Cap. 13

755 67 54
                                    

Oi mozões, finalmente voltei. Não postei ontem porque foi meu aniversário e eu tirei o dia pra ficar de boa (não consegui mas o que vale é a intenção). Mas cá estou eu com este cap grandinho. Espero que gostem e boa leitura.

Narrador.

Hariany acorda num sobressalto, olhando ao redor e se dando conta de que está em sua sala. Olha para a grande janela de vidro da cozinha, onde se pode ver boa parte da movimentação da cidade, e se assusta ao ver os raios solares, já tão intensos, tocando o balcão de mármore que serve também de divisória para a sala e a cozinha.
Ergue o braço e verifica a hora em seu relógio de pulso, já são 9:48 AM.

-Merda. -Sussurra ao notar que dormiu sem nem perceber, e que se Paula precisou de algum auxílio ou qualquer outra coisa durante esse tempo, Hariany ignorou tudo, mesmo que, literalmente, de forma inconsciente.

Ela anda apressadamente até o quarto e abre a porta, dando de cara com uma Paula inquieta sobre a cama, os olhos levemente inchados e vermelhos por conta do choro intenso da noite passada. Ela parece realmente precisar de algo, suas mãos inquietas tateando a marca ainda roxa em seu pescoço, como se aquilo queimasse sua pele, lembra à Hariany o estado de abstinência que tantas vezes presenciou em algumas apreensões.

-O que você tem? -Hari pergunta se aproximando da cama, e só então Paula nota sua presença ali.

-E-eu preciso de água. Minha g...arganta está doendo muito. -Paula responde, a voz arrastada e baixa, tão rouca e mecânica como da primeira vez que se falaram.

-E por que não me chamou antes?! -Hariany questiona, aumentando o tom de voz de forma exasperada.

A investigadora caminha para fora do quarto, ouvindo um "não queria te incomodar" como resposta. Hari vai até a cozinha e coloca água natural em um copo, sabendo que se for muito gelada, poderá agravar a situação, e refaz seu caminho até Paula, a ajudando.

-Não é essa a questão! Se você está precisando de...qualquer merda, VEI, você me chama! -Hariany exige seriamente, encarando Paula nos olhos.- Você me ouviu?! - A Sperling concorda timidamente com a cabeça enquanto bebe a água de forma vagarosa. -Que droga, tem noção de que qualquer coisinha que estiver errado e não for devidamente cuidado pode piorar a sua situação?!

-Eu sei disso. É só que depois de ontem, eu pensei que...

-Eu sei. Eu fui uma completa idiota por ter te deixado sozinha aqui. Mas você precisa entender que a sua saúde está em primeiro lugar, é tudo o que importa agora. -Hariany fala, baixando a guarda ao se lembrar da burrada que fez. Tem certeza de que Paula já é insegura o suficiente, e deixá-la para trás sozinha no quarto, chorando tanto que seu corpo tremia e a respiração engatava em meio aos soluços não deve ter melhorado em nada. -Desculpa por ontem, eu devia ter ficado com você e...

-Tá tudo bem. Você não é obrigada a consolar ninguém, investigadora. Tenho total noção de que só estou aqui porque você está acatando ordens de seus superiores. Não vou exigir que faça mais do que lhe foi mandado. -Paula a interrompe duramente, fazendo Hariany ter a sensação de que seu estômago despencou de alguns metros.

O que a Sperling falou não deixa de ser verdade, mas se Hariany pudesse refletir em um ambiente tangível a sensação de ouvir aquilo em voz alta, nesse tom e vindo de Paula, seria como jogar álcool sobre um corte fundo e aberto. Ou talvez, de uma forma mórbida, teria um cheiro almiscarado e opressivo, como flores mortas em um vaso.
Hariany leva um tempo para ingerir as palavras, tão cortantes quanto lâminas, então respira fundo e pesadamente.

-Está com fome? -Hariany pergunta, mudando drasticamente de assunto.

Paula a olha, analisando seu rosto como se tentasse decifrar algum enigma. Ou talvez apenas tentando saber o que se passa pela cabeça da investigadora. Depois de alguns segundos de silêncio mútuo, Paula assente.

Surrender. (Pauriany) Onde histórias criam vida. Descubra agora