Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].

Capítulo II

Capítulo II

Não era a primeira vez que Valentina sofria uma decepção tão grande como aquela. Confiava na pessoa, amava sinceramente e no final ela sempre terminava numa profunda decepção.

Várias semanas se passaram e sua dor aos poucos começou a desfalcar, estava certa de que tudo acontece por um propósito. Por mais difícil que fosse aceitar, que durante o tempo em que juntos estiveram para ele não significou nada, ela preferia superar o acontecimento de maneira inteligente.

Suas amigas como sempre, deram seu apoio mantendo-lhe ocupada, assim ela não pensaria muito naquela madrugada.

Estava decidida a esquecer-se do Carlos e seguir em frente, se possível com outra pessoa. Mas que essa seria definitivamente a última vez em que confiaria nos homens.

Trabalhar e estudar eram atividades suficientes para manter sua mente ocupada, não iria mais desanimar por causa de alguém que não valia a pena. Era suficiente ser considerada ingênua e se aproveitarem disso.

─ Bom dia! – disse um cliente que acabava de entrar. – preciso destes remédios aqui.

Entregou a receita médica e ficou observando Valentina discretamente, parecia estar impressionado com ela, mas pela forma com que a analisava era como se soubesse o que fazia. Parecia conhecer Valentina.

Jéssica recebeu a receita e mostrou a Valentina que foi levar os remédios que o cliente precisava. Lola verificou o preço e disse ao cliente que não parava de olhar para Valentina.

─ Senhor? – o cliente assustou-se e sorriu envergonhado. – São 500 meticais no total.

─ Ah! Certo. – tirou dinheiro da carteira e o entregou a Lola, Valentina entregou os remédios a ele. – Muito obrigada.

Caminhou até a saída da farmácia e antes de abrir a porta voltou a encarar Valentina, deixou escapar um sorriso capaz de deixar qualquer mulher com as bochechas a arder, mas Valentina não se deixou levar. Ainda pensava na dor que Carlos causou a ela e não estava no clima para ficar encantada por homem nenhum, por mais lindo que fosse.

─ Tchau senhor! – disse Jéssica ao entender as intenções daquele homem.

Ele sentiu-se envergonhado novamente e se retirou do estabelecimento.

─ Não devia tê-lo tratado assim Jéssica, ele pode reclamar para a nossa gerente. – retrucou Lola.

─ Ele não parava de sorrir para nossa amiga. – justificou.

─ Me pareceu simpático, além disso, é lindo e forte. – disse Lola. – Talvez seja o homem da vida da nossa melhor amiga.

─ Me pareceu mulherengo. – na maioria das vezes Jéssica estava certa em relação às pessoas, principalmente aos homens e por causa dessa intuição ela preferia não se apegar a nenhum deles.

Não conseguia acreditar nos homens por isso ficava com quem ela desejasse no momento. Uns criticavam, mas ela nunca se importou com a opinião dos outros, talvez fosse isso o que a fazia muito feliz, ignorar o modo de pensar dos outros em relação a sua vida.

─ Os mais bonitos são os piores e esse que acabou de sair é um deles. – disse finalmente Valentina.

Seu coração ainda estava fragmentado, mesmo que o tempo estivesse passando a dor era imensa e insuportável. O processo de cura depois da hipocrisia de Carlos era lento. Por mais forte que ela fosse não sabia como refazer sua vida com outra pessoa, nem ao menos voltar a confiar em alguém.

O tempo foi passando e as feridas do coração foram cicatrizando aos poucos. Colocava cada vez mais em prática tudo que aprendera com seu pai, ter fé e coragem para enfrentar as dores e isso fazia sua alma se reconciliar com a vida, que desde a morte do seu herói foi causando-lhe imensas dores e torturas.