Cap. 5

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Narrador.

-O que aconteceu lá? -Diego pergunta, pegando o óculos de sol que está pendurado na gola de sua camisa e o colocando na frente dos olhos.

-Algo nesse assalto não está me cheirando bem. Aquele cara quase não me deixou trazer as fitas! -Hariany responde, com a atenção na estrada. Ela aperta o volante com tanta força, que os nós de seus dedos ficam esbranquiçados.

-Com certeza tem algo de errado nessa história. Como que não levam nada em um assalto?! -Diego concorda, olhando de relance para a colega, percebendo sua agitação.

-Eu com certeza vou ver esses vídeos inteiros hoje, nem que me custe o dia. -Hariany fala, mais para ela mesma, do que para Diego.

-Você está bem? -O rapaz pergunta, a analisando.

-Por que está perguntando isso? -A Investigadora questiona, o olhando por uns segundos antes de voltar a atenção para os carros a sua frente.

-Sei lá, você tá quase arrancando o volante fora. -Ele responde, dando de ombros, fazendo a loira rir.

Hariany percebe a tensão saindo de seus ombros logo depois disso, está mais relaxada.

-Pressentimento. -A Investigadora fala, tão baixo que sai quase num sussurro.

-Bom ou ruim? -Diego pergunta, dando atenção ao assunto.

-Com certeza ruim. Algo me diz que eu vou quebrar a cabeça com seja lá o que for acontecer. -Hariany responde, suspirando pesadamente.

-Bom, você vai conseguir lidar se acontecer algo. E pode nem acontecer, pode ser só sua cabeça cheia criando paranóias. -Diego diz, por fim.

O resto do caminho é feito calmamente, com comentários engraçados da parte do homem, que sentiu a necessidade de tentar amenizar a inquietação de Hariany.
Assim que chegam a delegacia, a investigadora procura por sua amiga, mas é informada de que ela e outros três agentes, que foram juntos em missão, ainda não retornaram. A loira começa a ficar nervosa novamente.

Tentou deixar isso de lado e foi até uma pequena sala nos fundos, onde guardam a maioria dos arquivos em enormes gavetas de metal. Mas o real interesse dela é a TV que também fica por lá.
Após conectar o aparelho na televisão, ela pode finalmente assistir às imagens das câmeras de segurança. Ela começa a assistir a partir das 22:00 da noite, não querendo perder nada.

Hariany passa horas vendo e revendo as imagens, procurando falhas, detalhes que possam ajudar a entender qual o propósito de um assalto onde saem de mãos vazias propositalmente.
Nas imagens é possível ver três homens encapuzados, que chegam em um sedan preto. Eles param próximo à conveniência e entram na mesma, armados com fuzis, que Hariany reconhece ser Colt M16, mas não consegue identificar as armas menores por conta da imagem ruim das câmeras.
Mesmo sem o áudio, eles parecem gritar com o rapaz atrás do balcão, que é praticamente arrastado por um dos encapuzado até o meio do estabelecimento, bem visível na câmera, onde é agredido pelos três com chutes e coronhadas.

Hariany avançou algumas horas, assistindo cada minuto, claro. Vê quando uma ambulância chega, alguns enfermeiros colocam o rapaz que sofreu a agressão numa maca e o levam embora.
Como indica o letreiro na parte superior do vídeo, por volta das 2:46 da madrugada, um homem chega em um sedan prata, mesmo com a conveniência já fechada pelo ocorrido. Ele conversa com o gerente do posto, que também chegou um pouco antes, e passam alguns minutos naquele papo. Hariany pensou estar imaginando coisa, até voltou o vídeo novamente, mas mesmo de lado, pôde ver um sorriso surgir no rosto do tal homem. Foi então que ele se virou, dando para ver perfeitamente seu rosto na câmera. Ela não o reconhece, mas mesmo assim imprime a foto, tiraria aquilo a limpo.

Suas suspeitas são arriscadas, ela sabe, mas sua intuição a diz que está indo pelo caminho certo. A mulher finalmente sai da sala, só então se dando conta de que já está ficando escuro, ela esteve tão concentrada naquilo que não percebeu o tempo passar, nem ao menos almoçou.

-Diego! -Hariany chama o colega, que está sentado de frente para um computador. O homem levanta e vai até ela.

-Finalmente saiu dessa sala. Você passou a tarde inteira ai. Um pouco da manhã também, mas estava tão concentrada que ninguém quis interromper. -Diego fala, sorrindo. -Então, algum sucesso?

-Mais ou menos. Olha, eu preciso que você vá, ou mande alguém, sei lá, no hospital em que o garoto da conveniência deu entrada. Interrogue-o, quero todos os detalhes. -Hari pede, apressadamente.

-Ele não prestou queixa. -Diego avisa.

-Como assim? -Hari pergunta, confusa.

-Pois é. -Diego dá de ombros.

-Okay, mesmo assim, mande alguém. Tentem arrancar algo dele, com delicadeza, claro. -Hariany pede, novamente. -Ah, e quero que tente achar algo sobre esse cara. -Hari entrega a foto e Diego assente, saindo.

A loira ouve sua barriga roncar e se apressa em ir até a copa, a única coisa que pôs no estômago foi um copo de suco antes de sair de casa logo cedo. Aproveitou o caminho para procurar Bárbara, mas não a encontrou em lugar nenhum, sentiu a preocupação voltar com tudo.
Hari pega o celular no bolso e tenta ligar para a amiga, mas só dá caixa postal. Logo esquece a copa e vai até a sala do delegado.

-Com licença, Dr. Frankael, Bárbara saiu já tem um bom tempo e eu nã...

-Investigadora Hariany! -A loira se vira, procurando quem a tinha chamado, e logo vê o novato caminhando afobado em sua direção. -Acabamos de receber uma ligação informando sobre dois agentes feridos em campo e... é a Bárbara, ela...ela foi baleada.

Voltei rapidinho dessa vez num foi? Enton gent, eu provavelmente vou postar mais um cap hoje, só pra encerrar essa "introdução" da fic.
Tenham fé que Pauriany chega amanhã, de forma triste, meio tensa, mas chega.

Surrender. (Pauriany) Onde histórias criam vida. Descubra agora