Guardiões - O Anjo De Valentina [Livro I ].

Capítulo XXXVII

Capítulo XXXVII

Segundo o ritual, além do sangue de um animal para desenhar o pentagrama, seria necessário usarem o sangue de um humano que sobreviveu às maldades de Kesabel. E Valentina era a mais próxima, mas não a única.

Azazyel deu a ela a adaga que Kesabel usou para matá-la e, ela fez um corte médio na sua mão e gotejou o sangue no meio do pentagrama e no rubi da espada onde ela seria presa.

A parte mais complicada de tudo foi convencer Azazyel a prender Kesabel junto com a alma de Isadora. Mas no final, Jéssica pediu e ele aceitou.

As velas foram postas ao redor do pentagrama e, Samuel acendeu uma por uma, com a ajuda de Jéssica. Em cada ponta havia uma vela e ao meio o sangue de Valentina. Faltava uma hora para a meia noite e, todos estavam ansiosos. Maurício usava o pingente de Samuel, mas os outros estavam desprotegidos. Seriam alvos fáceis para Kesabel.

Assim que tudo ficou pronto, Valentina se sentou dentro do pentagrama a espera apenas da hora chegar e a cerimônia se iniciar.

Cristian e seus amigos emprestaram o local da cerimônia em troca de presenciarem algo que para eles seria maravilhoso. Foi fácil pedir, pois o próprio Azazyel o fez e, eles sentiram-se parte de algo maior do que seus rituais que quase não resultavam.

A casa era muito escura. Tinha apenas a iluminação das velas e da lua do lado de fora.

Segundo o que Kesabel falou ao Samuel, a lua naquela fase a enfraquecia e, se fortalecia apenas na fase seguinte.

Lucas encarou Valentina e, viu nela imenso desespero. Ele também estava preocupado, pois não sabia se aquilo resultaria ou não. E naquele momento, o seu maior medo era perdê-la novamente. Seria o seu fim, com certeza.

─ Ainda dá tempo de desistires meu amor. – disse Lucas preoupado. – É possível que isso não funcione e alguém morra.

─ Eu quero me vingar dela, Lucas! Ela matou a minha mãe.

─ O feitiço durará cerca de cinco minutos, então teremos que ser rápidos ao envia-la na pedra rubi. – comentou Samuel. Estava nervoso, visto que era a primeira vez que fazia algo do gênero.

─ Na verdade serão três minutos. – Azazyel apareceu de repente na sala da casa abandonada segurando sua espada.

A espada de Azazyel era lendária. Apenas ele conseguia segurar nela, pois era demasiado pesada e poderosa. Havia um rubi no pomo da mesma e, nele estava presa a alma de Isadora. Ele tinha feito dela prisioneira, ao invés de libertá-la e aceitar a sua morte. Se o ritual funcionasse, seria lá o lugar onde Kesabel passaria os próximos mil anos e, até conseguir escapar dela, Valentina e Jéssica não estariam mais vivas.

─ Será tempo suficiente para acabar com aquela coisa. – disse Jéssica.

─ E você Zael? – perguntou Lola. Jéssica ficou enciumada e, Azazyel não reagiu bem à forma que Lola o chamou. Apenas Isadora e Jéssica podiam chamá-lo assim. – Tem certeza de que ficará bem?

─ Vou sim, não se preocupe. – felizmente, não tentou sufocá-la, tal como fez com Jéssica da primeira vez. – Mas é que, eu não gosto que me chamem assim?

─ Como? Zael? – ele simplesmente assentiu e Jéssica sorriu com descrição. Sabia que sua amiga sentia-se atraída por ele, assim como esteve antes por Lucas quando o conheceu. – Mas a Jéssica o chama assim. Por que eu não posso? – perguntou indignada.

─ Por que fizemos um pacto. – disse. – A não ser que queira oferecer sua alma, pode chamar como quiser!

Faltando apenas cinco minutos para a meia noite, todos pareciam nervosos. Era necessário que funcionasse para que todos, principalmente Valentina não morresse. Caso contrário, não teria volta. Lucas não teria mais como resgata-la.

