Cap. 2

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Ih, vou postar o segundo hoje porque já tinha escrito mesmo, então né..

Narrador

Bárbara só teve tempo de mandar um beijinho no ar antes que a amiga já tivesse sumido de sua vista.

Hariany já estava em meio aos carros na pista, parada no sinal vermelho. Podia sentir os olhares de todos os lados queimando seu corpo, sabe que chama atenção, mesmo quando não quer. A moto, o fardamento da polícia, e, claro, a beleza inegável que possuía, tudo isso formava um combo convidativo aos olhos de quem passava por ela.
Acelerou quando o sinal ficou verde e seguiu pelo caminho de sempre, parando num mercado uma rua antes de onde mora. Tentou lembrar o que falta na geladeira, mas só conseguiu pensar em algumas frutas, leite, legumes, verduras, ovos e pão, então foi só o que comprou, depois faria uma lista elaborada para a compra do mês.

Deu boa noite para o porteiro quando chegou ao prédio e estacionou a moto em sua vaga. Subiu carregando as sacolas pelo elevador e logo chegou em seu andar, sentiu o alívio de sempre quando abriu a porta e se encontrou finalmente na solidão silenciosa de seu apartamento. Se pegou pensando se não seria melhor estar se arrumando para sair com Bárbara e as outras meninas, mas bastou alguns segundos para perceber que não queria estar em nenhum outro lugar, a não ser ali, na própria casa.

Hariany sempre fora muito focada e dedicada em tudo que faz, mas não tem certeza se isso é 100% favorável, afinal quase não tem vida social. As palavras de Bárbara ecoavam em sua cabeça. Hari tem plena consciência de que é uma dessas pessoas obcecadas pelo trabalho, que não pensa e não faz mais nada na vida além de se entregar totalmente à profissão. E talvez ela queira mudar isso, mas não vai parar até que tudo esteja nos conformes. Afinal, ainda tem que terminar de pagar sua moto, essa é basicamente sua única preocupação financeira, pois o apartamento no qual mora finalmente já tinha sido quitado há pouco mais de um ano. O lugar não era dos mais luxuosos, mas com certeza valeu cada centavo; era espaçoso o suficiente para ela, tinha uma ótima localização e já veio basicamente mobiliado. Só precisava de uma decoração e talvez uma pintura nova para aquelas paredes sem graça. Mas isso ficaria para depois.

Ela definitivamente não se sente com tempo de sair, conhecer pessoas novas e todas essas coisas, no momento precisa focar na carreira, ficar estável financeiramente e aí sim, pensar em todas essas outras coisas.

Hariany balançou a cabeça afim de espantar os pensamentos. Largou a mochila sobre o sofá e passou direto até a pequena e organizada cozinha, colocando as compras sobre o balcão. Antes de fazer qualquer outra coisa, ligou a TV da sala e rumou para o banheiro, tirando o unifirme pelo caminho e deixando uma trilha de roupa atrás de si, já entrando completamente nua no box. Prendeu o cabelo num coque alto e ligou o chuveiro, deixando a água quente cair sobre os ombros, sentindo os músculos relaxarem por completo.

Depois do longo banho, vestiu apenas peças íntimas, como de costume e foi para a cozinha preparar o que seria seu jantar nessa noite. Estava cortando as frutas quando ouviu o celular tocando e atendeu de imediato.

-Late. -Hariany brinca, sabendo quem é do outro lado da linha.

-Só assim pra você entender o que eu falo mesmo, idiota. -Bárbara responde. -Tem certeza que não quer ir? Ainda dá tempo, tô terminando de me arrumar.

-Poxa, até iria, mas estou no meio do preparativo da minha janta. -Hari responde, fingindo tristeza. Ela apóia o celular entre o ombro e o ouvido, voltando a cortar as frutas. -Que triste, que pena.

-Cara, eu vou desistir de você. -Bárbara avisa, bufando irritada. -Qual a janta?

-Salada de fruta com torradas e café. -A loira responde enquanto despeja as frutas cortadas em cubos numa tijela.

-Isso lá é combinação que se faça? Você é muito estranha. -Bárbara rebate, prosseguindo. -Não esqueça de deixar a porta aberta.

-Você tem que parar com essa mania de vir pra minha casa toda vez depois que bebe, vei. Você sempre vomita tudo, mó nojenta. -Hariany fala, fingindo seriedade, pois tinha total noção de que a amiga jamais pararia com isso.

-Ai garota, eu faço isso há mais de dois anos, não me venha reclamar agora. Se você não sai para beber comigo, tem que servir pelo menos pra cuidar de mim. -Bárbara fala, já trancando a porta da própria casa e entrando no uber. -Chego ai lá pelas 4:00.

-Tá bom, bebum. Por favor tenha cuidado, te amo. -Hari se despede, enquanto cobre as frutas com leite condensado.

-Tá bom, mamãe. -Responde, ironicamente. - Também te amo, piranha. -Bárbara encerra a ligação.

Hari termina de preparar a janta e logo depois senta num dos bancos altos do balcão, fazendo sua refeição tranquilamente.

Quando terminou, realmente cogitou a ideia de fazer uma faxina no apartamento, mas sabe o estado que o mesmo ficará depois que Bárbara chegar. Então resolveu ir dormir cedo mesmo, verificou se a porta estava destrancada, claro, e só se deu o trabalho de se jogar na enorme cama e dormir segundos depois, deixando o cansaço de uma semana inteira de trabalho cair sobre si.

Surrender. (Pauriany) Onde histórias criam vida. Descubra agora