Capítulo 27

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Eu me escondi nas costas de Eliot para não ser acertada pelos galhos, afinal nós sempre corríamos numa floresta porque era clássico. Agora qual o motivo de nunca apararem os galhos baixos e finos eu já não sabia.

Eu não fazia ideia de para onde ele estava me levando ou a que velocidade, mesmo assim eu sentia o vento acoitando meus braços que secavam pelo vento cortante e sentia as costas dele quentes contra a minha barriga.

Quando o vento diminuiu eu finalmente pude ver para onde tínhamos ido.

— No ano passado os veteranos insistiram para que toda a alcateia viesse nessa viagem... E por acaso eu fugi quando eles estavam se "exercitando" e eu descobri esse lugar — ele disse e eu finalmente levantei minha cabeça.

Tinha uma grande pedra ali, redonda e com uma grande rachadura onde crescia um salgueiro chorão cujas folhas iam até o chão, como se a arvore fizesse uma cortina entre aquela pedra e o resto da floresta. Eliot andou até ali, as folhas da arvore eram pequenas verde claro e desciam como um dossel e, quando o sol batia, nelas elas brilhavam com gotas mínimas de água.

Eu passei meus dedos esperando que fossem parecidos com tecido, mas os cipós eram firmes.

Ele foi até uma parte perto do tronco, onde as folhas não cresciam e me soltou.

Fascinada eu fui até as folhas e peguei um cordão delas entre as mãos. Eram realmente de verdades.

Ali era tão tranquilo... A pedra era morna e as folhas conseguiam dar um ar magico a tudo, pássaros eram ouvidos apenas de longe e o único balanço ali era o do vento.

Surpreendentemente nunca pensei que Eliot gostasse desse tipo de lugar... Achei que Erick sim, mas Eliot iria preferir coisas mais... Sei lá, rebeldes? Bares velhos e sujos com pessoas mal encaradas? Lugares com bebidas e mulheres superficiais?

Olhei para ele e descobri que ele me olhava.

— O que? — perguntei sem graça, ele estava sentado no tronco, apenas de calção e se posso dizer ele não perdia nada para os instrutores da academia ou bombadinhos que eu conhecia...

— Melhor? — ele me perguntou genuinamente.

Me sentei ao lado dele.

— Sim... Obrigada... — eu abracei minhas pernas, mesmo sem frio eu me sentia um pouco desconfortável — eu... Eu não sabia como sairia dali... Eu...

— Você sabe que não precisa me dizer nada, certo? — ele disse olhando para frete novamente.

— E eu diria o que? Alguém me puxou para baixo, arrancou meu biquíni e eu achei que fosse me afogar? — eu disse com sarcasmo — desculpe, eu não queria... Nunca imaginei que as pessoas chegariam a esse nível... Quero dizer... Eu não sei quem fez isso e nem o motivo...

— Eu sabia que vampiros não podiam nadar, mas nunca imaginei que dampiros também não — ele disse mudando de assunto e eu fiquei agradecia, ainda estava abalada e falava coisas que não queria.

— Eu afundo — eu disse e ele ergueu uma sobrancelha para mim — tipo... Eu literalmente afundo. Que nem uma pedra.

— Eu acho que você deveria comer menos daqueles doces então... — ele me disse e eu ri e dei um soquinho em seu braço — ou então você levou o "não saber nadar" aa outro nível.

— Nunca envolva meus doces — alertei a ele de brincadeira e suspirei.

Por mais incrível que fosse aquele era um lugar tranquilo e eu já me sentia um pouco melhor.

— Obrigada — eu repeti — achei que você estivesse bravo comigo... Afinal não respondeu minhas mensagens...

— Eu não perderia a chance de me mostrar salvando você, não é — ele devolveu com sarcasmo — e seu querido amigo Bernardo deu um pequeno aviso para mim e para Erick. Caso ele visse a gente com você, fazendo alguma gracinha, ele ia arrancar nossos olhos.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora