Os dias, semanas, meses se passam e a vida segue com normalidade. Ayla cresce feliz e forte, em seus três aninhos de idade e eu busco ao máximo levar minha vida e aceitar meu fardo, tudo por seu bem estar e até pelo meu, sei que se fizer tudo correto e não irritá-lo, tudo será mais fácil e menos doloroso para mim, mesmo quando ele surta e resolve fazer algo novo na cama, sei que quanto menos resistir, melhor será. Com o tempo aprendemos as coisas, ou apenas nos conformamos. Comporto-me como a mulher que ele idealiza em seus sonhos, perto dele mais pareço-me como um robô, não sou mais a Anna de antes, corajosa, aventureira, pronta para enfrentar o mundo, sou a Anna de agora, moldada e esculpida nos parâmetros desejados por Marc.
É como li em certo lugar uma vez: " Homens temem que as mulheres riam deles. Mulheres têm medo de que os homens as matem". Por isso seguia cada um dos meus dias orientada por suas ordens e vontades e não mais pelos meus anseios. Priorizando o bem estar e a segurança.
Estou sentada olhando fixamente o relógio que parece zombar de mim. Marc e Ayla saíram pela manhã para irem a um parque em uma cidade vizinha, passariam o dia inteiro por lá. Desde que tentei pedir ajuda a mais de um ano atrás, em Ouro Preto, nunca mais Marc levou-me a estes passeios, sempre fico em casa, enquanto os dois saem e se divertem, sempre sob uma desculpa a nossa filha do porque eu não poderia acompanha-los. Hoje, eu estava com dor de cabeça, na semana passada, precisava cuidar de Panqueca que passara mal durante a noite. E assim seguíamos. Me sentia presa, sufocada e como se quisesse aumentar ainda mais minha punição, Marc sempre trancava as portas nesses dias, para que eu não pudesse nem mesmo respirar ar puro. Era sua forma de continuar me punindo por minha aventura passada, queria saber até quando aquele castigo continuaria, muito provavelmente, para sempre.
As horas passam, já fiz tudo que tinha para fazer na casa, quando enfim escuto o barulho do carro chegando e ao fundo a voz animada de Ayla. A porta se abre e um pequeno furacão vem até mim, carregando um bichinho de pelúcia de coelho, que assim que o pai adentra a sala, ela o entrega para ele.
- Vai papai! - Ayla bate palmas animada e nos olha ansiosa, enquanto eu fico sem entender nada.
- Ganhei em uma das barracas do parque para você, meu amor - Marc me entrega o coelho e eu sorrio diante da animação de Ayla, não querendo estragar o momento de minha filha.
- Beja, beja, igual o pincipe, vai!
- Assim? - Marc beija meu rosto e eu mantenho o sorriso falso no rosto, um sorriso que jamais alcançaria meus olhos.
- Não, não papai! Igual o pincipe.
Marc então segura minha cintura e beija minha boca com vontade, fazendo um verdadeiro show na frente da nossa filha.
- Chega, chega, nossa, eca! - Ayla então fica entre nós e me pedi colo, mostrando ciúmes e que gostaria de ser incluída, mal sabe ela o quão bem vinda é sua intromissão. Eu então beijo forte seu rosto e Marc faz o mesmo, mostrando que ela também fazia parte.
Ela então sai de meu colo e corre em direção a Panqueca, que foge daquele pequeno furacão, iniciando uma brincadeira de pega-pega que sempre faziam quando ficavam algum tempo longe um do outro.
- Gostou do ursinho?
- Sim, obrigada, foi muito gentil em pensar em mim - Levo o urso até nosso quarto e retorno a sala.
- Sabe, antes do parque abrir, já que ele esta acontecendo junto a uma quermesse da igreja, teve uma missa e eu e Ayla participamos. Sei que você sempre foi um pouco religiosa e pensei que poderíamos começar a frequentar a igreja de lá. É uma cidade pequena, então não teremos muitos problemas e não acho que você ira aprontar algo estando na casa de Deus né?
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Anna
Mystery / ThrillerAnna é uma mulher admirada por todos, graças ao seu carisma, beleza e inteligência, chama atenção por onde passa, com seus longos cabelos castanhos avermelhados, olhos azuis e uma boca que desenha um sorriso de dar inveja a qualquer um, assim como t...