Um, dois... três, quatro... conto tentando controlar minha respiração e a dor intermitente em meu ventre, cinco, seis... Deus aquilo doía demais. Senti as primeiras contrações enquanto eu terminava o jantar, o horário de Marc chegar em casa já havia passado e eu começava a me desesperar sem saber o que fazer. Ficar sentada parecia fazer a dor piorar, deitar me dava vontade de empurrar e não conseguia saber se já podia fazer força, então eu me mantinha andando devagar pela casa, esperando agoniada pelo momento em que Marc entraria por aquela porta. Meu filho ia nascer e eu estava sozinha naquele fim de mundo. Ótimo!
As horas passam e nada de Marc chegar, eu sabia que desde que a policia esteve na fazenda ele estava ficando mais tempo em seu apartamento, se mostrando pela cidade e tentando aparentar uma vida normal e fora do radar do delegado, mas ele tinha que inventar de fazer isso bem hoje?
Minhas mãos tremem pela dor e o suor escorre pelo meu rosto, sinto uma grande vontade de fazer força, mas seguro o máximo que posso, eu não tinha como colocar um bebê no mundo sozinha.
Mas alguns minutos se passam e enfim escuto o barulho do carro de Marc chegando, a porta se abre e ele estanca na porta me olhando confuso vendo minha situação lamentável. Quando penso em caminhar até ele e falar que estava em trabalho de parto, minha bolsa resolveu estourar, formando uma poça molhada sobre meus pés, olho para Marc:
- O bebê esta nascendo...
Ele parece acordar de um transe e vem até mim me pegando no colo e me levando para o quarto.
- Há quanto tempo esta sentindo as dores?
- Horas, muitas horas... Por que você demorou tanto!
- Estava jantando com uns amigos... - Ele aparenta uma calma que me faz ter vontade de chutar ele do quarto. Eu fiz o jantar desse imbecil e ele nem iria comer em casa e como se não bastasse, estava se divertindo enquanto eu estava ali, morrendo de dor. Começo a entender as mulheres que se tornam agressivas no parto, aquilo doía demais - Eu não sou médico, entendo um pouco para te ajudar, mas você vai ter que me orientar.
- Eu quero um médico, quero um hospital e quero uma anestesia!
- Você tem a mim, esta casa e qualquer coisa dentro dela, agora para de reclamar e me fala logo o que fazer Anna!
- Você precisa me examinar - Tinha estudado bastante os livros de obstetrícia nos últimos meses, me preparando para aquele momento, saber que Marc era o único que poderia me ajudar com aquilo me causava nojo, mas não tinha muito o que fazer, meu filho estava vindo ao mundo e aquela seria nossa realidade - Precisa ver quanto dedos eu tenho de dilatação, se a largura do canal estiver em quatro dedos eu poderei empurrar.
Ele me examina, não parece muito feliz em participar daquele momento, mas eu também não estava então, dane-se.
- Deram quatro dedos. E agora?
- Agora eu empurro, só preciso que você me avise quando enxergar a cabeça do bebê. - Ele concorda e eu começo a empurrar.
A dor é horrível, trazer uma vida ao mundo dói muito mais do que as páginas de livros e filmes gostam de nos mostrar, eu sentia que aquela coisinha saindo de dentro de mim ia me rasgar de dentro para fora. Eu empurro e empurro, enquanto Marc observa tudo contra a vontade. Aperto tanto os dedos sobre a coberta da cama, que posso ver que perdem até a cor devido a força.
- Eu estou vendo, o cabelinho do bebê esta aqui - Eu paro de fazer força sentindo muita fraqueza, minha respiração esta pesada e a dor continua junto a vontade de empurrar, mesmo não sentindo muita força para isso.
- Agora você vai amparar a cabecinha dele, sem fazer força e tomando cuidado para ele não escorregar, vai só segurar ele enquanto sai, para ele não cair. Quando o ombro passar, você só me avisa se tem algo enrolado no pescoço dele.
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Anna
Mystery / ThrillerAnna é uma mulher admirada por todos, graças ao seu carisma, beleza e inteligência, chama atenção por onde passa, com seus longos cabelos castanhos avermelhados, olhos azuis e uma boca que desenha um sorriso de dar inveja a qualquer um, assim como t...