Capítulo 24

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Eu não acreditei que eu realmente me divertiria naquele lugar, mas assim que deixamos as malas eu coloquei um par de calças porque já tínhamos atividades escolhidas por Mary e sua empolgação era contagiante. Eu não podia negar que me divertia todos os dias... Mesmo sabendo do problemas com Tereza e rumores que surgiam de vez em quando, os bons momentos, ainda contando os que eram levemente (ou muito) irritantes, eu estava me divertindo... E muito.

— Então... — não pude deixar de pensar como ela era fofa empolgada, porque ultimamente eu a via corar diante de um nome em particular — sabe se Mike veio?

O nome do príncipe foi o suficiente para faze-la disfarçar enquanto dobrava suas roupas da bolsa nervosamente.

— Eu... Eu não sei... Talvez tenha vindo... — ela gaguejou.

Não pude deixar de rir internamente, ela era adorável.

— E como vão as coisas entre vocês? — perguntei, como cupido eu estava orgulhosa de meu trabalho, apesar do príncipe ainda estar se escondendo.

— Vão bem eu acho — ela disse sorrindo para si mesma do jeito que uma pessoa apaixonada deveria fazer quando pensa em seu amado — ele está começando a se abrir para mim... Ele me disse que é do nosso ano e que gosta de ficar naquele bosque de sempre porque é tranquilo e sempre foge para lá — porque afinal de contas ir para as aulas não é importante, mas fugir das pessoas e de seus súditos para evitar ser reconhecido? Isso sim era muito importante — ah! Ele está na turma avançada, por isso geralmente não o vemos pelos corredores — isso explicava porque nós nunca o vimos pelos corredores e afinal alguém nobre como ele deveria causar um rebuliço.

Tereza agora estava meio deixada de lado, mas ela era filha de um barão de sangue e quando as aulas começaram ela era a pequena estrela de nossa sala, mas agora que todos viam sua má índole já não era mais tão brilhante.

Pelo jeito ele ainda não havia contado a ela sobre sua estirpe, mas pelo que eu me lembrava ele o faria apenas quando tivéssemos o baile de formatura e se mostrassem como um casal publicamente.

— Isso é bom — eu disse a ela e ela pareceu animada, como se estivesse aliviada por ouvir estas palavras — a parte mais importante é: você gosta dele?

Mary corou adoravelmente. Maldito fosse o poder do protagonismo!

— Sim... — ela disse com os olhos brilhando, do tipo que brilham apenas quando se realmente gosta de alguém e por um instante eu a invejei — vamos? — ela perguntou terminando de arrumar suas coisas.

Nosso chalé era uma coisinha pequena... Um quarto com um beliche, um banheiro e uma pequena cozinha com um sofá, três cômodos todos feitos com madeiras, até mesmo os armários, como se tivessem tentado deixar o lugar com uma cara mais rural e rustica.

Saímos e andamos à deriva, seguindo as demais pessoas que andavam para algum lugar.

— O que nós vamos fazer? — perguntei a Mary, eu tinha ido, mas aparentemente ela já tinha um planejamento completo das atividades — o que fazemos mesmo aqui?

— Nós temos festas, podemos nadar no lago e estamos livres para fazermos o que quisermos "sob supervisão" — Eliot apareceu atrás de nós — eles têm umas coisas toscas que chamam de atividades, mas a ideia é mesmo criar laços entre todas as idades e raças. E dá para fazer isso de umas formas bem legais...

— Olha quem apareceu! — eu disse com sarcasmo — e aí? Achou alguma foto do fraque?

— Gatinha... Se quiser me ver vestido assim vai ter que ser ao vivo — ele repetiu com sarcasmo e colocou um braço nos meus ombros, aproximando a boca de meu ouvido — mas se quer me ver bem de verdade eu sugiro sem a roupa — ele sussurrou e não nego que sua respiração contra a minha pele me deu arrepios.

Diário de Observação de uma Autoproclamada Personagem Secundário - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora