Capítulo 28

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Por algum motivo, eles fizeram a reuniãozinha. Sem mim.

Isso aí.

Sem mim.

A pessoa mais interessada.

Eu fui tomar banho enquanto todos chegavam no pequeno chalé meu e de Mary e quando fui para a sala, aparentemente eles já haviam terminado de falar e ficaram me olhando estranho a ponto de eu acha que tinha esquecido de pôr minhas roupas ou talvez tivesse colocado uma fantasia idiota no lugar.

Mary parecia culpada por não me contar nada e mesmo que eu tentasse chantageá-la ela ficava quieta. Bernardo com seu sorriso tranquilizador de quem apenas mudava de assunto. Eliot empolgado por alguma razão e com um sorriso arrogante e Erick com a sua carranca habitual de quando pessoas desconhecidas estavam por perto, ele estava de óculos e parecia mais sério do que o habitual.

— Então... — eu perguntei, aquele dia estava passando rápido demais e já estava até mesmo escuro do lado de fora — ... alguém pode me dizer o que aconteceu? ... — o que eu queria dizer era porque vocês estão decidindo as coisas sem mim? Ao foi isso que eu ensinei para vocês! Eu quero saber também! Não me deixem de fora! Eu não preciso ser protegida!

— Nada que você deva se preocupar — disse Bernardo e eu trinquei os dentes, porque todos agiam como se eu fosse uma flor delicada que não podia nem mesmo pensar sozinha? Era irritante... Eu só queria mostrar para eles que podia viver sozinha — e agora eu soube que você vai na festa de boas-vindas! — ele sorriu para mim — eu vou te ajudar a escolher a roupas! — ele disse quase animadamente, tinha deixado as orelhas brancas e a cauda de gato persa para fora das roupas.

E eu fui distraída com sucesso quando me puxaram para dentro do quarto.

Eu sei que deveria ser mais centrada, mas era algo complicado, principalmente porque era cada vez mais frequente quando eu me pegava olhando par o nada com um conflito de emoções dentro de mim.

Mas mesmo assim eu descobri algumas coisas meio obvias... Aparentemente o plano era não me deixar sozinha, mesmo que eu soubesse me virar suficientemente bem.

Aquele golpe no lago tinha sido uma surpresa, mas se eu sabia que as pessoas iriam jogar baixo, eu estaria preparada para isso.

Qual o problema? Afinal eu sabia lutar. E agora também tinha superpoderes.

Me sentia meio invencível.

Talvez eu devesse tentar conquistar um país ou algo assim para me levarem a sério... Era uma pena que eu era a mocinha e não a vilã.

Era divertido poder escolher roupas com os amigos... Uma coisa que eu só tinha visto em filmes ou visto Rose escolher as próprias roupas... Afinal antes eu só vestia as mesmas coisas...

Bernardo e Mary escolheram minhas roupas e pentearam meu cabelo e no final... Eu me senti bonita.

Eu sabia que Jade era bonita, mas eu sempre me senti uma intrusa ali, mas agora eu já estava a pelo menos alguns meses naquele corpo eu sentia que parte ali devia ser meu... E foi quando eu desejei ser ela. Jade Bloodrake tinha tudo para o sucesso: dinheiro, estilo, aparência, poderes... Era uma pena que tivesse sido um passarinho na gaiola durante toda a sua vida, não apenas com medo do mundo exterior, mas com medo de si mesma.

Mas... Se eu não era ela, o que eu era? E o que eu fazia ali? Isso tornava minha amizade com Bernardo falsa? Me tornava menos digna de estar ali?

Suspirei. Não podia ter uma crise existencial naquele momento.

Guardaria para mais tarde.

Alguém bateu na porta do nosso chalé e Mary parecia muito mais empolgada que eu. Não sabia o que seu irmão tinha lhe contado, mas não acreditava que pudesse ser tão bom para valer todo aquele esforço que ela fazia com a propaganda dele, mas o principal era que eu sempre sentia uma pontada aguda quando ela tentava falar de Erick... E seu eu não conseguisse corresponder a seus sentimentos? Um dia ele superaria isso, ou íamos nos separar? Eu não queria machuca-lo... Mas meu medo era porque eu sabia que o faria, querendo ou não.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora