Posfacio

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Três anos.

Três malditos anos.

Foi comprovado que eu era um oraculo em menos de um dia, mas foram três longos anos até que os sacerdotes finalmente me deixassem ir embora!

Primeiro, eles me pediram para contar a minha história.

Depois, pediram para eu escrevesse a vida de minha "personalidade criada".

Depois, pediram que eu escrevesse "a história que eu previ que deveria ter acontecido"

Depois, ACHARAM DEFEITOS NA HISTÓRIA E DISSERAM QUE NÃO ERA DETALHADA O SUFICIENTE!

Não me deixaram ver ninguém, nem meus amigos, nem minha família e nem ninguém que não fosse um sacerdote.

Não que eu soubesse exatamente o que eram eles, em teoria os sacerdotes cuidavam de todos os escritos de oráculos e profetas e cuidavam dos que possivelmente existiam.

Mas na verdade eram uns desocupados que só queriam ocupar o tempo alheio.

Primeiro eu tive minha "transição de aceitação", que não passava de horas infernais de meditação que não serviam para nada! Mesmo após eu já ter aceitado que eu era um oráculo eles continuavam me enchendo!

Depois disso vieram as seções de terapia... Literalmente era um psicólogo falando comigo... Mas confesso que ele me ajudou... Mesmo que aquelas pessoas fossem criadas pela minha mente, elas eram reais para mim... Eu realmente amava meu irmãozinho Henry e minha amiga Rose... E fiquei de luto quando soube que nunca mais os veria novamente...

Eles me mantinham isolada... Criaram uma rotina para mim como bem entendiam que incluía comer, meditar, trabalhar em algum momento com limpeza ou algo assim e depois concretizar as tarefas que eles me passavam.

Eu não conseguia escapar, eu não podia ver ninguém e nem sair e eu também não podia passar a noite em claro para adiantar meu trabalho para ir embora mais cedo.

Simplesmente eu tinha que aceitar o que eles passavam.

Eu fiz como disseram, com o passar do tempo ficou cada vez mais claro que não queriam que eu fosse embora já que conforme eu ia terminando meus escritos eles diminuíam o tempo que eu tinha para faze-los e aumentavam as horas com coisas banais.

Descobri que todo o meu conhecimento de lutas e academias eram apenas senso comum e que eu tive sorte todo aquele tempo. O que eu podia dizer? Sorte de principiante. Talvez eu tivesse visto alguns filmes de artes marciais e usado eles.

Mesmo assim eu ouvia algumas notícias de fora e ouvia o que diziam sobre mim... "A garota que evitou uma guerra", mas a realidade é que eu tinha feito tudo na cagada e não esperava salvar ninguém no processo... Eu só não queria morrer.

Eu conheci outros profetas também. Alguns tentaram ler minha fortuna em cartas e outros achavam que estava nas palmas de minhas mãos, mas no fim (como alguém que já tinha previsto o futuro) eu sinceramente não sabia o que pensar deles... Talvez algumas coisas que dissessem estivessem certas, mas sempre se tinha uma chance de acertar quando se o mais de 90% da população fazia diariamente.

Quando eu finalmente pude pensar em sair dali minha dúvida era: como diabos eu ia para casa?

Tipo... Eu havia aceitado que eu era um oraculo... Que minha família era Ivan Bloodrake... Que a minha personalidade era uma mistura de Jade e Alexis e que agora eu era uma pessoa racional e sem segredos... Mas eu não sabia onde ficava aquele maldito prédio dos sacerdotes, meu celular tinha morrido a três anos atrás (eles não me permitiam tecnologia também), eu não tinha falado com ninguém (em três anos eu tive uma ou duas visitas e em datas comemorativas) e nem sabia se ainda existiam taxis!

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora