Capítulo 3

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Quando cheguei a escola eu estava animada, Mary parecia boa pessoa e Erick um pé no saco, mas eu pelo menos eu havia realizado o sonho de qualquer leitora (além de conhecer o autor pessoalmente) que era conhecer os personagens principais de uma história.

Desapontada? Um pouco...

Animada? Sempre!

Eu dei meu primeiro passo para a escola onde se passava a história e a primeira reação dela foi me barrar para verificação de malas... Mas mesmo isso era excitante, porque lobisomens e metamorfos disfarçados de cachorros vasculhavam cheirando as malas e era a primeira vez que eu via algo assim.

Fora talvez os programas policiais sobre drogas e antidoping... Mas eu não queria comprar nada...

Os porteiros eram adultos, os lobisomens era homens e mulheres de cabelos compridos e sorrisos rasgados mostrando os dentes e olhos amarelos brilhantes, sobrenaturais. Eu não sabia se eles realmente se transformavam em lobos a seu bel prazer, mas só aqueles olhos brilhantes e a confiança que exalavam já eram o suficiente para animar qualquer fã de filmes de terror ou sobrenatural.

Parecia que eu estava em um parque temático famoso.

Não podia negar que os metamorfos eram estranhos, principalmente porque podiam passar facilmente por cães normais, mas eu podia jurar que o que passou perto de mim deu uma olhada embaixo da minha saia e que levantou uma sobrancelha para mim (se é que se pode dizer que cães tem sobrancelhas).

— Senhorita Jade! — eu ouvi alguém me chamando quando passei pela revista e queria não ter olhado para trás. Mary veio correndo em minha direção, eu tinha decidido voltar a meu plano de ignora-la para não ficar amiga e acabar morrendo para salvar a sua vida, mas mesmo assim quando ela veio até mim correndo com um sorriso e o vestido bege balançando ao vento eu não pude resistir a parar e sorrir de volta. Aquela menina era perigosa, provavelmente uma manipuladora de mentes ou sentimentos — eu gostaria apenas de te agradecer... — ela disse arfando.

— Não tem necessidade — eu disse — só fiz o que qualquer pessoa deveria fazer.

— É bom ver que há monstros gentis, mesmo com a sua fama — ela disse sorrindo, mas eu não podia deixar de sentir como se ela tivesse me dado uma facada. Serio que ela podia dizer coisas sem noção com um sorriso no rosto? Não achei que alguém poderia mesmo ser tão sem noção...

— Mary? — eu chamei sem graça, alguns alunos já olhavam hostilmente para a garota humana, mas ela apenas me olhou e sorriu sem saber o que fez — por favor... Não nos chame de monstros, é ofensivo... Eu nunca fiz nada para machucar ninguém então não sei nem mesmo de que fama você está falando. Então... Se falar assim de novo as pessoas podem te interpretar mal...

— Ah! — ela disse envergonhada — me desculpe... Eu não tive a intenção.

— Eu sei, mas tome cuidado no futuro — eu disse e baguncei o cabelo dela como se fizesse com Henry e imediatamente me arrependi, principalmente quando vi que o mala do irmão enfezado começava a se aproximar de nós — eu preciso ir — eu disse e me virei, quase correndo na multidão para que eles me perdessem de vista e eu não tivesse que aguentar o mal humor de Erick Warlock mais uma vez.

Ok... Eu não resisti a olhar para trás e ver Erick com Mary, a tensão que ele tinha nas sobrancelhas aliviava significativamente e mesmo assim eu quase me abaixei de medo quando ele se virou em minha direção, mas isso era um mero detalhe.

Na história original quando Mary era pega com o canivete ela era levada imediatamente com os outros delinquentes para assinar uma suspensão e serem guiados imediatamente aos dormitórios e quando ela finalmente ia as aulas seu irmão ia procura-la, mas Mary já dava de cara com alguns rumores e para não afetar a reputação do irmão ela se afastava dele, e como isso não aconteceu pelo menos agora ela teria um aliado.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora