Anna

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Delegado Moisés

Anna estava agora desaparecida a quase dez meses, sabíamos que mesmo com nosso empenho e que o caso não atrapalhasse em nada nosso serviço no distrito, logo a defensoria pública nos obrigaria a desistir e arquivar o caso e apenas reabri-lo com o surgimento de alguma nova pista, por isso eu e meu parceiro James estávamos pensando em novas estratégias que pudessem nos levar a pistas de por onde a garota andava.

Como uma última tentativa, uma vez que já havíamos esgotado todos os recursos sem encontrarmos nada, decidimos passar a procurar por lugares afastados em torno da cidade, barracões, casas, fazendas e sítios, terrenos abandonados e até galpões, prováveis esconderijos por na maioria das vezes serem lugares abandonados e pouco explorados. Era uma tarefa árdua, eram muitos lugares e todos afastados o que nos consumiria, por isso foi tomado como uma última opção para o caso, se Anna estivesse dentro dos limites de Viçosa, então nós a encontraríamos, agora se ela estivesse em outra cidade, infelizmente estaria fora do nosso alcance e teria que contar com a boa vontade de outros distritos em procurá-la, uma vez que não tínhamos jurisdição em outras regiões.

Foram muitas semanas, muitas horas por dia e muito cansaço, indo de um lugar a outro sem sequer encontrarmos um rastro que nos levasse a Anna, o desânimo e a certeza de que não a encontraríamos pairava em nossas mentes, mas evitávamos sempre expor tais pensamentos em voz alta. Olhamos cada lugar afastado existente, cada galpão, fábrica, residência e nada.

- Pelo mapa nós já cobrimos quase tudo, agora só falta essa área bem extensa aqui delegado, pelo que constam nos registros o lugar é uma fazenda bem antiga, Fazenda Petersburgo, é de uma família que veio da Europa a muitos anos, família Peters. Até onde eu sei essa fazenda esta abandonada há anos, quando eu era moleque eu sei que haviam muitas plantações por lá, meu tio até trabalhou no lugar e eu cheguei a ir com ele uma vez brincar no riacho que fica nas terras, mas hoje em dia não funciona para nada.

- Tem alguém dessa família vivo, que possa guiar a gente pelo lugar?

- Segundo o registro a fazenda estava no nome de Rafael Peters e quando ele morreu o lugar ficou para o único filho dele, acho que vi o nome por aqui... - James parece ler atentamente atrás do nome - aqui! Marc Peters, ele é professor na universidade em que a Anna estudava, formado em biomedicina e mora em um apartamento no centro da cidade.

- Vamos até lá então, assim pedimos permissão e quem sabe ele topa ajudar nas buscas pelo lugar, porque pelo que vejo é uma área bem extensa.

- É sim, e rodeada por muita mata, fica a mais ou menos uma hora de carro.

Entramos na viatura e vamos até o apartamento do tal Marc, o fato dele ser professor de Anna martela em minha cabeça, por que um cara sem família, com residência fixa na cidade, formado e com um bom trabalho manteria uma fazenda deste tamanho? Por que não vender as terras? Ao chegarmos no endereço indicado constatamos que ele não estava em casa, pelo horário as aulas na faculdade já haviam terminado e o carro dele estava estacionado em frente ao prédio, o que indicava que ele deveria ter ido em algum lugar próximo. Esperamos por duas horas e nada dele chegar.

- Acho que ele não voltara para casa tão cedo delegado e já passam das seis da noite, logo irá escurecer e não teremos como ver nada pela fazenda, melhor procurarmos por ele amanhã na própria universidade.

- Você esta certo, mas eu queria ir ainda hoje na fazenda, mesmo não dando para ver nada, quero dar uma olhada pelo lugar. Não precisamos entrar, só para sondar mesmo e ver o quão abandonada ela está. Se quiser eu posso ir sozinho, afinal, vamos voltar tarde de lá e você deve estar querendo ir para casa.