Eu odiava ter pesadelos. Principalmente quando eram do tipo que me deixavam com um peso no peito, com a estranha sensação de que algo ruim estava por vim. E para minha infelicidade, foi dessa exata forma que acordei em plenas 5:00 da manhã. Totalmente ofegante e suada, como se tivesse corrido uma maratona.
Me sentei apenas controlando a respiração. Por um instante cogitei a ideia de dormir de novo, mas sabia que não seria tão fácil, dessa forma levantei da cama e fui a cozinha beber um copo d'água.
A casa está completamente silenciosa, e só consigo ouvir meu próprio coração que ainda bate rapidamente. Desci os degraus devagar e logo estava na cozinha. Ainda estava muito cedo para me arrumar para ir a escola, e eu não conseguiria dormir de novo.Encarei a porta que dava acesso ao quintal e decidi ir até lá, onde sentei no gramado e me permitir relaxar vendo as poucas estrelas que estavam no céu devido ao amanhecer que estava por vir. Fiquei lá por longos minutos apreciando o céu. Era estranho mas quando o observava, sentia que meus problemas eram bem pequenininhos comparado ao vasto universo que existia, como se não precisasse me preocupar com mais nada. Respirei calmamente me sentindo bem mais leve.
Por alguns segundos fechei os olhos, dessa forma senti-me mais próxima ao Dan. Eu tentava de todas as formas afasta-lo de meus pensamentos mais cada coisa que eu fazia me lembrava ele. O céu me lembrava seus olhos e nosso beijo, os livros me lembravam o quão culto ele era, e seu paletó em meu guarda roupa guardado como uma relíquia não ajudava muito. Na realidade me senti uma completa maluca quando ontem o coloquei para ver se era possível ficar mais próxima ao Daniel. Talvez eu esteja ficando louca.
Balanço a cabeça rindo de mim mesma.
— Ora, que surpresa te ver acordada Rose.— Ouço a voz de mamãe dizer.
Viro meu rosto para porta e a vejo encostada com um xícara na mão.
— Acabei tendo um pesadelo.— Conto dando de ombros.
Mamãe franze as sobrancelhas.
— Sua cara não era de quem teve um pesadelo.— Ela aponta sorrindo.
Abri a boca sem saber o que dizer. A percepção dela era assustadora com certeza.
— Bem... Não está na hora de fazermos o café da manhã?— Pergunto mudando de assunto, enquanto entro em casa.
Mamãe semicerra os olhos em minha direção.
— Não pense que não vi quando vestiu o paletó do Daniel e ficou lendo livros que creio que ele tenha dado a você.— Ela declara me fazendo parar imediatamente.
— Mãe!— Exclamo constrangida.
Em que momento ela viu aquilo?
— Bom, vamos deixar esse assunto de lado por enquanto, temos que fazer o café da manhã, não é? Outro dia nos aprofundamos nesse assunto, pois sinto que fui deixada de fora sobre alguns acontecimentos.— Mamãe diz com a sutileza de sempre.
— Mãe, a senhora tem que aprender a ser mais sutil.— Conto e ela ri.
— As vezes temos que deixar a sutileza de lado e sermos diretas para não perdermos tempo.— Ela explica.— Isso também vale para relacionamentos.— Mamãe pisca para mim.
— Mãe!— Exclamo mais uma vez.
Não pensei que passaria por momentos constrangedores logo de manhã.
Após isso eu e minha mãe passamos a fazer o café da manhã, enquanto eu tentava não morrer de constrangimento a cada vez que ela soltava alguma dica de relacionamento aleatoriamente. Quando finalmente me vi livre desse assunto, fui me arrumar para escola.
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Talvez Um Conto De Fadas?!
Ficção AdolescenteEra uma vez, o típico começo de um conto de fadas, que qualquer garota gostaria de viver. Quer dizer, quase todas. Conto de fadas não é bem o estilo de Roselly Stiller. Tudo poderia estar seguindo de forma normal em Sprinflow, um reino encantador e...