Valentina estava hesitante, havia um brilho estranho nela. Talvez fosse medo. Mas de qualquer forma, ela não tinha mais como desistir àquela altura, pois tudo estava pronto. Entretanto, sentia algo que a importunava além do medo. Tinha um pressentimento de que alguma coisa aconteceria. Por sorte, seu irmão estava protegido e, essa ideia a tranquilizava.

─ Ela não está pronta Azazyel. – Lucas falou baixo para que os outros não escutassem.

─ Deixa estar Lucas. Se não fizermos isso hoje, nunca mais conseguiremos nos livrar dela.

─ Mas ela não está pronta. – disse novamente.

─ Lucas, meu amigo! Escuta-me. – ele o encarrou e continuou. – Sei que tem medo de perdê-la de novo. Mas se deixarmos Kesabel circular por ai com as meninas ainda vivas, vai ser um massacre.

Lola olhou para o relógio e comentou com os outros que já estava na hora. Jéssica abriu o grimório de Samuel e começou a ler algumas palavras escritas em Latim. De repente, o vento soprou com imensa força e todos se assustaram, menos o Lucas e o Azazyel. Lola foi para perto de Lucas e Azazyel, mas mesmo assim, não se sentia segura.

Jéssica continuou lendo de forma repetitiva as palavras. Era o mesmo ritual de evocação que fez para Azazyel, ela apenas mudou o nome do ser que chamava.

‟Evoco-te Kesabel, espírito das profundezas. Líder de legiões de demônios. Ordeno-te que apareça neste circulo na sua forma humana, e que venhas em pazˮ.

Por mais que ela repetisse as palavras, Kesabel não aparecia. Ela imaginava que tentariam chamá-la. Não quis se apresentar, pois sabia que era uma armadilha e, fez com que Jéssica ficasse cada vez mais fraca. O nariz dela começou a sangrar. Samuel a segurou para que não caísse, mas ver Jéssica naquele estado incentivou Azazyel a enfrentar Kesabel pessoalmente. O que seria extremamente perigoso.

─ Pode parar Jéssica. Trarei Kesabel pessoalmente. – Jéssica parou e caiu nos braços de Samuel. No instante, Azazyel teletransportou-se para o lugar sombrio e quente que Lucas foi preso.

─ Seja bem vindo Azazyel. – Kesabel falou com um sorriso irônico. – Ama tanto a Isadora que está se envolvendo com o clone dela. – concluiu.

─ É só uma aventura. – tirou s sua espada e apontou na direção dela. – Pelo menos ela é melhor do que você. – Kesabel riu alto e olhou para ele.

─ Como será que ela ficará quando descobrir que sua atraçãozinha por ela, se baseia numa obsessão doentia por um fantasma que possui o mesmo rosto que o dela? Um fantasma de quatro mil anos?

A lâmina feita de metal da espada de Azazyel foi substituída por uma chama intensa. Seus olhos se modificaram e, seu corpo humano se modificou para a forma original. O seu lado demoníaco tomou conta dele e partiu para o ataque.

Num flash, Kesabel fez aparecer em suas mãos, duas correntes de ferro com uma extremidade pontiaguda no final, assim como a sua cauda. Defendeu-se do ataque de Azazyel deixando-o mais furioso.

─ Eu vou acabar com você. – gritou Azazyel.

Kesabel acendeu as chamas das suas correntes e tentou golpear o Azazyel com uma delas. Ele se desviou dela pulando no ar e, dando uma pirueta até atingi-la e deixar um corte grande com queimadura no braço esquerdo.

O corte foi profundo e, deixou Kesabel enfraquecida. Azazyel aproximou-se e tentou enfiar a espada nela, mas ela foi rápida e enrolou a outra corrente no pescoço dele. As chamas da corrente o quimaram. Azazyel deixou cair a espada e tentou tirar a corrente do seu pescoço, mas suas mãos também queimaram com as chamas.

─ Quem vai matar quem, Azazyel? – falou levantando sua cauda pontiaguda para enfiar no peito dele. – Isadora terá que esperar por mais um milênio.

Azazyel olhou a cauda indo a sua direção e, naquele momento, percebeu que não havia mais escapatória. Tinha chegado o seu fim até os próximos mil anos. E até voltar, não teria mais nenhuma Jéssica para ensiná-lo a amar e a ser amado.