Cada vez que eu abria os olhos eu tinha a esperança de acordar em um quarto de hospital ou então em casa com Rose, Henry ou meus pais a minha volta, mas aparentemente não seria tão fácil assim para mim... As coisas nunca eram...
Acordei mais uma vez como Jade e suspirei, se não soubesse que aquilo era temporário eu estaria em pânico.
Pelo menos os dias não eram tão ruins. Teve um jantar bem elaborado para as boas vindas e eu pude comer o que eu quis sem me preocupar com a minha dieta proteica ou algo assim e aparentemente algumas pessoas vieram falar comigo e eu pude conhecer alguns que talvez chamasse de amigos no futuro.
No livro Jade era uma presença apagada, sombria e melancólica e apesar das roupas góticas eu não achava que eu realmente fosse assim (apesar de gostar de me vestir assim).
Mary pode assistir ao banquete que tinha sido uma mudança da história original, ela ficou ao lado do irmão postiço e com vários magos envolta o que queria dizer que ela não estava sozinha por um tempo...
Não nego que tive me esconder em alguns momentos porque achei que ela estava me procurando e sinceramente eu não queria que a história fosse a mesma e Jade, vulgo eu, se sacrificasse para que ela fugisse, mesmo ela sendo uma pessoa gentil e agradável.
Mas agora começava minha próxima missão: a anti bullying.
Mary sofreria bullying da sua colega de quarto e amigas maldosas, mas eu sabia cada movimento, então se conseguisse evitar que elas conseguissem aprontar e fazer Mary se juntar com outros amigos mais saudáveis seria uma vitória e eu conseguiria manter aquele quarto grande só para mim.
No primeiro dia Mary iria para a sala com Tereza e seu séquito composto com duas metamorfas, Tereza roubaria sua carteira e pediria que fosse comprar alguma coisa para elas e Mary só perceberia que, tanto as meninas não haviam lhe dado dinheiro, quanto ela estava sem carteira depois que já estivesse à frente da máquina e quando voltasse para a sala as meninas fariam uma cena dizendo que ela era egoísta e fingiriam estar magoadas.
Obviamente a cena vai ser ridícula e extremamente fingida... Sinceramente eu não sei como alguém cairia numa dessas na vida real, mas como em teoria a protagonista é inocente ela vai se machucar.
Ou seja, Mary não era inocente, era apenas trouxa.
Me espreguicei e escolhi uma calça de couro cheia de correntes, talvez a autora tivesse algum tipo de fetiche por roupas góticas e queria faze-las aparecer, porque eu realmente não tinha ideia do porquê tantos acessórios ou roupas escuras, mas comparadas as minhas roupas que eram quase todas de ginastica ou de linhas fitness ou masculinas, era uma mudança bem-vinda. Ou pelo menos seria enquanto eu não me entediasse.
Eu quis bater a cabeça na parede quando cheguei a sala de aula que era a quase 10 minutos de caminhada desde o dormitório. Aquele lugar era malditamente grande!
Quando cheguei em minha sala eu percebi o quanto tinha sido ingênua em desperdiçar todo aquele tempo e esforço fugindo de Mary...
Tudo porque eu esqueci um detalhe importante: Jade estava na mesma sala que Mary, então não adiantou nada que eu me escondesse e a evitasse todo aquele tempo.
— Finalmente eu consegui te achar! — ela disse vindo até a carteira no fundo que eu escolhi e eu sorri sem graça — bom dia! Parecia que você estava fugindo de mim ontem.
— Eu... Estava ocupada... — eu respondi e quis fechar os olhos quando ela sorriu, era brilhante demais para mim, quase parecia que tinha uma lâmpada interior.
Eu não sabia que beleza poderia queimar as retinas de uma pessoa.
— Sem problemas... Eu gostaria de te agradecer novamente e... — Mary começou a falar e Tereza entrou na sala.
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Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - Concluído
Roman d'amourEu sempre amei romances. Não porque eu era uma adolescente apaixonada, mas porque eu nunca cheguei perto de viver um e não achava que o viveria tão cedo. Aos 25 anos eu já era formada em educação física e dava aulas na academia da minha família. Tín...