imaginaria estar nos braços de um ser considerado maligno.

─ Não se assuste Jéssica, só quero que fique bem logo. – ele a olhou e sorriu, foi estranho vê-lo sorrir de forma natural, ela não sabia como reagir, mas entrou no seu jogo e sorriu também.

Decidiu não confiar nele, pois sabia que ele, assim como todos os anjos caídos, era manipulador e sedutor. Portanto, decidiu não se deixar levar por aquelas atitudes, podia estar a fingir para conseguir o que Cristian havia dito usar seu corpo para se divertir. Deveras, ele queria usar seu corpo, mas não daquela forma, nada daquilo passava pela mente desesperada de Azazyel. Tudo que ele desejava com seu corpo, era poder usá-lo colocando nele outra alma. Outra mulher, a única que ousou dar amor a ele sem mesmo ter certeza se um ser igual a ele poderia sentir algo tão belo.

─ Me chame por Zael novamente. – suplicou Azazyel em desespero. Queria fantasiar com ela, como se finalmente tivesse trazido Isadora de volta a vida. – Por favor, Jéssica.

Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].  Onde histórias criam vida. Descubra agora