Cap. 16

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Demorei mas chegueeei nesse cabaré. Ai minhas crias perdoa a demora, é que eu passei o dia surtando por causa da faculdade, me acabando de chorar, dai ia sair agora de noite, me arrumei tooooda pra no fim não ter como ir. Só estresse hoje. Enfim né, o importante é que aqui está mais um cap. Boa leitura.

Narrador.

Uma hora depois a consulta chega ao fim e Isabella ajuda Paula a voltar para a recepção. A Sperling tem um pequeno sorriso no rosto, suas expectativas foram bem mais ultrapassadas do que ela esperava sobre essa consulta, mas os olhos, bochechas e nariz estão vermelhos por conta do choro que não conseguiu segurar durante a sessão.

Assim que chegam a sala de espera, a encontram vazia. Exceto por algumas funcionárias que ainda estão ali. Paula varre o espaço com os olhos a procura de Hariany, mas não a encontra. O desespero começa a surgir dentro de si, a sensação de "ser abandonada" formando uma angústia causticante em seu peito. Isabella não percebe nada pois se afastara para conversar brevemente com uma das mulheres atrás do balcão.

A respiração de Paula já começa a se alterar dando sinal ao choro que viria, quando ela vê uma porta ao lado do pequeno bebedouro se abrir e Hariany sair de lá, secando as mãos na roupa distraidamente. Paula suspira aliviada e rapidamente seca a única lágrima que não conseguiu segurar, afinal, não quer que a investigadora perceba que ela estava prestes a se debulhar em lágrimas com sua ausência.

-Oh, oi. Tudo bem? Como foi lá? Eu sei que prometi ficar sentada te esperando mas eu estava mega apertada. -Hariany fala, rindo, quando vê a Sperling a encarando. -Você chorou lá?

-Sim, mas eu estou bem. Cadê o Di? -Paula pergunta ao finalmente se dar conta de que o homem também não está ali.

-Tá lá fora em uma ligação. -Hari responde, apontando com o polegar sobre seus ombros para a porta atrás de si. Ela sorri para Isabella quando a vê se aproximando.

-Você é a famosa Hariany? -A loira alta pergunta simpaticamente e a investigadora apenas assente. -Posso falar com você a sós?

Hariany olha com o cenho franzido para Paula, que sorri timidamente, a deixando ainda mais confusa. Ela assente e acompanha Isabella para um canto mais afastado.

-Algum problema? -Hari pergunta, preocupada.

-Não, na verdade acho que bem longe disso. Paula praticamente só falou sobre você na sessão. -Isabella explica e vê a outra abrir um sorriso involuntário ao receber a informação um tanto inesperada. A psiquiatra solta uma risadinha para a reação da outra e continua. -Bom, eu não posso falar muita coisa sobre a sessão...tipo, literalmente não posso. Mas eu queria só esclarecer e lhe adiantar algumas coisas, porque talvez você não tenha noção da dimensão do impacto que você está causando na vida de Paula. Eu notei isso só nessa horinha de conversas e desabafos que tivemos.

Hariany volta a franzir levemente o cenho, prestando total atenção à fala da psiquiatra, que de repente adotou uma expressão mais séria.

-Você com certeza sabe as coisas pelas quais ela passou, ou pelo menos sabe alguma coisa. Paula está psicologicamente danificada e isso é realmente algo difícil de se trabalhar, mas é notório que ela está tentando e um exemplo disso é ela ter vindo hoje. Ela me contou sobre a relutância em vir e sobre só estar porque você a está acompanhando. -Isabelle falou, profissionalmente. -O delegado Frankael me deixou ciente do provável tempo que Paula vai morar com você e que ela está inteiramente sob seus cuidados, então me achei no dever de lhe avisar que pode ocorrer de em certos momentos ela ficar agressiva ou muito estressado. Isso se dá ao fato do meio e relacionamento conturbado em que ela viveu nos últimos anos com o ex namorado. É como quando uma criança cresce num âmbito violento, a partir de certo momento ela tende a seguir o mesmo caminho e se tornar uma pessoa violenta.

Surrender. (Pauriany) Onde histórias criam vida. Descubra agora