Cap. 31

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Narrador.

-O Diego? O que ele tá fazendo aqui?! -Hari questiona num sussurro ao reconhecer a voz, mesmo que o ato seja inútil, já que o homem não poderia ouví-la de qualquer maneira, mesmo que falasse em tom de voz normal.

Paula finalmente parece resgatar algo em sua memória quando espalma uma das mãos na própria testa, como quem lembra de algo que não poderia ter esquecido. Ela levanta urgente, sendo seguida por Hariany, que tem o cenho franzido em confusão.

-Você precisa atender a porta! -Paula afirma, subindo o short apressadamente e o abotoando, para em seguida se abaixar novamente e pegar sua regata que está jogada num canto. Hariany está prestes a responder quando é interrompida pelo toque estridente do celular, novamente, e então saem do quarto.

-Onde que tá a droga do meu celular?! -A policial pergunta, o procurando no sofá, onde lembra ter deixado pela última vez.

-Ei! -Paula a chama, já indo em direção ao banheiro, dessa vez também sussurrando, e Hari caminha até ela, ficando em sua frente. A de olhos azuis abre um sorriso sapeca, deixando a outra ainda mais confusa, e logo lhe dá um selinho. -Vai atender a porta. Eu vou me recompor e fingir que estava usando o banheiro, você sabe...pra não deixar tão na cara que a gente tava se pegando.

E então entra no banheiro, se trancando lá. Hariany solta uma risadinha com a empolgação repentina de Paula, mesmo não fazendo ideia do que está acontecendo. Ela passa os dedos entre os fios loiros de seu cabelo na tentativa de arrumá-los um pouco mais e vai até a porta, respira fundo, e então a abre, dando de cara com Diego de um jeito que ela nunca vira antes.

O loiro está usando uma regata branca que deixa amostra seu peitoral e braços definidos pelos treinos exaustivos na academia. Na parte de baixo, veste um calção florido que vai até o meio das cochas e, por fim, chinelos nos pés. Hariany o olha de cima a baixo, sem acreditar que é o mesmo cara com quem já trabalha há anos, definitivamente há uma enorme diferença ali e a investigadora tenta segurar o riso na garganta.

-Oi. -O homem cumprimenta, sorrindo abertamente como em todas as vezes em que encontra com Hariany. -Achei que não estava em casa, te liguei mas você não atendeu.

-Oi, Diego. É, eu estava meio ocupada e não me dei conta que tinha alguém na porta. -Mente, coçando a nuca num movimento costumeiro de quando está desconfortável. -Mas então, o que veio fazer aqui...e desse jeito?

-Anh, a Paulinha está? -Diego pergunta, ignorando completamente o questionamento da colega, e como uma contra resposta imediata ele ouve o barulho da descarga vinda do banheiro.

Hariany ergue as sobrancelhas em descrença para a audácia do homem. Afinal, o que Diego quer com a minha loira? A investigadora pensa, e fica feliz por não ter deixado escapar em voz alta.

A porta do banheiro é aberta e uma Paula com a cara mais deslavada do mundo aparece na sala. A mulher abre um sorriso radiante e corre desajeitadamente, já que suas pernas ainda não estão completamente recuperadas, até Diego, que ainda está parado do lado de fora do apartamento. Ela se joga nos braços dele, o abraçando apertado.

-Di, finalmente! - Paula fala com uma empolgação que, para Hariany, é totalmente desnecessária.

Quando Diego retribui o abraço da Sperling de uma forma super protetora, o sorriso da investigadora, que já está além do forçado, sendo até meio robótico, se transforma em uma linha reta, que juntamente com uma encarada mortal e inconsciente, transforma sua feição em algo nada agradável.

Quando o aperto cessa, Hariany tenta disfarçar seu descontento com um pigarro, convidando Diego para entrar.

Os três finalmente estão juntos na sala e Hari está prestes a perguntar o que, afinal, está acontecendo, quando ouvem vozes femininas vindas do corredor do lado de fora. Pareciam discutir, já que uma voz tentava se sobressair à outra. Segundos depois, a porta do apartamento é aberta por uma Bárbara aparentemente irritada, carregando uma bolsa de praia sobre o ombro direito enquanto segura a maçaneta com a mão esquerda. Como sempre, sem dar aviso prévio de sua chegada, não bateu e muito menos ligou para avisar que estava subindo.

Surrender. (Pauriany) Onde histórias criam vida. Descubra agora