Anna

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"Brilha linda flor
Teu poder venceu
Traz de volta já
O que uma vez foi meu

Cura o que se feriu
Salva o que se perdeu
Traz de volta já
O que uma vez foi meu
Uma vez foi meu."

Termino de cantar para Ayla, que dorme tranqüilamente em seu berço. Dois meses já haviam se passado desde que minha menina nascerá, o que também completava um ano desde que fui seqüestrada por Marc. Pelo que sabia, as investigações tinham sido encerradas e arquivadas, agora era definitivo, ninguém, nem mesmo a polícia procuraria por mim.

Saio do quarto e vou cuidar das minhas tarefas diárias, Marc me deu apenas duas semanas de descanso até me fazer voltar a antiga rotina e eu vinha ficando cada dia mais exausta, cuidar de tudo e ainda cuidar de um bebê, não era tarefa fácil.

Quanto ao sexo, um mês de descanso foi tudo que recebi, pensei que ele me deixaria um pouco mais em paz, mas percebia uma insatisfação e nervosismo nele a cada semana que se passava e sabia que ele não me daria nem mesmo os 40 dias de resguardo, que são aconselhados pelos médicos. A única diferença, foi que ele passou a comprar pílulas anticoncepcionais para que eu as tomasse, dizia que queria ter mais filhos, mas que deveríamos curtir e cuidar de Ayla primeiro e não correr o risco de que eu engravidasse logo de cara, o que foi um alívio para mim, que pretendia evitar um segundo filho para sempre.

Cerca de uma hora depois, escuto o chorinho de Ayla através da babá eletrônica, sei que deve querer mamar, já que ela tinha mania de dormir enquanto mamava em meu peito e não se alimentava direito. Vou até ela e a pego no colo, sentando na cadeira de amamentação e acariciando seu lindo rosto enquanto se alimenta. Ela olha para mim enquanto toca meu rosto, largando o peito várias vezes e esquecendo-se de comer.

- Você precisa aprender a mamar direito bebezinha, não pode ficar querendo a atenção da mamãe o dia inteiro, sabe como seu pai fica quando você acorda ele toda hora de noite...

Marc se demonstrava um bom pai, era carinhoso, vivia trazendo presentes para Ayla e amava conversar com a filha quando estava em casa, mas a noite, odiava ser acordado a todo momento pelo choro da bebê, uma vez até chegou a ameaçar colocá-la para dormir naquele galpão frio caso eu não conseguisse calar sua boca pelo resto da noite, para que ele descansasse. Isso me manteve acordada a noite inteira, plantada na cadeira ao lado do berço, evitando que Ayla chorasse toda vez que acordasse.

Eu vivia acordada durante as noites que se seguiam, tentava ensinar minha filha a não acordar durante a noite, tentava alimenta-la bem para que acordasse menos, mas estava sendo uma tarefa difícil, o que me mantinha alerta e temerosa durante todo momento.

Cerca de cinco minutos depois Marc abre a porta do quarto e vem fazer carinho no rosto da filha.

- Como passaram o dia?

- Bem, eu fiz as coisas da casa enquanto ela dormia, ela ainda não aprendeu a pegar o peito direito e fico me perguntando se estou fazendo isso errado.

- Posso comprar uma daquelas bombinhas de tirar leite e mamadeiras para você fazer um teste e ver se ela não se da melhor assim.

- Não queria tirar ela do peito ainda... - Não queria perder aquele elo com a minha filha, era um momento mágico e só nosso.

- Você não tem que querer Anna, precisa fazer o que for melhor para ela e para nós, quem sabe assim ela para de acordar tanto de noite, estou cansado já, trabalho o dia inteiro e depois quando quero descanso não posso!

- Se você está cansado, imagine eu então que fico a noite inteira acordada cuidando para que ela não acorde e estrague seu sono de beleza... - Mal termino de falar e o som da mão de Marc sobre minha face pode ser ouvido no quarto. O lado esquerdo do meu rosto arde, nem sabia porque havia respondido Marc, em geral eu me mantinha calma e relevava sua ignorância, mas o cansaço estava me deixando a flor da pele e isso seria minha ruína.