Anna

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" 25 de Novembro de 2017 - Meu aniversário de 25 anos,

Comecei a contar minha história cinco anos antes deste dia, quando jamais poderia imaginar que ainda estaria aqui presa, mesmo após tantos anos. Mesmo buscando me conformar, uma parte de mim sempre imaginou que seria impossível ele conseguir me manter por tanto tempo, imaginava que neste momento eu já teria fugido, sido encontrada, ou até mesmo que Marc já teria se cansado de mim e me matado, mesmo que hoje, com a existência de minha filha esta ideia me apavore, imaginei mil maneiras que ele teria para me matar e depois desaparecer com meu corpo, mas eu estava enganada antes quando comecei a contar esta história e permaneço enganada ainda hoje."

Termino de escrever em meu diário, onde vinha relatando toda minha experiência até aqui e o escondo no mesmo lugar de sempre, dentro de uma caixa enterrada no jardim. Quando Ayla ganhara alguns materiais de desenho, sem que ela ou Marc percebessem ou dessem falta, acabei pegando um dos cadernos para que pudesse utilizar como uma forma de desabafo, cada linha escrita ali retratava todo meu sofrimento, minhas angustias, medos e esperanças ao longo destes cinco anos passados. Quem sabe um dia no futuro, alguém o encontrasse e minha história fosse contada como uma forma de conscientização as pessoas, tanto de não desistirem, como eu não havia desistido até ali, por mais motivos que a vida me desse para isto, como para que evitassem que outras mulheres passem pelo mesmo que eu.

Não sabia até onde teria páginas ali para escrever a minha história, pois não sabia o quão longa esta seria, mas quem sabe quando minhas palavras fossem encontradas o fim poderia ser contato por mim mesma e não apenas imaginado por aqueles que as lessem.

Ao longe escuto minha filha gargalhando enquanto brinca com Panqueca, que estava cada vez maior e mais sapeca, então sigo o som dos dois seres que mais amava e me junto a brincadeira deles.

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" 25 de Dezembro de 2017 - Natal,

Ayla ama o natal, arrisco-me a dizer que este é seu feriado preferido. As luzes na árvore de natal, os presentes, suas comidas preferidas servidas a mesa, as músicas e o principal para ela, seu pai presente durante dois meses em casa, passeios e viagens ao longo dos dias, ela venerava aquele homem, o amava tanto que até me assustava ver tal conexão, pois minha maior vontade era de mantê-la o mais afastada possível dele.

Cada ano Marc a surpreendia com um presente incrível diferente, talvez fosse dai que viesse sua fascinação por ele, afinal ela era apenas uma criança e este ano não foi diferente, ele saiu cedo de casa e chegou antes mesmo que ela acordasse, com uma caixa enorme, que assim que foi aberta por Ayla sua emoção era visível a qualquer um que a visse, dentro havia um jogo de cozinha completo, igual ao que ela vira no comercial da televisão e se encantará."

Volto para dentro da casa, o dia estava frio, mais cedo a chuva não nos deu trégua, fazendo com que ficássemos o dia todo por ali, entro na cozinha e limpo os resquícios de nosso almoço de natal, enquanto Ayla brinca com Marc em algum joguinho de sua estante de brinquedos. Eu odiava muitas coisas nos dias em que Marc passava em casa sem sair para trabalhar, mas o principal era aquilo, o fato dele me manter ocupada com tarefas de casa, independente da data, enquanto ele criava memórias com Ayla, como se apenas ele tivesse direito aquilo e quisesse ser mais importante em sua vida do que eu.

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" 31 de Dezembro de 2017 - Ano Novo,

Em todos os anos anteriores, Ayla não curtira muito do ano novo. Por ser muito pequena ela sempre já estava em seu quarto dormindo quando os fogos destoavam no céu estrelado. Apesar da fazenda ser afastada de tudo, podíamos ver um verdadeiro show de fogos de artificio ao longe, que unidos as estrelas sobre nossas cabeças e o céu completamente limpo de nuvens, causavam uma sensação incrível e uma imagem inesquecível a qualquer um. Eu adorava olhar para o céu e respirar fundo a brisa gelada que vinha do extenso campo, junto ao cheiro de grama e natureza, era reconfortante.