Anna

29

Oi, para quem ainda não me conhece, meu nome é Ayla Maison Peters, sou filha de Anna Maison e Marc Peters. A história do meu nascimento não foi bonita, meus pais não se amavam e o sexo nem ao menos foi consensual, eu sabia de toda história, minha mãe nunca tentou me esconder nada, porque achava importante que eu soubesse de onde vim e porque meu pai, um homem que aprendi a amar desde pequena, já não estava mais ali e era daquele jeito como sempre me lembraria. No começo foi difícil aceitar o que em minha cabeça eu representava na vida da minha mãe, e devo dizer que ainda hoje é, mas vendo todo amor que ela tem por mim e como em momento algum ela me tratou como se eu fizesse parte de algo ruim, me fez aprender a viver com a minha história, com quem eu era e com o que fazia parte de mim.

Então vamos aos fatos, porque nada mais justo do que eu contar a vocês como anda a nossa vida. Hoje tenho 20 anos, muito tempo se passou desde que tudo aconteceu e principalmente, muita coisa mudou. Minha mãe abriu um centro de apoio a pessoas de todas idades e gêneros, que ajuda a todos que passaram por algum tipo de trauma, este vêm sendo seu maior objetivo na vida, lutar para que quem passou pelo mesmo que ela consiga também alcançar novos sonhos e criar uma nova história. Depois que papai morreu ela se formou em psicologia, para logo em seguida também se formar em psiquiatria, acho que a médica dentro dela sempre falaria mais alto e enfim havia encontrado sua verdadeira vocação, recebendo seus tão sonhados prêmios e viajando pelo mundo dando palestras e fazendo trabalhos em ONG's com o mesmo objetivo da sua. Ah, claro, eu não poderia deixar isso de fora, Jony se juntou a ela nesta jornada e nunca mais a largou, é engraçado ver os dois juntos depois de saber que no passado esse relacionamento havia sido em fracasso, mas eu ficava feliz em ver o amor que ele expressava por mamãe sempre que a olhava, ela merecia ser feliz.

Tia Sabrina também era uma pessoa presente em nossas vidas e abraçou a causa junto a minha mãe, ela era uma pessoa fechada e dificilmente se abria para as pessoas que não conhecia, mas acredito que enfim conseguira encontrar a felicidade quando recebeu o perdão da minha mãe, por algo que sempre pesaria sobre seus ombros.

Já eu, não era a pessoa mais sociável da face da terra, gostava de viver no meu próprio espaço lendo ou escrevendo, aliás, escrever é minha grande paixão. Estou cursando administração e cuido de toda parte burocrática da ONG, gosto de cuidar deste segundo bebê da minha mãe, considerando que o primeiro sou eu. Tenho um passado difícil, uma história complicada, mas invés de ficar me lamentando por tudo que perdi, agradeço por tudo que tenho e transformo minha vida em uma história que será passada para frente, assim como a minha mãe.

Estima-se que a cada hora, oito pessoas desapareçam somente no Brasil, chegando a um valor aproximado de 190 pessoas por dia, tudo graças a falta de preparo e recursos existente no país. A maioria dos casos esta relacionado ao tráfico internacional de pessoas, ou a crimes ligados a abusos sexuais. É preciso mudar e evoluir para que questões tão sérias como a privação a liberdade das centenas de vitimas espalhadas pelo mundo deixem de ser em números tão alarmantes e é sobre estas políticas e métodos que gosto de escrever, está se tornou a minha paixão e a minha forma de buscar ajudar estas vítimas, assim como a de minha mãe se tornou ir até estas pessoas e tentar ajuda-las de forma palpável. Eu ajudo através das palavras e ela através do toque, cada uma a sua maneira e é isso que nos completa.

Eu ainda não conheci o amor e nem pensei no que realmente sonho para o futuro, prefiro viver um dia de cada vez como se este fosse o último. Tudo bem que minha forma de aproveitar a vida vem sendo presa em minha sala lendo ou escrevendo, mas qual é? Não me julguem! kkkk

E assim devo dizer que posso chegar ao fim, não ao fim de fato, pois nossa história ainda tem muito pela frente, mas sim ao fim da mensagem e do pouquinho sobre nós que gostaria de passar a todos vocês que chegaram até aqui, por isso gostaria de agradecer por terem lido a nossa história e sentido mesmo que por alguns momentos tudo que nos aconteceu. Espero que essas palavras possam ajudar todos aqueles que possuem alguma dificuldade em suas vidas a jamais desistir, a sonhar e a correr atrás dos seus sonhos, pois acreditem, tudo isso vale a pena. A vida vale a pena, basta você acreditar!

Um Beijo e Fim...