Capítulo 11

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Quando eu acordei estava sozinha, a pessoa, quem quer que fosse, tinha me abandonado dormida no deposito. Eu teria achado um descaramento a pessoa nem mesmo me acordar para agradecer, mas ainda haviam manchas de sangue no tatame o que me mostrava que tudo aquilo não tinha sido em sonho.

Podia pelo menos ter deixado um bilhete.

Será que lobisomens se transformavam e ficavam pelados? Se a resposta fosse sim eu concordava com a pessoa ter ido embora antes de acordar, porque de qualquer forma acho que seria uma situação constrangedora para os dois.

Eu gostava daquele corpo, não importava como eu dormia estava bem cinco minutos depois, ou seja, mesmo que eu estivesse torta e com dor na lombar ela desapareceu antes que eu chegasse no meu quarto! Precisava de um banho, ainda estava suja de sangue e pelo preto e a parte da minha roupa que tinha ficado molhada estava abarrotada.

Me alonguei, tomei uma boa xicara de café e já estava renovada.

Precisava falar com Mary e notei que tinha uma mensagem de Erick, mesmo com o lobisomem ingrato aquelas boas notícias já eram o suficiente para mim.

Um problema resolvido, só precisava agora falar com Eliot. Rezava que o lobinho pelo menos fosse um bom samaritano e passasse minha mensagem ao Sr. Wolf.

Fui quase saltitando até a sala, se Eliot queria ficar de cara virada comigo, eu podia conviver com isso, principalmente agora que a trama entrava nos eixos novamente.

— Mary! — a cumprimentei quando entrei na sala — bom dia!

— Alguém parece de bom humor — Mary sorriu — bom dia.

— Mal chegaram e já começam com essa empolgação — disse Tereza com sarcasmo — porque não podem falar mais baixo? Há outras pessoas na sala!

— Ah! Pelo amor de deus! É isso que você tem para reclamar? — eu disse a Tereza, nos últimos dias ela tinha me enchido com seus comentários infames e sarcasmo que não faziam nada além de irritar — sério: qual é o seu problema? Precisa me ofender tanto assim para se sentir melhor do que os outros?

— Do que você está falando? — ela me olhou feio e se levantou.

— Eu estou tentando dizer que esse seu sarcasmo infantil está começando a irritar — eu repeti meus pensamentos.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo? — Tereza cruzou os braços.

— Eu? Sou Jane Bloodrake se você tem problemas de memória — eu disse e bufei — sério Tereza... Se você quer ser melhor que alguém, prove isso. Seja por notas, pelos esportes, pelo futuro brilhante. Prove. Porque esse vai ser o único jeito de alguém reconhecer que você seja melhor — eu realmente queria fazer aquela menina entender que ela era infantil e que era melhor que isso (era o meu instinto de professora falando) — escute, você é inteligente, bonita e tem um futuro promissor pela frente... Todos aqui tem medo de você porque você vem de uma família rica e famosa, mas sabe de uma coisa? Nada disso importa, as ameaças que você faz é por respeito a seu pai, não a você e ninguém nunca vai te respeitar por mérito dos outros! Você precisa trabalhar duro para isso... — Tereza abriu a boca — você pode me xingar do que você quiser, mas isso não muda o fato que ninguém vai gostar de você pelas costas! Não importa se você for uma rainha! Pelas suas costas todos vão te odiar e pela frente só vão ter medo! Sério mesmo... Você tem tudo o que precisa para ser alguém na vida... Só precisar ser mais legal.

— O que está acontecendo aqui? — o professor chegou e perguntou, jogando os papéis que trazia na mesa com um estrondo.

— Nada professor — eu respondi — apenas aconselhando sobre o futuro.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora