9 - Parte 2

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Demorei três dias para melhorar do estômago e da fraqueza e enquanto isso, Marc parecia outra pessoa, trazia comida pronta para comermos, levava as roupas em uma lavanderia, provavelmente de outra cidade para não levantar suspeitas quanto as roupas femininas e limpava a sujeira superficial que aparecia na casa. Porém tudo isso apenas durou pelo tempo em que fiquei realmente mal, depois destes três dias voltei a rotina normalmente, apenas com leves dores no corpo, ou tonturas, mas nada parecido com antes e agora aqui estou, uma semana depois e já me sentindo renovada.

Estou terminando o jantar e vendo Panqueca brincar na sala, quando Marc entra na casa parecendo um pouco tonto. Ele anda pela sala sem nem ao menos olhar em minha direção e se joga no sofá cobrindo o rosto com um dos braços. Continuo meus afazeres sem dizer nada, mas olhando preocupada em sua direção, Marc estava sendo um verdadeiro cavalheiro durante aqueles dias em que fiquei mal e não me tocava desde o dia em que me estuprou, mas eu temia pelo momento em que ele voltaria a ser quem realmente era e se descontrolaria.

- Esta tudo muito errado... - Ele fala, ainda não tirando o braço que tampa seu rosto. Continuo quieta apenas o olhando e esperando que diga algo mais, então ele olha em minha direção e posso ver raiva junto a embriagues em seu rosto. Era o que me faltava agora, além de louco, ele se tornaria um alcóolatra - Você - Ele aponta um dedo para mim - Você não é o que eu queria! Era para você ser totalmente diferente, mas você não é como deveria.

Continuo quieta e levo a comida para a mesa, preparando tudo para jantarmos e segurando qualquer resposta afiada que poderia sair da minha boca.

- Você não me ama! - Seu tom é de acusação - Você fica ai, me olhando com desprezo, não importa o que eu faça por você, nunca esta feliz. É sempre essa mesma cara de tristeza, que me irrita! Você me irrita Anna!

- Então me deixa ir embora! Não pedi para estar aqui! - Falo irritada e logo me arrependo vendo a ira em seu olhar. Marc vem depressa até mim e levanta a mão me acertando um tapa tão forte no rosto que ecoa pelo cômodo. Meus olhos se enchem de lágrimas e levo a mão até o local que esta quente pelo tapa.

- Ta vendo?! Eu te dou tudo, te trato como uma princesa e mesmo assim você não muda! Não sabe respeitar e receber meu amor, só reagi a minha raiva. Você desperta o que há de pior em mim!

Panqueca late para Marc e tenta morder seus pés, querendo defender sua dona, mas ele enfurecido e bêbado como esta chuta o pobre filhote que sai chorando e mancando em direção ao quarto. Faço menção de ir atrás dele, mas Marc me impede segurando meus braços.

- Seu monstro! - Marc respira fundo com os olhos fechados e então me abraça forte, tento me soltar, bato, chuto, empurro e mordo, mas nada afrouxa seu abraço sobre mim - Me solta, eu tenho nojo de você, não quero que me toque!

- Eu sou seu marido.

- Você é meu sequestrador, meu estuprador, meu carrasco, tudo isso, mas não é meu marido, aquele casamento não teve legalidade. - Falo baixo olhando bem no fundo daqueles olhos enlouquecidos.

Marc então me larga com força, me fazendo quase cair e retorna até o sofá, eu então caminho em direção ao quarto querendo ver se Panqueca esta bem, mas estagno com o que Marc fala.

- Sua mãe fez um velório para você no mês passado, uma lápide sem um corpo, ninguém se esforçou para te procurar, você mal sumiu e já desistiram de te encontrar. Sua amiguinha e seu namoradinho vivem de chamego pelo campus. Você não tem ninguém, você não é ninguém... e eu e este lugar é tudo que você tem, sem isso, você é um nada, um vazio...

- Não é verdade... você esta mentindo - Suas palavras me ferem mais do que os tapas que me dava, reforçando o que eu já sabia, o quão sozinha eu era.

AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora