Capítulo XIX

192 84 139
                                    

Capítulo XIX

A tempestade continuava agressiva, folhas e galhos das árvores caíam e alguns pedaços batiam os vidros dos carros na estrada, o frio era com certeza insuportável. Lucas ainda não se sentia confortável com a presença de Samuel. Ele beijava Valentina com a intensão de causar-lhe ciúmes. Jéssica não podia fazer nada, embora sua vontade fosse estrangular Samuel. Ele sabia quem era o Lucas, e vendo-o pessoalmente percebeu que era uma ameaça, visto que o guardião de Valentina era cheio de graciosidade e elegância e desumanamente atraente.

Já havia passado a hora de fechar a farmácia, porém era impossível sair de lá no meio daquele caus. Houve vários acidentes na rodovia e não tinha como saírem de lá naquele momento. Estariam presos até que a natureza decidisse acabar com a fúria.

Valentina verificou as mensagens do grupo da sua turma e soltou um suspiro de alívio. Eram quase vinte e uma horas e estava preocupada com as suas aulas.

─ Disseram que não teve aulas hoje. – falou mergulhando nos braços fortes de Samuel. – Tinha uma avaliação importante.

─ Do jeito que está lá fora foi a melhor decisão – respondeu Lola. – Há previsão de a chuva durar a noite inteira.

─ Não! – respondeu Lucas. – Vai parar de chover daqui há pouco. – afirmou sem dúvida alguma.

─ Você é o quê? Um ser com poderes sobrenaturais? – questionou Samuel com o tom de deboche.

─ Não! – Jéssica interrompeu Lucas antes que falasse besteira. – Meu primo fez o curso de meteorologia. – mentiu disfarçando o nervosismo.

Samuel abraçou forte a sua namorada e encarou Lucas, ele queria causar nele ciúmes, e parece que estava a ter resultados. Mesmo sem saber descrever tudo que Lucas sentia naquele momento, de uma coisa estava certo, não lhe agradavam nada aqueles sentimentos de raiva e dor no peito, eram coisas novas e difíceis de suportar.

Eles tremiam de frio, pois nenhum deles imaginava que a chuva seria tão intensa ao ponto de ela acabar com os quase 40 graus. Lucas viu Valentina totalmente arrepiada e mergulhada nos braços de Samuel tentando se aquecer, e ao vê-la assim, lembrou-se do que fazia para deixá-la aquecida e confortável. Ele a cobria por inteiro dentro das suas asas, e assim ela sentia calor, paz e muita tranquilidade. Samuel abraçou Valentina e beijou sua testa, encarou Lucas novamente e sorriu vitorioso.

─ Jéssica! – Lucas sussurrou no ouvido dela. – O que é isso que sinto?

─ Me explica melhor. – sussurrou de volta.

─ O vejo fazer carinho nela e meu peito aquece, sei que é raiva, mas não é só isso!

─ Isso é ciúme, te explico em detalhes assim que sairmos daqui.

Trinta minutos se passaram e cada vez mais a natureza se acalmava, a chuva não parou, mas as coisas ficaram amenas. As ruas começaram a ficar menos perigosas e Samuel decidiu levar Valentina para casa antes que voltasse a chover demasiado.

Ela olhou para Lucas e sorriu, sabia que existia algo misterioso naquele homem, porque ele não parou de observá-la durante as horas em que ficaram presos naquela farmácia.

─ Vocês vêm conosco meninas? – perguntou Valentina se levantando do sofá.

─ Não amiga, o Lucas nos irá deixar na minha casa. – Jéssica não queria mais saber de Samuel, por isso, quanto mais longe estaria dele, melhor seria para ela.

Os cinco se separaram, Lucas levou Jéssica e Lola, Samuel foi com Valentina. Ao longo da estrada, Jéssica tentava explicar o significado de ciúme para Lucas sendo bastante discreta devido à presença de Lola. As conclusões de Jéssica estavam certas, mesmo antes de se tornar humano, Lucas amava sua protegida, não era paixão, mas era um amor difícil de compreender. Por causa desse amor tão profundo, Lucas tomou a decisão de ficar perto dela para descobrir por conta própria o significado desse sentimento. Tendo se tornado humano, ele seria capaz de continuar seguindo as linhas do seu destino sem cometer erros.

Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].  Onde histórias criam vida. Descubra agora