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Desde o dia em que a possui pela primeira vez em nosso casamento e após prendê-la naquele frigorifico, resolvi mudar minha estratégia em relação a Anna. Torná-la minha foi a sensação mais incrível que meu corpo e alma poderiam obter, nada se compararia aquilo jamais, nem que eu vivesse por mil anos, ali eu consegui a certeza, sem sombra de dúvidas, de que era para Anna ser minha e apenas minha. Portanto, resolvi mudar, não de verdade, continuaria sendo eu mesmo, mas achei que se amolecesse, se me mostrasse mais carinhoso, atencioso e esperasse com muita paciência por ela, enfim Anna se entregaria a mim sem barreiras, sem ressalvas, que era o que eu mais desejava neste mundo, ter a mulher da minha vida, a mulher que eu amava, toda para mim, assim comprei-lhe presentes, um cachorro, que apesar de ser um bola de pelos inconveniente, foi minha melhor jogada devo admitir e não a toquei, a não ser pelo dia em que passou mal e me assustou mais do que tudo neste mundo. Pensar em um mundo sem ela estava fora de questão e caso ela ficasse doente sabia que todo meu mundo seria abalado, pois não poderia levá-la até um hospital sem perdê-la e manter ela aqui também poderia ser fatal. Mas, por sorte do nosso destino, Anna melhorou e nada precisou ser feito em relação a isto. Até cheguei a cogitar a possibilidade rápida de uma gravidez, mas a descartei por falta de sintomas mais precisos desta condição.

Porém lá estava ele, mesmo após eu fazer de tudo por ela, ele continuava lá, aquele olhar de julgamento, nojo, medo, ódio e diversos outros sentimento contrários ao que eu sentia por ela, e aquilo me enfurecia, me deixava fora de mim e com vontade de cometer loucuras e machucá-la assim como seu olhar fazia comigo.

Estou andando pelo campus da universidade em Viçosa onde trabalho, indo em direção a minha sala e pelo caminho observo as diversas homenagens e panfletos espalhados por todos os lados para Anna, apesar de não ter pessoas próximas que realmente se preocupavam com ela, Anna era admirada por todos, por sua beleza, inteligência e carisma e por ali, principalmente por tratar-se de uma cidade pequena, onde as coisas nunca acontecem, não se falava em outro assunto que não fosse sobre o desaparecimento dela. Todos queriam saber onde estava, o que teria lhe acontecido, não importava onde você fosse por ali, as pessoas só falavam sobre isto. Sorrio pensando que eu, a pessoa menos provável neste mundo, era o único a saber a verdade sobre o paradeiro de Anna e assim seria para sempre e que todos a enterrassem em suas memórias, assim como a família dela fizera meses atrás, porque agora ela seria apenas minha e de mais ninguém.

Chego na sala cheia de alunos, que diminuem a voz assim que entro na sala, arrumo meus pertences sobre a mesa e escrevo o assunto e páginas do livro pertinentes a este, como sempre fazia ao inicio das aulas, antes de dar bom dia aos alunos.

- E ai garotada, estudaram a matéria como eu pedi, ou vão me obrigar a fazer vocês passarem vergonha de novo fazendo perguntas difíceis na frente de todos?

Eles riem e logo respondem que estudaram e que não passariam vergonha. Eu era um professor querido pelos alunos, adorava brincar e dar uma certa liberdade a eles, mas sem perder o respeito de todos, que sempre se calavam e prestavam atenção quando eu estava falando. Era um líder nato, o tipo de pessoa acima de qualquer suspeita. Olho ao redor antes de passar a falar abertamente sobre o assunto e encontro Cory e Sabrina sentados lado a lado, apesar de não assumirem nada, para ficarem livres de qualquer suspeita ou falatório das pessoas, era nítido a qualquer um que olhasse que eles estavam juntos, penso em como sempre foram assim e enganaram Anna em sua inocência, o que de certa forma me enfurecia, mas também me alegrava, pois se não fossem eles, minha menina poderia não estar nos meus braços agora.

Ao término da aula vou em direção a sala de professores onde encontro diversos colegas e marcamos de nos encontrar em um bar próximo ao campus e tomar uma cerveja. Sigo em meu carro para o local, antes de fazer minha rotina noturna diária, indo ao meu apartamento no centro da cidade, saindo pelos fundos do edifício e pegando outro veículo que estacionava ali perto, que comprei em um ferro velho passando o nome errado ao vendedor, para só então seguir até minha fazenda e encontrar tudo arrumado e me esperando, junto a minha mulher. Ficamos por ali cerca de um hora e então nos despedimos, acabei tomando mais cerveja e algumas doses de Whisky do que deveria, o que me deixa levemente entorpecido pelo álcool e em questão de meia hora já estou seguindo para casa.

AnnaOnde histórias criam vida. Descubra agora